Estudos

sábado, 28 de novembro de 2015

Gratidão: a chave da alquimia interior.

A gratidão é um tesouro anímico que ultrapassa, em muito, as conveniências ou etiqueta humanas. Recurso indispensável para a paz, estimulante da boa convivência, a gratidão geralmente não é considerada em si como uma prática de cunho iniciático, uma conduta voltada à conquista de estados mais elevados da alma humana.

Mas é.

Os discípulos de Masaharu Taniguchi bem sabem da importância de agradecer por tudo, o tempo todo, mantendo esse pensamento até que se torne automático diante das coisas da vida.

Max Heindel, como já abordado neste Blog, nos oferece preciosa parábola de Jesus. Estava o Mestre com os apóstolos quando, diante de uma carcaça apodrecida de um cão e vendo a repugnância que vários manifestavam, proclamou em atitude alquímica: nem as pérolas têm o branco de seus dentes.

Eis aí. O Mestre empregou o Bem diante do Mal e, assim, transmutou-o.

Há muito em comum entre essa parábola e o presente tema. É também, e sob fenomenologia semelhante, uma atitude alquímica manter a gratidão diante de tudo na vida.

Deveras.

A gratidão é uma daquelas posturas que --- e nisso há imensa vantagem quando a praticamos --- traz efeitos psíquicos profundos sem exigir grande concentração. Quando, diante de uma provação, verbalizamos algo como "obrigado meu Deus por trazer-me essa oportunidade de ascensão", imediatamente experimentamos um efeito interior de leveza e nos aquietamos. De fato nos ajuda a evitar revolta e ressentimento, venenos óbvios que as adversidades costumam nos inocular.

Vale repetir. A gratidão traz efeitos concretos em nosso psiquismo mesmo que o sujeito não medite profundamente sobre o caso. Desde muito cedo percebemos em decorrência da própria vida que o agradecimento vem acompanhado de algo bom, agradável, algo que nos traz alegria, alívio, enfim, que nos dá paz interior.

Não será necessário aclarar que não estamos falando da postura irônica dos que, sob deboche, agradecem para significar o sentido contrário. Nisso não há, a rigor, agradecimento, senão uso de palavras para o emprego do sentido cínico com que a pessoa reage em determinados momentos.

Falamos do agradecimento puro e simples. Não é preciso levantar análise filosófica sobre o que pretendemos ao agradecer. Basta que manifestemos nossa gratidão como meio de reconhecer que há um propósito superior em todas as situações e circunstâncias que se desenham em nossa vida.

A cada momento da jornada o ser deve agradecer, seja com palavras, seja apenas no recato de seu pensamento, diante de tudo o que se lhe apresente no caminho.

Muitos imaginam que aí não reside senão postura fantasiosa e pueril. Mas é uma das mais importantes chaves alquímicas que se aprofundam em fatores inimagináveis. Por isso mesmo, é uma postura de extrema eficácia. 

Agradeça. Sempre. E seja feliz.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Umbanda - Encruzilhadas e Falanges

Não são poucas as vezes em que a Vida nos convida a optar por caminhos muito diferentes entre si. São as encruzilhadas de que tantos Espíritos nos falam, adotando nomes que expressamente referem-se a essas disjunções de jornada. Não foi outro senão o Caboclo das Sete Encruzilhadas que deu início à Umbanda, uma religião espiritualista que agrega, desde o nascedouro, as camadas mais pobres da população, desde o início do século XX. Por que adotou esse nome? Segundo se diz, em razão de ter sido um padre inquisidor que reencarnara no Brasil como caboclo, tendo absorvido a cultura africana e seu sincretismo com a religião católica no âmbito dos vários cultos desenvolvidos pelos escravos. Ao ser questionado sobre sua identidade houve por bem, no contexto do planejamento de instituir um culto espiritualista para as classes socialmente menos aquinhoadas, adotar uma denominação que ressoaria na alma exatamente daqueles que já se embalavam nos conceitos oriundos dos cultos afro-brasileiros. Expôs-se como alguém a quem não haveria caminhos fechados. Ou seja, alguém que teria vencido as encruzilhadas da Vida. O Caboclo das Sete Encruzilhadas adotou o significativo numeral “Sete”, provavelmente por sua natureza mística, cabalista, tomando-lhe o sentido de completitude.  Ao mesmo tempo, deixou desde logo claro que o irmão de jornada na Terra havia que enfrentar as encruzilhadas da Vida e vencê-las.
Indivíduos com alguma instrução catedrática mal disfarçam o descontentamento com os termos simplórios em geral, buscando reforçar as convicções pessoais sob roupagem mais elaborada, por baixo da toga de uma terminologia rebuscada e, algumas vezes, até exótica. Veem um caráter primário nos nomes adotados pela Umbanda mas não enxergam o exotismo de neologismos que, em certos casos, invocam estranhos construtos de palavras por justaposição ou aglutinação. Isso, sem mencionar que há milênios conceitos são expressos nessa seara, pelo que os termos da Umbanda, tanto quanto de qualquer corrente espiritualista, são igualmente válidos desde que compreendidos em seu concerto doutrinário.
Encruzilhadas... Que ninguém, pois, tenha pudores elitistas com o uso dos termos, tirados do comum dia-a-dia dos mais humildes, na expressão de verdades do Espírito, inúmeras vezes vertidas sob linguajar tão rústico quanto elevado é o conhecimento e estatura do Espírito comunicante. Na Roda da Vida são miríades de Espíritos que retornaram ao vaso carnal em experiências toscas nas roças de escravos, nos híbridos de raças que compõem o próprio brasileiro. Tais Espíritos guardam as mais variadas origens. Alguns foram sacerdotes endividados com o Destino; outros, místicos que agrediram o senso de outrem com interpretações desviantes da inevitável Lei do Retorno. Já foi descrito que Espíritos sob a roupagem de um meigo Preto Velho ocultam túnicas que só os grandes iniciados das Escolas de Mistério podiam envergar. Então, todos os Espíritos que se comunicam nos cultos da Umbanda são seres dotados de elevado conhecimento? Claro que não. Isso não é verdade para nenhuma corrente ou religião espiritualista deste orbe. Mas os que comandam os rumos das imensas equipes de obreiros, amparadores, mensageiros, são, sim, Espíritos cunhados nas lições fundamentais em que ainda nos demoramos.

Aliás, outro termo que causa repúdio a tantos é falange. Na Umbanda não se costuma dizer que há equipes de amparadores, mas sim falanges desta ou daquela Entidade. Resguardo-me de mais comentários. Pouco importa o nome que se dê. Que todas as falanges chefiadas por Caboclos ou Pretos Velhos, ou quem for, realizem o trabalho de Luz que só os mais desavisados da senda espiritual podem ignorar.

sábado, 7 de novembro de 2015

ORIXÁS - CAMPOS VIBRACIONAIS CARACTERÍSTICOS - XANGÔ

Já se falou por aqui acerca dos Orixás: Orixás - Vibracoes - Emanacoes da Divindade

Agora, meditemos sobre as características de cada Orixá. Progressivamente, estudemos juntos cada um deles. Não pretendemos reeditar as miríades de estudos sérios e bem fundamentados que existem à disposição do leitor na internet. Tentaremos, apenas, agregar alguns aspectos.


XANGÔ

Nas mais variadas vertentes dos cultos de origem africana, sejam afro-brasileiros (como o Candomblé), seja na brasileiríssima Umbanda, Xangô é sempre vinculado à JUSTIÇA, tomada essa na acepção mais ampla. Os filhos de Xangô --- ou seja, todos os que sintonizam mais harmonicamente com o padrão vibratório desse Orixá, comungando da Egrégora dos que se afinam com o ideário da retidão, correção, honestidade, firmeza, rigidez --- embalam-se, em sua grande maioria, em atividades correlatas da sociedade humana.

Sempre bom lembrar que na Natureza há homogeneidades desde o micro até o macrocosmo, todas interpenetrando-se, de modo que não há uma tabuada onipotente que fixe o destino ou as atitudes de alguém tão só por ser filho deste ou daquele Orixá. No entanto, é, de fato, muito comum que sejam filhos de Xangô os juízes, advogados, servidores do Judiciário, enfim, a grande maiorida das pessoas que se inserem nas atividades que gravitam em torno da instituição Justiça.

O filho de Xangô sempre pensa no que é certo e errado, não admitindo, em geral, meios termos.

Esse é o aspecto mais vocacionado ao tom humano de Xangô. Mas, enquanto vibração, emanação da Divindade, isto é, enquanto Orixá, Xangô tem seu matiz intrínseco à Natureza em si (padrão Elohim), o que se traduz, no rico simbolismo da Umbanda, muito comumente na acepção de Xangô das Pedras.

Pedra, no sentido de rigidez. Porém não só rigidez: rigidez cristalina. De fato, o cristal é uma pedra de belíssima expressão. Ainda assim não é a beleza que mais importa aqui. Xangô é o reticulado cristalino, a depuração dos arranjos de força em equilíbrio absoluto que determina a formação das mais rígidas e geometricamente bem definidas estruturas da Natureza.


Em cima, como embaixo.

A Alma humana peregrina pela Vida aprendendo a ser reto, honesto, escorreito, com toda a rigidez que tais virtudes exigem. É um minério que se depura na conquista do espaço sob os mais estáveis posicionamentos geométricos de suas partículas essenciais.

Bem por isso as entregas (oferendas) a Xangô serem feitas comumente nas pedras de uma cachoeira. Diz um ponto cantado de Umbanda que Oxóssi é rei das matas, mas quem manda na pedreira é Xangô. Emanações do Criador se harmonizam. Canta-se, também, que mamãe Oxum foi colher lírios na cachoeira.

É preciso interpretar o riquíssimo simbolismo de Umbanda. Não será senão à conta de desconhecimento que adjetivações pejorativas serão lançadas ao belo panteão de Orixás da Umbanda.


Portanto, fica uma sugestão.

Não menospreze o que talvez pareça (sob uma primária, superficial e fragilíssima análise) primitivo. De primário nada tem. Quem tem olhos de ver, que veja. Quem não os tem, que se agarre às bengalas do preconceito.

CAÔ! CAÔ! MEU PAI XANGÔ!!!