Estudos

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Origem do "mal" - tema recorrente...

Insistentemente, uma pergunta se renova nos debates espiritualistas: se os espiritos não retroagem, os maus nasceram maus? Meditemos novamente sobre isso. A questão da ORIGEM do mal é, sempre e sempre, um pouco conturbada... "Mal" e "Bem" são conceitos éticos. Poderíamos substituir, em grande parte dos casos (talvez em todos), por outro conceito em abordagens diferentes. No âmbito do Espiritismo, temos em "O Livro dos Espíritos" que as guerras, em última análise, são ocorrências que impulsionam o ente coletivo em seu progresso:

744. Qual o objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
A liberdade e o progresso.
744-a. Se a guerra deve ter como efeito conduzir à liberdade, como se explica que ela tenha geralmente por fim e por resultado a escravização?
Escravização momentânea para sovar os povos, a fim de fazê-los andar mais depressa.

No entanto, do ponto de vista ético, a guerra classifica-se, sem dúvida, como um "mal". O mesmo ensinamento assim expõe:

742. Qual a causa que leva o homem à guerra?
Predominância da natureza animal sobre a espiritual e satisfação das paixões. No estado de barbárie os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por isso que a guerra, para eles, é um estado normal. À medida que o homem progride ela se torna menos freqüente, porque ele evita as suas causas, e quando ela se faz necessária ele sabe adicionar-lhe humanidade.

Então, se formos reducionistas (ou simplistas) poderemos perguntar: a guerra é um mal ou um bem afinal de contas? A resposta menos imperfeita talvez seja: "bem" e "mal" são duas faces de uma única moeda.
A diferença entre um remédio e um veneno é "apenas" a dose. Um "anjo" não difere de um "demônio" (no sentido vulgar) senão por suas opções.

Os Espíritos nascem simples e ignorantes, é o que propõe a Doutrina Espírita. No primeiro instante em que uma dada conduta for pelo ser compreendida como danosa para si ou para outrem, a opção entre realizar a conduta ou dela abster-se é que vai caracterizar aquela ação como "boa" ou "má". Se o ser não compreende ainda a natureza danosa de sua conduta, agindo ou não agindo estará isento de responsabilidade --- alguém cogitaria de punir um oligofrênico por seu comportamento?

Mas não nos iludamos.

A imensa maioria de nós, humanidade terrestre, temos já de bom tempo noção plena de nosso comportamento --- somos integralmente responsáveis por tudo o que fazemos ou deixamos de fazer.
Então a resposta, creio, seria:


Não, os Espíritos não nascem maus, tampouco retroagem. No entanto, optam... Conforme entendem o caráter de seu comportamento, passam a optar pela ação ou abstenção.

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