Muito
já foi dito sobre a Harmonia que rege o Cosmos. Do mesmo modo, sabe-se desde a
Antiguidade que há uma Lei Fundamental a que o todo existencial se submete.
Mas
ainda por mais uma vez cabe cogitar da dualidade Bem X Mal, nesse contexto. Já
foi apresentado anteriormente um exemplo até pueril mas pertinente sobre a
valoração do que seja “bem” ou “mal”.
Uma
criança com, digamos, três ou quatro anos de idade, sofre de uma cárie com
infecção, com um abscesso que lhe traz fortes dores. É levada a um dentista
que, conquanto tente atenuar-lhe a dor, percebe que a anestesia não vai ter boa
eficácia pelas circunstâncias infecciosas.
A
criança se vê em um ambiente que, para ela, parece hostil e assustador. Uma
cadeira com motorzinhos de som estridente, com uma luz que ofusca sua visão e
um homem desconhecido com máscara e luvas prestes a mexer exatamente no ponto
de sua dor.
Por
mais que peça a seu pai ou mãe que o tirem daquela situação não será receberá a
ajuda que espera. Eis aqui um aspecto importante: mesmo sendo a mais sincera
súplica, não será atendida.
Na
capacidade de cognição dessa hipotética criança, apenas sob um véu de plena
confusão haverá uma semente de entendimento de que a mamãe ou o papai o levaram
ali para o seu bem. Ainda assim, fica-lhe uma sólida impressão de que tudo
aquilo não passa de um autêntico mal. Por envolvimento de puro Amor,
o pai e a mãe da criança se apiedam e sofrem junto, mesmo tendo certeza de que
estão agindo corretamente.
Saindo
dessa situação imaginária, pensemos na vida real.
Aprendemos
a chamar de mal uma série imensa de circunstâncias da Vida que nos trazem
dor e sofrimento. O Pai Eterno nos conduz às situações que nos ajudam a vencer
senões e adquirir capacitação em atendimento à Lei do Progresso. Muitas vezes
esse encaminhamento da Vida é agradável e edificante; outras tantas vezes,
parece-nos um calvário.
A
Natureza demonstra de modo absoluto que nenhum ser evolui se for mantido em
zona de conforto. O meio ambiente é sempre desafiador e cheio de perigos.
Como resultado, os seres progridem.
O
homem conquistou sua consciência contínua mas ainda está muito longe de
compreender sequer sua própria natureza...
No
meio ambiente da Biosfera, predadores enredam-se na teia alimentar em disputa
pelas presas e entre si. As presas, por sua vez, depredam seres menores ou são
herbívoras. Acima ou abaixo, há os que dão finalidade aos restos de uns ou de
outros.
Ninguém
cogita de culpar um guepardo por sua agilidade em abater um antílope.
Com
os seres humanos ocorre que o impulso de conservação traz ainda fortes matizes
no comportamento. Transmutado em competitividade, astúcia, violência, faz o
homem muitas vezes faltar com o senso de valoração de sua conduta e procurar
uma forma mais confortável de conseguir o que deseja.
Um
guepardo não faz valorações sobre o ato de abater um cervo. Tampouco as hienas,
de depredar o filhote de um guepardo.
Mas
o homem faz... E, não raro, a primeira impressão que tem da Natureza é de que é
uma horrível
luta pela vida...
Em
meio à sofisticação de uma luta pela vida perante seus
semelhantes, o homem atende aos seus instintos e negligencia sua noção de valores. Não identifica no semelhante
um irmão de jornada, mas sim um competidor. Enche-se de razões para vencer
na vida.
Assim
espolia, turba, subtrai, mata, seduz, perjura, prevarica, enfim, faz o que pode
para atingir seus fins ou sua mera vontade. Em meio a essa disputa, desenvolve
inveja, ira, luxúria etc, como desafogos imediatos de suas frustrações.
Com
o passar do tempo contrai compromissos com seus semelhantes, vinculando-se
através da Lei do Carma. O Mestre disse que antes de qualquer oferenda deve-se
ir ao irmão e buscar reconciliação. Quantos fazem isso?
Como
não fazemos, retomamos experiências ainda no plano das formas para o reequilíbrio
de nossos valores. Reencarnamos com experiências conjuntas aos que nos
prejudicaram e àqueles que prejudicamos.
Até
aqui, estamos repetindo o que já foi dito em muitos lugares, inclusive aqui
neste Blog.
Mas
é importante destacar que o que chamamos MAL é uma circunstância da Vida em que
determinadas pessoas, estejam no plano físico ou no espiritual, atuam em
relação a cada um de nós sem ter noção de que estão no estrito cumprimento da
Vontade do Criador.
Um
espírito obsessor, por exemplo, nos vem atormentar e até subjugar porque temos
para com ele um vínculo de experiências passadas cuja reconciliação é desejo e
necessidade NOSSA.
Somos
nós que o atraímos por sintonia e por um fenômeno muito forte que compõe a
própria psicologia humana.
Se
dou um tapa em um amigo, num momento de destempero, e me arrependo depois, só
mesmo à custa de conquistarmos o seu perdão sentimo-nos melhor. E para isso,
quando a ira de nossa vítima dificulta as coisas, não é nada difícil que
ofereçamos nossa face para que ele nos devolva a ofensa física.
Essa
necessidade de vivenciar o mal feito é da natureza dos seres que atingem
patamares de consciência contínua, como, neste planeta, é o caso dos seres
humanos.
Todavia,
nem sempre no transcorrer de uma vida essa reconciliação interna de ambos
ocorre.
Por
isso, à míngua da colaboração do ofendido em reequilibrar a consciência, o
homem busca na encarnação posterior provações que lhe tragam a sensação de
haver exaurido o que podia para reconciliar-se perante o Criador.
O
grande e rigoroso Juiz de nossa conduta está bem no meio de nossas orelhas.
O
obsessor de hoje é aquele alguém que realiza --- sem ter noção alguma sobre
isso --- o processo de reaproximação e reequilíbrio. As experiências dolorosas
e que geram sofrimento são como o dente infeccionado da criança, que reclamam
cura através de intervenção dolorosa.
Nos
seres humanos a sintonia do ódio é tão intensa quanto a do Amor... Por isso é
possível requalificar e transformar um em outro.
Um
mago negro, habitante das ideoplastias mais densas e organizadas por grupos de
rebeldes da Lei, é tão partícipe da Obra de Deus quanto qualquer Anjo de Luz.
Mas não têm noção disso...
Orai
e vigiai...
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