quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Meditação ou Serviço à Humanidade...? Intenção!

Consoante a tradição esotérica dos povos, há dois caminhos (por assim dizer, mais comuns) para a ascensão. A meditação e o serviço à humanidade. "Meditar" tornou-se um autêntico mistério para a maioria dos ocidentais, enquanto que no Oriente é uma postura encarada com mais naturalidade. Por outro lado, o serviço à humanidade é mais ostensiva no Ocidente, visto quase sempre como algo vinculado a tarefas sociais realizadas por entidades assistenciais. Cabe aí analisar o sentido de ambas as condutas.


Do ponto de vista essencialmente humanitário, a atividade assistencial tem efeitos obviamente mais importantes para os hipossuficientes do que quaisquer lições filosóficas acerca do sentido da vida. Bem nesse contexto, a grande maioria dos hipossuficientes, por sua vez, se vê às voltas com restrições de toda ordem, não se dispondo a cogitações além de suas buscas imediatas.


A meditação costuma levar o ser a um grau de serenidade maior, o que influi inclusive no padrão de reatividade às carências enfrentadas. Por certo não se cuida de uma regra, mas a educação desde o lar, no Oriente, amolda pessoas, no geral, menos dramáticas.


Exceções sempre há... A questão que se propõe é perscrutar se a atividade assistencial ou a meditação realmente levam à ascensão espiritual de quem as pratica.


Por mais evidente que seja, vale sempre reiterar: nada supera a intenção com que algo é ou deixa de ser feito. Ajudar alguém para ganhar o reino dos céus é uma auto-corrupção tão imoral quanto inútil, valendo apenas pela gratidão (se realmente houver) daquele que recebe o auxílio. Meditar sem nada fazer é o mesmo que morrer de sede ao lado de uma fonte, por preguiça de ir até a água...


Muita gente passa uma vida inteira pensando, pensando, pensando em como... meditar... Outros tantos meditam, meditam, meditam... a fim de eleger um objetivo para viver... É necessário um mínimo de senso prático para que o ser não relegue toda uma existência à inutilidade.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Cristandade e dor... A ameaça e o medo como instrumentos de dominação.

Neste espaço de cogitações livres, assim já me pus acerca de Jesus Cristo:




Mas gostaria de acrescer algumas outras considerações sobre os aspectos históricos da formação da cristandade.


Como dizer que uma instituição secular funda-se na mentira, no engodo, no embuste? O tempo, que transforma montanhas em vales, muitas vezes atenua o erro e semeia a virtude onde só havia o vício e as intenções não valiam senão por interesses mesquinhos. Então, que dizer de uma religião com milhões de seguidores? Que dizer da fé que se amoldou em um fictício construto de tradições pagãs elevadas à condição de dogma fundamental? Que dizer da esperteza de um governante sedento de poder e de sacerdotes não menos desejosos de autoridade eclesiástica?




Uma doutrina horrível nasceu da comunhão dos interesses de Constantino e de vários Bispos da então iniciante fé cristã. No começo do século IV o Imperador Constantino autorizou os cristãos à profissão de sua fé, realizando poucos anos depois um concílio na cidade de Nicéia em que, ao pretexto da discussão de divergências teológicas, cunhou uma doutrina bem delineada aos seus interesses e sob os contornos de suas próprias convicções. Buscando massificar sua influência e dominação através da fé cristã, retirou os cristãos das catacumbas em que se reuniam e deu-lhes templos e liturgia. Já aí desestruturou um dos fundamentos do cristianismo primitivo, promovendo a edificação de igrejas para quem, até então, livremente adorava seu Deus nas reuniões livres e na concepção de ter no coração o templo sagrado da fé. Adotou o mito solar dos egípcios e as datas pagãs, demarcando no calendário eventos como solstícios e equinócios sob designações outras.


O próprio Cristo teve sua história recontada ao preço da destruição de centenas de escritos, restando apenas quatro evangelhos que rascunham o mito solar sob a trindade que a cultura dos faraós narrava desde a antiguidade, ecoando com a trindade dos indianos e de outras tradições inclusive do médio oriente.


O maior dos Mestres que esteve entre nós teve sua vida recontada sob eventos e narrativas que se repetem nos evangelhos canônicos em detrimento de centenas de outros evangelhos, por assim dizer, cassados. Jesus, o grande Avatar da Era de Peixes, que nos ensinou a Lei do Amor, reuniu os seus seguidores e os identificou por dois peixes. A doutrina de Constantino instituiu o culto à cruz, venerando um instrumento de tortura e morte.


Aprendemos a ver no sofrimento de Jesus a prova de seu Amor pelos homens, subvertendo o conteúdo de seu ensinamento à conta de uma discutível homenagem à dor, ao assassínio, venerando pelo sofrimento aquele que nos veio trazer a noção de elevação do espírito a Deus, de incondicional amor ao semelhante, de merecimento por sublimação da conduta e, fundamentalmente, de um viver de alegria, paz e comunhão com o Alto.


Aprendemos a ter em mente a imagem de um mártir ensangüentado, humilhado, ferido, torturado e traído, mantendo esquecido o homem que brincava com as crianças, que sorria, que ensinava por parábolas e caminhava com seus discípulos, livre e feliz por trazer a boa nova de amor e de libertação para todos sem distinção.


O concílio asseverou que o Mestre era o próprio Deus encarnado. Trouxe o Criador à Terra, confundindo-O com Seu nobre filho, para confundir o homem na crença de que, tendo sido Jesus morto na cruz, o próprio Deus assim foi ofendido.


O cristão foi condenado a ser o profitente de uma fé erguida sobre o assassinato de seu Deus enquanto homem. Eis aí o veneno mortal inoculado em séculos dessa monstruosa doutrina: o homem tomou o próprio Deus em suas mãos e o matou numa cruz.


A maior das ironias: tomou a cruz como símbolo de sua fé.