Estudos

terça-feira, 5 de abril de 2011

Ego - Transcendência - Razão / Visão de Max Heindel

Como já abordado neste Blog no post Tudo é Ilusão - A Tese do Ego "Artificial", há toda uma Filosofia que prega a necessidade de desapego da realidade imediata, podendo-se dizer (ainda que por figura de linguagem) que o homem deve deixar a razão e buscar a percepção impessoal de sua essência.

Acho de todo pertinente abordar algumas colocações feitas por Max Heindel em sua monumental obra "Conceito Rosacruz do Cosmos". Adiante, trecho do Capítulo VIII - "A Obra da Evolução".


[...]
Como já indicado no estudo do Mundo do Desejo, o Interesse é a mola da ação, se bem que no presente grau de desenvolvimento o Interesse é geralmente despertado pelo egoísmo. Algumas vezes é de natureza mui sutil, mas incita à ação de várias maneiras. Toda ação inspirada pelo Interesse gera certos efeitos que atuam sobre nós e, em conseqüência, estamos limitados pelas ações que se relacionam com os mundos concretos. Mas se ocuparmos as nossas mentes com assuntos tais como a matemática, ou com este estudo das fases planetárias da evolução, nós estamos laborando na Região do Pensamento puramente Abstrato, que fica além da influência do Sentimento, dirigindo-se para o alto, rumo aos remos espirituais e à libertação. Extrair raízes cúbicas, multiplicar algarismos, ou meditar sobre Períodos, Revoluções, etc., não gera Sentimentos a tal respeito. Não brigamos para que duas vezes dois sejam quatro. Se envolvêssemos nisso os nossos sentimentos, talvez pretendêssemos que o produto fosse cinco, e questionaríamos com quem, por razões pessoais, quisesse talvez que fosse três. Mas em matemática a Verdade é clara, aparente, e o sentimento está eliminado. Por isso, ao comum dos homens, desejosos de viver seus sentimentos, a matemática é árida e sem interesse. Pitágoras ensinava aos seus discípulos que vivessem no Mundo do Espírito Eterno, e exigia primeiramente dos que desejavam instrução, o estudo da matemática. Uma mente capaz de compreender a matemática coloca-se acima da mentalidade comum, e é capaz de elevar-se ao Mundo do Espírito porque não está presa ao Mundo do sentimento e do Desejo. Quanto mais nos acostumamos a pensar em termos dos Mundos Espirituais, tanto mais facilmente poderemos sobrepor-nos às ilusões que nos rodeiam nesta existência concreta, onde os sentimentos gêmeos de Interesse e Indiferença obscurecem a Verdade e nos sugestionam, assim como a refração de luz dos raios luminosos através da atmosfera da Terra nos dá uma idéia errônea sobre a posição ocupada pelo luminar que os emite.
[...]

Outros trechos relevantes:


[...]
Nós mesmos, como Egos, funcionamos diretamente na substância sutil da Região do Pensamento Abstrato, que especializamos dentro da periferia da nossa aura individual. Daí observamos, através dos sentidos, as impressões produzidas pelo mundo exterior sobre o Corpo Vital, como também os sentimentos e emoções gerados por elas no Corpo de Desejos e refletidos na mente.
Dessas imagens mentais formamos as nossas conclusões na substância da Região do Pensamento Abstrato relativas aos assuntos a que se referem. Tais conclusões são idéias. Pelo poder da vontade projetamo-las através da mente quando então, revestindo-se de matéria mental da Região do Pensamento Concreto, concretizam-se como pensamento4orma.
A mente é como as lentes projetoras de um estereoscópio. A imagem é projetada em uma das três direções de acordo com a vontade do pensador que anima o pensamento-forma.
[...] (pág. 48)

[...]  E assim o Espírito Virginal viu-se encerrado num tríplice véu, sendo o véu externo, o Espírito Humano, o que efetivamente o cegou à unidade da Vida, convertendo-o em um Ego e mantendo a ilusão de separatividade adquirida durante a Involução. A Evolução dissolverá gradualmente essa ilusão, trazendo de volta a consciência do todo, enriquecida pela consciência de Si mesmo.
Vemos, pois, que ao terminar o Período Lunar o Homem possuía um Tríplice Corpo em vários estágios de desenvolvimento, e também o germe do Tríplice Espírito. Tinha os Corpos Denso, Vital e de Desejos, e os Espíritos Divino, de Vida e Humano. Tudo o que faltava era um elo que os unisse. (pág. 120)
[...] No Período Terrestre os Senhores da Mente alcançaram o estado Criador e emitiram de si, dentro do nosso ser, o núcleo do material com o qual estamos procurando agora construir uma mente organizada. "Poderes das Trevas" foi o nome que lhes deu Paulo, por terem surgido do escuro Período de Saturno. São considerados maus devido à tendência separatista, pertinente ao plano da razão, em contraste com a força unificadora do Mundo do Espírito de Vida, o Reino do Amor. Os Senhores da Mente trabalham com a humanidade. (pág. 122)

Não seria possível (nem haveria maior propósito) em transcrever tudo o que Heindel fala sobre a antropogênese, a epigênese etc etc etc. Mas há muitas informações de extremo interesse e que são concernentes à visão por ele exposta sobre o Ego e o egoísmo enquanto fase da evolução do homem. 

4 comentários:

  1. Olá Marco,

    Estou acompanhando os seus estudos. A meu turno, dou prosseguimento ao tema http://filosofiaoriental-monstrinho.blogspot.com/2011/04/antropologia-do-conhecimento-e_08.html

    Abçs,

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  2. Rapaz! Sabe que agora fiquei indeciso?? Essa visão do Heindel lembra a "evolução em espiral" do Ubaldi em a Grande Síntese. Lembro-me que outrora defendi esse posicionamento, pensando haver uma lógica inatacável nesse raciocínio.

    Bom, a "evolução em espiral", é a própria dialética, que consiste em "involuir" no sentido de retomada da marcha do ponto em que se havia estacionado momentaneamente, mas agora, num novo padrão vibratório. Isso pode ser constatado - matemática e fisícamente - facilmente tomando-se como exemplo a escala musical, que, partindo de dó, chega a dó (involução), mas em um novo padrão vibratório (oitava)

    Assim, a involução não pode ser concebida como um retrocesso, mas apenas um retorno ao ponto em que se parou a fim de recapitular para seguir "mais alto".

    Isso aconteceu na História da Ciência: o vulgo vê a ciência e as idéias científicas como o resultado de um processo linear, ou, como alguns cientistas pensam, um processo de juntar tijolinhos de construção, numa concepção cumulativa.

    Na verdade não é assim que as coisas se passam. A idéia de átomo sempre esteve presente na História da ciência, como sendo considerado "a menor partícula constituinte da matéria", assim como o dogma do "círculo perfeito" esteve na mente dos cientistas por vários séculos.

    Numerosos exemplos poderiam ser citados, mas não há espaço para isso aqui, pelo menos num primeiro momento.

    Contudo, mudando da água para o vinho, o próprio dogma do círculo perfeito - a partir do qual Willian Harvey descobriu a Circulação Sangüínea - nos mostra que a geometria pura concebida pela mente não pode ser encontrada na Natureza, como supunham os astrônomos no passado, incluindo Galileu, que, por defender o dogma do círculo perfeito não pôde estabelecer as Leis do movimento de translação dos orbes, tarefa essa que coube a Johannes Kepler.

    E repare, que esse foi o problema pelo qual, Copérnico não conseguia provar por "a+b" que era a Terra que girava em torno do Sol: os cálculos não "batiam", não era possível estabelecer uma teoria matemática que comprovasse o Heliocentrismo.

    As chamadas "3 Leis de Kepler" é que fundamentam matematicamente a Teoria do Heliocentrismo, são elas:

    1- Os planetas descrevem órbitas elípticas, com o Sol num dos focos.

    2- O raio vetor que liga um planeta ao Sol descreve áreas iguais em tempos iguais. (lei das áreas)

    3- Os quadrados dos períodos de revolucão (T) são proporcionais aos cubos das distâncias médias (a) do Sol aos planetas. T2 = ka3, onde k é uma constante de proporcionalidade.

    Assim, Kepler desbanca o dogma do círculo perfeito, propondo que a órbita dos planetas sejam elípticas, e com isso suplanta definitivamente o geocentrismo.

    A matemática é realmente uma prova fantástica de que o conhecimento sobre a Natureza está antes na mente do que na própria Natureza.

    Mas por outro lado, não é de se espantar que, em muitos casos, como por exemplo na Teoria da Relatividade, primeiro se construiu a teoria para depois observar, constando-se que a teoria conseguira explicar o que se passava no mundo físico (Será?).

    Ainda assim, essa teorias não deixam de ser modelos teóricos ou paradigmas que, mesmo apresentando uma base matemática explicativa aparentemente inabalábel, podem de uma hora para outra serem substituídos por outras teorias igualmente bem estruturadas e supostamente inamovíveis.

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  3. Olá Renato. O que me leva a considerar a visão de Heindel é, na verdade, uma outra parte de suas cogitações (sobre as quais eu já rascunhei alguns pensamentos aqui): a origem do mal.

    Pretendo preparar uma resenha mais cuidadosa e apresentar aqui.

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  4. Muito bom!! Será que é esse tema que nos persegue ou nós é quem o perseguimos?? hehhehee

    Pois, já data de há muito que estamos a pesquisar sobre o mesmo.

    O Heindel eu não conheço, mas pelo que você já postou aí, ele pode fornecer muitas pistas.

    Há também, lá no meu blog a Filosofia Vedanta do Shankara, que aliás, vocè até já leu, e que pode contribuir.

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