Estudos

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

ELOHIM - Um conceito também na obra de André Luiz

Plasma divino
O fluído cósmico é o plasma divino, hausto do Criador ou força nervosa do Todo-Sábio.
Nesse elemento primordial, vibram e vivem constelações e sóis, mundos e seres, como peixes no oceano.
Co-criação em plano maior
Nessa substância original, ao influxo do próprio Senhor Supremo, operam as Inteligências Divinas a Ele agregadas, em processo de comunhão indestrutível, os grandes Devas da teologia hindu ou os Arcanjos da interpretação de variados templos religiosos, extraindo desse hálito espiritual os celeiros da energia com que constroem os sistemas da Imensidade, em serviço de Cocriação em plano maior, de conformidade com os desígnios do Todo-Misericordioso, que faz deles agentes orientadores da Criação Excelsa.
Essas Inteligências Gloriosas tomam o plasma divino e convertem-no em habitações cósmicas, de múltiplas expressões, radiantes ou obscuras, gaseificadas ou sólidas, obedecendo a leis predeterminadas, quais moradias que perduram por milênios e milênios, mas que se desgastam e se transformam, por fim, de vez que o Espírito Criado pode formar ou co-criar, mas só Deus é o Criador de Toda a Eternidade.
[Evolução em Dois Mundos - André Luiz]

Vê-se nitidamente neste trecho de André Luiz que o autor apresenta sua concepção do todo universal permeado pelo Pensamento do Criador. "Força nervosa" é uma locução muito significativa nesse sentido. O Pensamento do Criador a tudo sustenta --- causa primária de todas as coisas.

Mas o mais relevante no texto destacado é que André Luiz deixa assente tanto a existência como a atuação de entidades que recebem nomes específicos em outras correntes espiritualistas. "Inteligências Divinas a Ele agregadas", mencionado por ele como os Devas da tradição da Índia, os Arcanjos do Ocidente. Também importante é a descrição de sua atividade de co-criação em plano maior --- refere-se à ação dos Elohim, deuses que se ocupam da criação dos corpos e estruturas que compõem o Universo habitável, com suas âncoras gravitacionais etc. Veja-se que tais Inteligências Divinas agregam-se ao Criador em processo de comunhão indestrutível, nas palavras do Espírito em referência. Nas traduções mais antigas do livro "Gênesis" consta "Deuses" ao invés de "Deus", pelo que o texto originário era muito mais adequado ao conceito de Elohim (plural).


Devido à atuação desses Arquitetos Maiores, surgem nas galáxias as organizações estelares como vastos continentes do Universo em evolução e as nebulosas intragalácticas como imensos domínios do Universo, encerrando a evolução em estado potencial, todas gravitando ao redor de pontos atrativos, com admirável uniformidade coordenadora.
É aí, no seio dessas formações assombrosas, que se estruturam, inter-relacionados, a matéria, o espaço e o tempo, a se renovarem constantes, oferecendo campos gigantescos ao progresso do Espírito.
Cada galáxia quanto cada constelação guardam no cerne a força centrífuga própria, controlando a força gravítica, com determinado teor energético, apropriado a certos fins.
A Engenharia Celeste equilibra rotação e massa, harmonizando energia e movimento, e mantêm-se, desse modo, na vastidão sideral, magnificentes florestas de estrelas, cada qual transportando consigo os planetas constituídos e em formação, que se lhes vinculam magneticamente ao fulcro central, como os elétrons se conjugam ao núcleo atômico, em trajetos perfeitamente ordenados na órbita que se lhes assinala de início.
[Evolução em Dois Mundos - André Luiz]

sábado, 15 de janeiro de 2011

Homossexualismo - Uma visão espiritualista

A série de livros de André Luiz, muito lida no movimento espírita, tem no volume "Sexo e Destino" uma abordagem que merece reflexão. Trata de um fenômeno também referenciado em outras obras: a reversão. Basicamente, a reversão ocorre quando um Espírito encarna por longo tempo numa polaridade sexual e, por contingências cármicas, retorna à experiência terrena em corpo não correspondente a essa polaridade. É dos fundamentos do Espiritismo que o Espírito não tem sexo, podendo vincular-se a um corpo de homem ou de mulher, indistintamente. No entanto, tal ensinamento (como, ademais, todo ensinamento) não deve ser tomado à conta de valor absoluto, que pretenda, de uma só penada, abarcar miríades de circunstâncias fáticas e específicas da Vida de cada ser. Equivale a dizer que o Espírito, em essência, não tem sexo, o que não impede do ser adquirir extremo traquejo na vivência de um dos pólos por assumir-lhe a compleição e comportamento, longamente, em repetidas jornadas encarnatórias. O que vale para o pólo masculino, por óbvio, vale para o pólo feminino. Ainda por outro lado, consoante a Psicologia mais recente, há ainda os transexuais, entendidos como o homem com "alma feminina" ou a mulher com "alma masculina". Diferem do homossexual "clássico", bem como dos bissexuais, por não optarem por uma ou outra conduta sexual, experienciando-lhe o prazer conquanto também possam, querendo ou não, atuar na esfera intrínseca de sua fisiologia. Bem recentemente, noticiou-se que a Saúde Pública vai cobrir operações de mudança de sexo, desde que sob rigoroso acompanhamento psicológico e psiquiátrico, a fim de bem diagnosticar a transexualidade e a livre opção do indivíduo pela aguda cirurgia. Enfim, o tema é, por si só, riquíssimo e não comporta maior análise neste espaço.

Mas queremos destacar o que diz André Luiz sobre a homossexualidade:

Tendo Neves formulado consulta sobre os homossexuais, Félix
demonstrou que inúmeros Espíritos reencarnam em condições
inversivas, seja no domínio de lides expiatórias ou em obediência
a tarefas específicas, que exigem duras disciplinas por parte daqueles
que as solicitam ou que as aceitam. Referiu ainda que
homens e mulheres podem nascer homossexuais ou intersexos,
como são suscetíveis de retomar o veículo físico na condição de
mutilados ou inibidos em certos campos de manifestação, aditando
que a alma reencarna, nessa ou naquela circunstância, para
melhorar e aperfeiçoar-se e nunca sob a destinação do mal, o que
nos constrange a reconhecer que os delitos, sejam quais sejam, em
quaisquer posições, correm por nossa conta. À vista disso, destacou
que nos foros da Justiça Divina, em todos os distritos da
Espiritualidade Superior, as personalidades humanas tachadas por
anormais são consideradas tão carecentes de proteção quanto as
outras que desfrutam a existência garantida pelas regalias da
normalidade, segundo a opinião dos homens, observando-se que
as faltas cometidas pelas pessoas de psiquismo julgado anormal
são examinadas no mesmo critério aplicado às culpas de pessoas
tidas por normais, notando-se, ainda, que, em muitos casos, os
desatinos das pessoas supostas normais são consideravelmente
agravados, por menos justificáveis perante acomodações e primazias
que usufruem, no clima estável da maioria.
E à ligeira pergunta que arrisquei sobre preceitos e preconceitos
vigentes na Terra, no que tange ao assunto, Félix ponderou,
respeitoso, que os homens não podem efetivamente alterar, de
chofre, as leis morais em que se regem, sob pena de precipitar a
Humanidade na dissolução, entendendo-se que os Espíritos ainda
ignorantes ou animalizados, por enquanto em maioria no seio de
todas as nações terrestres, estão invariavelmente decididos a
usurpar liberalidades prematuras para converter os valores sublimes
do amor em criminalidade e devassidão. Acrescentou, no
entanto, que no mundo porvindouro os irmãos reencarnados, tanto
em condições normais quanto em condições julgadas anormais,
serão tratados em pé de igualdade, no mesmo nível de dignidade
humana, reparando-se as injustiças assacadas, há séculos, contra
aqueles que renascem sofrendo particularidades anômalas,
porquanto a perseguição e a crueldade com que são batidos pela
sociedade humana lhes impedem ou dificultam a execução dos
encargos que trazem à existência física, quando não fazem deles
criaturas hipócritas, com necessidade de mentir incessantemente
para viver, sob o Sol que a Bondade Divina acendeu em benefício
de todos.

 (Sexo e Destino - páginas 171/172)

O texto remonta a 1963 mas é, ainda, bem atual. Sem moralismos escorchantes, evidencia que os seres humanos homossexuais, assim como os que de alguma forma diferem da heterossexualidade "clássica", são Espíritos com a mesmíssima qualificação evolutiva de qualquer outra pessoa. Por óbvio, não abrangemos, aqui, as pessoas que, no exercício de seu livre-arbítrio, tenham por bem experimentar variantes de conduta sexual por mera curiosidade, ou pelo simples cultivo de sensações outras, em busca do aviltamento de seu potencial sensorial. Ecoamos (humildemente) com André Luiz quanto aos seres humanos que, por contingências muitas vezes inconfessáveis, necessitam de uma inversão abrupta no processo que, em águas serenas, ocorreria sem reverberações adaptativas do impulso ainda indisciplinado.

O que importa destacar é que todos os seres humanos não heterossexuais são nossos irmãos de jornada e merecem todo o nosso respeito e, sempre que fizerem por merecer (tanto quanto qualquer outro), devem receber a nossa admiração sem quaisquer nesgas de preconceito.

"Quem estiver sem pecados, que atire a primeira pedra..."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Origem do "mal" - tema recorrente...

Insistentemente, uma pergunta se renova nos debates espiritualistas: se os espiritos não retroagem, os maus nasceram maus? Meditemos novamente sobre isso. A questão da ORIGEM do mal é, sempre e sempre, um pouco conturbada... "Mal" e "Bem" são conceitos éticos. Poderíamos substituir, em grande parte dos casos (talvez em todos), por outro conceito em abordagens diferentes. No âmbito do Espiritismo, temos em "O Livro dos Espíritos" que as guerras, em última análise, são ocorrências que impulsionam o ente coletivo em seu progresso:

744. Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
A liberdade e o progresso.
744-a. Se a guerra deve ter como efeito conduzir à liberdade, como se explica que ela tenha geralmente por fim e por resultado a escravização?
Escravização momentânea para sovar os povos, a fim de fazê-los andar mais depressa.

No entanto, do ponto de vista ético, a guerra classifica-se, sem dúvida, como um "mal". O mesmo ensinamento assim expõe:

742. Qual a causa que leva o homem à guerra?
Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal. À medida que o homem progride ela se torna menos freqüente, porque ele evita as suas causas, e quando ela se faz necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade.

Então, se formos reducionistas (ou simplistas) poderemos perguntar: a guerra é um mal ou um bem afinal de contas? A resposta menos imperfeita talvez seja: "bem" e "mal" são duas faces de uma única moeda.
A diferença entre um remédio e um veneno é "apenas" a dose. Um "anjo" não difere de um "demônio" (no sentido vulgar) senão por suas opções.

Os Espíritos nascem simples e ignorantes, é o que propõe a Doutrina Espírita. No primeiro instante em que uma dada conduta for pelo ser compreendida como danosa para si ou para outrem, a opção entre realizar a conduta ou dela abster-se é que vai caracterizar aquela ação como "boa" ou "má". Se o ser não compreende ainda a natureza danosa de sua conduta, agindo ou não agindo estará isento de responsabilidade --- alguém cogitaria de punir um oligofrênico por seu comportamento?

Mas não nos iludamos.

A imensa maioria de nós, humanidade terrestre, temos já de bom tempo noção plena de nosso comportamento --- somos integralmente responsáveis por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.
Então a resposta, creio, seria:


Não, os Espíritos não nascem maus, tampouco retroagem. No entanto, optam... Conforme entendem o caráter de seu comportamento, passam a optar pela ação ou abstenção.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Perispírito - Função Organizadora - Espiritismo



Muito se discute no meio espírita acerca da existência ou não da função organizadora do corpo espiritual --- o perispírito. Meditemos.
O DNA é uma macromolécula cuja composição foi deslindada na década de 50, portanto há relativamente pouco tempo. Um arranjo de um grupo fosfato, uma ribose e uma base nitrogenada compõem um nucleotídeo. Grosso modo, conforme a base nitrogenada seja esta ou aquela, combina com este ou aquele nucleotídeo, formando sequências codificadas que são replicadas e levam a uma determinada sequencia correta de aminoácidos na construção de proteínas, estrutura da matéria viva.


Ora, o DNA é, em última análise, um software. É o software que define a matriz de formação de um ser vivo.

O software demanda a existência de um programador. Por sua vez, o programador não atua diretamente na matéria física. Os comandos que são definidos na codificação do genoma de um ser passam do "puramente espiritual" para o "material", creio eu, através do "semimaterial", do etérico, do astral (ou seja qual for o nome que se queira usar).


Acho que os Espírtos Superiores não pretenderam subverter a ciência vigente, antecipando em quase um século conceitos que até mesmo os homens mais sofisticados simplesmente não poderiam entender.


Negar a ação organizadora do psicossoma (ou perispírito) é abstrair todo um concerto de descobertas que a Ciência nos trouxe e que simplesmente não existiam na época da Codificação feita por Kardec. Por isso o conceito de modelo organizador biológico não consta expressamente na Codificação, assim como os chakras, o duplo etérico, e uma série de outros conceitos oriundos da tradição espiritualista mas não contemplados nos livros escritos por Kardec.


Aqueles que querem tudo conhecer numa ciência, devem necessariamente ler tudo o que está escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, as coisas principais, e não se limitar a um só autor. Devem mesmo ler o pró e o contra, as críticas como também as apologias, iniciar-se nos diferentes sistemas a fim de poder julgar pela comparação. Sob esse aspecto, não preconizamos nem criticamos nenhuma obra, nem queremos influir em nada sobre a opinião que se pode delas formar. Trazendo nossa pedra ao edifício, colocamo-nos nas fileiras: não nos cabe ser juiz e parte, e não temos a pretensão ridícula de sermos os únicos dispensadores da luz; cabe ao leitor apartar o bom do mau, o verdadeiro do falso. ( Livro dos Médiuns, cap III item 35 )      


De minha parte acho que entender a estruturação de um organismo --- principalmente as redes neurais, um estupendo sistema computacional --- sem uma matriz a partir do perispírito seria considerar que o impulso da essência espiritual atua diretamente no meio físico sem instrumentos intermediários... Há toda uma gigantesca fenomenologia que só se explica pela existência e características do perispírito; como a Natureza amoldaria na matéria sem o concurso do veículo intermediário?


Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio Espirito que modela o seu envoltório e o apropria às suas novas necessidades; aperfeiçoa-o e lhe desenvolve e completa o organismo, à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; numa palavra, talha-o de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais; cabe-lhe a ele empregá-los. É assim que as raças adiantadas têm um organismo ou, se quiserem, um aparelhamento cerebral mais aperfeiçoado do que as raças primitivas: Desse modo igualmente se explica o cunho especial que o caráter do Espirito imprime aos traços da fisionomia e ás linhas do corpo. (A Gênese, Cap XI, item "11").


Obra "Perispírito", de Zalmino Zimmermann (CEAK - Centro Espírita Allan Kardec - Departamento Editorial - Campinas/SP - edição de 2000):


[...] a idéia de um princípio diretor imaterial, a comandar o desenvolvimento da vida, ocupa cada vez mais lugar na Ciência.


A propósito, em Fórum promovido pela Universidade de São Paulo, que refutou o aborto - novembro, 1997 -, a Drª Marlene R. S. Nobre, mostrando que "uma única célula, para funcionar, necessita de 2.000 enzimas específicas", informava: "Os irmãos Igor e Grichka Bogdonov, físicos de renome da atualidade, descobriram com o auxílio de bióogos e o concurso de matemáticos, que a reunião de 1.000 dessas enzimas, de forma ordenada e perfeita, no decorrer de bilhões de anos, representa, na verdade, uma impossibilidade estatística: uma em dez, elevado ao expoente 1.000. E concluíram: 'Não podemos senão constatar a existência de um fenômeno de ordem subjacente que conduz inelutavelmente ao surgimento da vida." (FOLHA ESPÍRITA, São Paulo, dez, 1997, p. 6).