Estudos

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Umbanda - Encruzilhadas e Falanges

Não são poucas as vezes em que a Vida nos convida a optar por caminhos muito diferentes entre si. São as encruzilhadas de que tantos Espíritos nos falam, adotando nomes que expressamente referem-se a essas disjunções de jornada. Não foi outro senão o Caboclo das Sete Encruzilhadas que deu início à Umbanda, uma religião espiritualista que agrega, desde o nascedouro, as camadas mais pobres da população, desde o início do século XX. Por que adotou esse nome? Segundo se diz, em razão de ter sido um padre inquisidor que reencarnara no Brasil como caboclo, tendo absorvido a cultura africana e seu sincretismo com a religião católica no âmbito dos vários cultos desenvolvidos pelos escravos. Ao ser questionado sobre sua identidade houve por bem, no contexto do planejamento de instituir um culto espiritualista para as classes socialmente menos aquinhoadas, adotar uma denominação que ressoaria na alma exatamente daqueles que já se embalavam nos conceitos oriundos dos cultos afro-brasileiros. Expôs-se como alguém a quem não haveria caminhos fechados. Ou seja, alguém que teria vencido as encruzilhadas da Vida. O Caboclo das Sete Encruzilhadas adotou o significativo numeral “Sete”, provavelmente por sua natureza mística, cabalista, tomando-lhe o sentido de completitude.  Ao mesmo tempo, deixou desde logo claro que o irmão de jornada na Terra havia que enfrentar as encruzilhadas da Vida e vencê-las.
Indivíduos com alguma instrução catedrática mal disfarçam o descontentamento com os termos simplórios em geral, buscando reforçar as convicções pessoais sob roupagem mais elaborada, por baixo da toga de uma terminologia rebuscada e, algumas vezes, até exótica. Veem um caráter primário nos nomes adotados pela Umbanda mas não enxergam o exotismo de neologismos que, em certos casos, invocam estranhos construtos de palavras por justaposição ou aglutinação. Isso, sem mencionar que há milênios conceitos são expressos nessa seara, pelo que os termos da Umbanda, tanto quanto de qualquer corrente espiritualista, são igualmente válidos desde que compreendidos em seu concerto doutrinário.
Encruzilhadas... Que ninguém, pois, tenha pudores elitistas com o uso dos termos, tirados do comum dia-a-dia dos mais humildes, na expressão de verdades do Espírito, inúmeras vezes vertidas sob linguajar tão rústico quanto elevado é o conhecimento e estatura do Espírito comunicante. Na Roda da Vida são miríades de Espíritos que retornaram ao vaso carnal em experiências toscas nas roças de escravos, nos híbridos de raças que compõem o próprio brasileiro. Tais Espíritos guardam as mais variadas origens. Alguns foram sacerdotes endividados com o Destino; outros, místicos que agrediram o senso de outrem com interpretações desviantes da inevitável Lei do Retorno. Já foi descrito que Espíritos sob a roupagem de um meigo Preto Velho ocultam túnicas que só os grandes iniciados das Escolas de Mistério podiam envergar. Então, todos os Espíritos que se comunicam nos cultos da Umbanda são seres dotados de elevado conhecimento? Claro que não. Isso não é verdade para nenhuma corrente ou religião espiritualista deste orbe. Mas os que comandam os rumos das imensas equipes de obreiros, amparadores, mensageiros, são, sim, Espíritos cunhados nas lições fundamentais em que ainda nos demoramos.

Aliás, outro termo que causa repúdio a tantos é falange. Na Umbanda não se costuma dizer que há equipes de amparadores, mas sim falanges desta ou daquela Entidade. Resguardo-me de mais comentários. Pouco importa o nome que se dê. Que todas as falanges chefiadas por Caboclos ou Pretos Velhos, ou quem for, realizem o trabalho de Luz que só os mais desavisados da senda espiritual podem ignorar.

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