Estudos

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O reinado de Maya

Não há sentido prático em buscar a conceituação de Deus, ou da divindade em quaisquer de seus aspectos. No entanto, parece-me um bom conceito o de que o Universo se sustenta no seio do Pensamento do Criador.Um dos aspectos da divindade é espraiar de si o princípio inteligente. O princípio inteligente conjuga-se a outra emanação da divindade: o princípio vital. O princípio vital necessita, por seu turno, da matéria para que haja Vida.

Ao mesmo tempo, o princípio inteligente precisa da Vida para se desenvolver.

Desde a sinfonia de atração e repulsão nos minerais, a Vida desenvolve-se em progressão. Eis aí o ponto mais baixo (em termos de vibração) em que o fenômeno Vida engendra o Verbo no cumprimento da Vontade do Criador. Evos se superam e o princípio inteligente, migrando em ascensão no aprimoramento de si e por Si, atinge uma fase em que a Vida se manifesta no padrão mais complexo possível nos limites do mundo da matéria (refiro-me à matéria física, ponderável; não me refiro ao plano semimaterial, etéreo, etérico, astral etc).

A partir daí (em algum ponto) dá-se a humanização. O princípio inteligente, que progrediu desde sua emanação através da conjunção do princípio vital com a matéria, adquire a noção de si mesmo, a individualidade, a consciência contínua de ser "algo" distinto de todo o resto.

Esse é o ponto em que inicia-se o "reinado de Maya".

Veja-se que só tem sentido falar-se em "ilusão" como efeito de maya no ser individualizado. Não existe, objetivamente, uma ilusão. Existe, subjetivamente, a ilusão.O princípio inteligente consciente de si enquanto ser é o que chamamos "Espírito". Simples e ignorantes, os Espíritos não são acéfalos nem autômatos. Na verdade, têm desde o início uma complexa noção: a noção do "eu". Esse "eu" é o que as doutrinas orientais (e ocidentais enraizadas no oriente) chamam de "Ego".

Adquirir a noção do "eu" é comer do fruto do conhecimento. É ser seduzido pela Serpente. É o "pecado original". É saber-se nu e ter vergonha --- início do senso subjetivo/objetivo de valoração. Inicia-se a dualidade: bom/mau, bem/mal, certo/errado, feio/bonito etc etc etc...

Os Espíritos nascem simples e ignorantes. Sim, são Espíritos infantis. São Espíritos iniciando seu aprimoramento enquanto ser. Nada é mais infantil e decorrente da noção de si do que o "desejar" e, por extensão, o conceito de "meu". Assim, a ilusão de que devemos nos desvencilhar é o desapego integral de tudo o que podemos agora identificar como sendo meramente fruto do personalismo natural e saudável do ser infantil. É procurar as coisas do Reino de Deus. Vejam que o ensinamento, por ter sido dado a Espíritos ainda infantis, conquanto um pouquinho menos verdes, remete logo à promessa de recompensa: e tudo o mais virá por acréscimo.O Pai bem conhece nossas necessidades... Realmente, quem não sabe o que é bom para seu filho ainda pequenino? Quantas broncas não damos em nossos pupilos para acertar-lhes o comportamento, equilibrando o rigor do ensinamento com o carinho e os mimos que alegremente concedemos aqui e acolá?

A ilusão é o sonho de criança que existe em cada um de nós. Somos, quando muito, pré-adolescentes (eu diria, muito rebeldes) que se apegam sobremaneira nos desejos infantis, com medo de perder o prazer imenso e incompreensível que os desejos propiciam... Nós podemos compreender o que é a "ilusão" da mesma forma que o pré-adolescente, no recesso de seus mais íntimos pensamentos, sabe que não poderá manter todos os prazeres personalíssimos que a infância, deliciosamente, permite...

Isso se coaduna com o fato de existirem os mundos de regeneração, nos quais há bem menos ilusões, mas ainda não desapareceu o personalismo de quem foca sua mente mais no próprio umbigo do que no semelhante...

domingo, 26 de setembro de 2010

Umbral - Astral inferior - Visão Espírita

[...]Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres
dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo.
Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer.
[...]
(LE - págs. 118/119)


O Umbral é o meio em que, por sintonia, os Espíritos erram (situam-se) por tempo variável, consoante sua condição individual de apequenada compreensão da realidade da Vida Espiritual. O retorno ao mundo extrafísico, desde que o Espírito pouco ou quase nada compreenda de seu reingresso na Vida Real, leva à ambientação de seu existir nos exatos termos de seu mundo interior, de sua mente. Há, assim, no Umbral tantos "lugares" quanto variados sejam os padrões coletivos de Espíritos em sintonia. Pântanos, covas, cavernas, vales, cidades, mosteiros, etc etc etc. Cada um sintonizará com o seu "próprio" inferno ou purgatório...