Estudos

terça-feira, 12 de abril de 2011

Homens e Anjos

No contexto das pesquisas acerca do tema "Queda", há aspectos apontados por Heindel que merecem reflexão.

Para que o homem pudesse atingir a plena restrição na matéria, experimentando a  individualidade plena com consciência de si mesmo e, a partir desse ponto, ter capacidade de aprender e continuar a desenvolver-se, necessitava de um órgão igualmente capaz de receber, acolher e manifestar essa consciência. Numa palavra: necessitava do cérebro físico.

O desenvolvimento do cérebro físico, suficientemente complexo a ponto de ser um veículo da consciência no plano da matéria densa, demandava um imenso desforço de energias do poder criador da mônada. Os Senhores da Forma impulsionavam o ser humana a tais realizações, mas não sem o custo de grande parte do potencial criador do espírito assim submetido nas graves delimitações da matéria.

O impulso criador da mônada individualizada, para o fim de direcionar todos os recursos de desenvolvimento do cérebro físico humano, não seria suficiente a não ser que o ser humano passasse a vivenciar suas jornadas na matéria em sexos separados.

Com cerca da metade de seu potencial criador destinado ao desenvolvimento do cérebro, a mônada só poderia desenvolver o restante do organismo para uma atividade polarizada, sob pena de ver-se em déficit se o organismo tivesse que sustentar toda a complexidade de um ser naturalmente hermafrodita.


Observação:  
71. A inteligência é atributo do princípio vital?
“Não, pois que as plantas vivem e não pensam: só têm vida orgânica. A inteligência e a matéria são independentes, porquanto um corpo pode viver sem a inteligência. Mas, a inteligência só por meio dos órgãos materiais pode manifestar-se. Necessário é que o Espírito se una à matéria animalizada para intelectualizá-la.” 
[O Livro dos Espíritos]


Por isso o espírito passou a nascer no plano da matéria como homem ou como mulher. O organismo desenvolveu o cérebro e, em cada jornada, apenas um dos pólos da energia criadora ambientada na fisiologia sexual.

Certamente, o espírito virginal inserido no plano da matéria densa continua sem polaridade sexual. Mas manifesta-se nos limites dessa polaridade em cada vida material. Assim, pôde desenvolver um órgão físico capaz de ambientar sua consciência e continuar desenvolvendo-se.

Eis aí um ponto de extremo interessse! A humanidade do Período Lunar, que hoje são os Anjos, desceu até o plano mais denso daquele período: o plano etérico. Não chegou ao plano material. Portanto, os Anjos de hoje jamais tiveram um cérebro físico. A consciência e sabedoria por eles flui a partir da Fonte, individualizando-se somente até certo ponto, um ponto menor do que o grau de individualização e restrição da humanidade atual. É por isso que os atrasados do Período Lunar acham-se em missão junto aos homens da Terra. Ajudam os homem a reconquistar o fluxo de energia de uma só polaridade para o equilíbrio que um dia deverão reconquistar, sublimando os caracteres tanto da feminilidade como da masculinidade, de modo a fazer com que esse fortíssimo vetor de energia, que é a energia sexual, seja direcionado aos padrões mais elevados da consciência.

Numa palavra: buscam angelizar o homem animal.

É uma missão para esses atrasados do Período Lunar porque, na condição de atraso em que se acham, necessitam da proximidade com os homens para JUNTAMENTE COM ELES aprenderem a dominar tudo o que o extremo de restrição e indiviudalidade proporciona. Devem aprender junto com os homens porque, sem os homens, nada aprenderiam por não terem jamais amoldado um cérebro físico. Como atrasados que são, é assim que retomarão a ascensão aos seus pares através da experiência junto dos pupilos que desceram à materialidade plena.

Despiciendo dizer que os atrasados do Período Lunar, conquanto atrasados, têm conquistas muito sublimes quando comparados aos espíritos virginais que atingiram o nadir da individualização neste Período: os homens.

Vejamos o que Heindel diz no Conceito Rosacruz do Cosmos:

Quando em meados da Época Lemúrica se efetuou a separação dos sexos (na qual trabalharam Jeová e seus Anjos), o Ego começou a agir ligeiramente em seu corpo denso, criando órgãos internos. Naquele tempo, o homem não tinha plena consciência de vigília, tal como possui hoje mas, com metade da força sexual, construiu o cérebro para expressão de pensamento, na forma já indicada. Estava mais desperto no Mundo Espiritual do que no Físico, mal podia ver seu corpo e era inconsciente do ato de propagação. A afirmação da Bíblia de que Jeová adormeceu o homem, nesse ato é correta. Não havia nem dor nem perturbação alguma relacionada com o parto. Sua obscura consciência do ambiente não o inteirava, ao morrer, da perda do corpo nem, ao renascer, da entrada noutro corpo denso.

Recorde-se: os Espíritos Lucíferos eram uma parte da humanidade do Período Lunar, os atrasados da onda de vida dos Anjos. Eram demasiado avançados para tomarem um corpo denso físico mas, necessitando de um órgão interno para aquisição de conhecimento, podiam trabalhar através de um cérebro físico, coisa fora do poder dos Anjos ou de Jeová. Esses espíritos entraram na coluna espinhal e no cérebro e falaram à mulher, cuja imaginação, conforme já se explicou, tinha sido despertada pelas práticas da Raça Lemúrica. Sendo a consciência predominantemente interna, pictória, e porque tinham entrado em seu cérebro por meio da medula espinhal serpentina, a mulher viu aqueles espíritos como serpentes.

No preparo da mulher estava incluído assistir e observar as perigosas lutas e feitos dos homens que se exercitavam no desenvolvimento da vontade. Muito frequentemente os corpos morriam nas lutas.
A mulher surpreendia-se ao ver essas coisas tão raras e tinha obscura consciência de que algo estranho acontecia. Embora consciente dos espíritos que perdiam seus corpos, a imperfeita percepção do Mundo Físico não lhe dava poder para revelar aos amigos que seus corpos físicos tinham sido destruídos.
Os Espíritos Lucíferos resolveram o problema abrindo-lhe os olhos. Fizeram-na ciente dos corpos, o seu e o do homem, e ensinaram-na como podiam conquistar a morte, criando novos corpos. A morte não poderia mais dominá-los porque, como Jeová, teriam o poder de criar à vontade.
Assim, Lúcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir os seus. Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, começaram a conhecer ou a perceber-se uns aos outros e também ao Mundo Físico. Fizeram-se conscientes da morte e da dor, aprendendo a diferenciar o homem interno da roupagem que usava e renovada em cada vez que era preciso dar um novo passo na evolução. O homem deixou de ser um autômato. Converteu-se num ser que podia pensar livremente, à custa de sua imunidade à dor, às enfermidades e à morte.
Interpretar o comer do fruto como um símbolo do ato gerador não é uma idéia absurda, como demonstra a declaração de Jeová (que não é um capricho, mas a declaração formal das consequências que adviriam do ato): morreriam e a mulher teria seus filhos com dor e sofrimento. Jeová sabia que o homem, agora com a atenção fixada em sua roupagem física, perceberia a morte, e que, não tendo ainda sabedoria para refrear as paixões e regular a relação sexual pelas posições dos planetas, o abuso da função produziria o parto com dor.
["A Queda do Homem" - Conceito - pág. 198]

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