Antigamente o termo que definia o volume de um sólido geométrico era capacidade.
Gosto de pensar que essa expressão é bem mais interessante e rica. Por que? Porque deixa evidente desde logo que aquele corpo não poderá acolher além de sua capacidade. Um litro de água é a capacidade, digamos de um dado cone; sabemos que esse cone só poderá reter, acolher, enfim, conter um litro de água no máximo - é sua capacidade.
Tenho para mim que o ser, em cada momento de sua Vida, tem uma certa capacidade de absorver o todo à sua volta. Evoluir implica em aumentar essa capacidade. Dessa forma, um aspecto que ressalta aos olhos é jamais ter a expectativa de que o ser abarcará mais do que pode.
A indulgência tem também esse matiz. E eu o considero o mais complexo e difícil de realizar.
Aplicar na Vida o "deixe estar" aos que não conseguem absorver o que tanto tentamos lhe passar exige aquele insight que ilumina a percepção do limite atingido...
Cada um de nós é como um vaso disforme, que a evolução faz crescer e ajustar-se às arestas corretas. Não podemos saber facilmente qual a capacidade de cada um, até porque a forma varia consoante o ser adota esta ou aquela atitude e recebe-lhe as consequências. Por isso mesmo é preciso que deixemos de tentar fazer valer sempre e sempre o que elegemos como nossa convicção plena... Deixe estar... Depois de algum tempo inevitavelmente a coisa se esclarece (ainda que leve mais do que uma jornada física). O mais interessante é que nem sempre veremos nossa convicção se firmar... Por vezes, mudaremos nós nossas arestas, acertando-as para o crescimento.
Assim, uma forma de indulgência que considero relevante é simplesmente deixar, sem nenhuma crítica ou sentimento de menosprezo, que cada um pense como quiser, ainda que nos pareça uma autêntica bobagem...
Estou, de minha parte, longe de conseguir essa postura... Mas estou tentando aprender a agir assim.
Estudos Esotéricos Livres PAZ E SERENIDADE --- Quando o Espírito desaba, resta-nos sempre a serenidade dos escombros...
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 8 de agosto de 2010
Dia dos Pais
Há muitas missões para o homem de boa-vontade... Basta ao ser vibrar com seu coração aberto às obras e a Luz sintonizará em sua essência, trazendo as "coincidências" que plantam em seu dia-a-dia os fatos e circunstâncias providenciais.
Com a paternidade a Vida é mais exigente.
Ser pai significa viver o melhor possível para que nosso exemplo seja água límpida a despertar, nos filhos, o máximo de suas potencialidades. É uma missão e, ainda mais relevante, é aprendizado posto em prática. Ser pai é deglutir o salgado excessivo das circunstâncias inevitáveis, sublimando questões e o simples detalhe de "ter razão", em prol do bem maior que é a sustentação de um senso equilibrado que possa delinear nas almas infantes um harmônico, o mais fiel possível, da conduta elevada a que apontam os ensinamentos superiores do Amor Incondicional.
Fiquem todos os pais deste mundo com a minha sincera gratidão.
Com a paternidade a Vida é mais exigente.
Ser pai significa viver o melhor possível para que nosso exemplo seja água límpida a despertar, nos filhos, o máximo de suas potencialidades. É uma missão e, ainda mais relevante, é aprendizado posto em prática. Ser pai é deglutir o salgado excessivo das circunstâncias inevitáveis, sublimando questões e o simples detalhe de "ter razão", em prol do bem maior que é a sustentação de um senso equilibrado que possa delinear nas almas infantes um harmônico, o mais fiel possível, da conduta elevada a que apontam os ensinamentos superiores do Amor Incondicional.
Fiquem todos os pais deste mundo com a minha sincera gratidão.
domingo, 1 de agosto de 2010
Homens e Bonobos
Para meditação:
http://www.artigonal.com/biologia-artigos/bonobos-e-humanos-483466.html
Bonobos E Humanos
Publicado em: 14/07/2008
Até alguns anos atrás, os chimpanzés eram considerados os primatas mais próximos dos seres humanos. Mas existem primatas que se assemelham ainda mais a nós: os bonobos, ou Pan paniscus. As semelhanças genéticas entre chimpanzés e bonobos são tão grandes que os bonobos eram considerados como uma subespécie dos chimpanzés até pouco tempo atrás. Apesar disso, as diferenças comportamentais são tão grandes e tão importantes que o estudo dos bonobos pode mudar muitas concepções errôneas que temos sobre a natureza humana.
Chimpanzés são extremamente violentos. Entre os chimpanzés é comum a existência de uma hierarquia onde o macho mais forte domina os menos fortes, e os machos dominam as fêmeas. A violência e a hierarquia coercitiva dos chimpanzés são usadas para justificar várias teses a respeito da natureza humana. Muitos dizem que nossos ancestrais deveriam se comportar como eles, e que uma das grandes conquistas da humanidade foi a invenção do Estado, onde a violência pode ser contida, e a igualdade pode ser construída. Características da organização dos chimpanzés foram confundidas com características da organização humana primitiva.
Mas a descoberta dos bonobos invalida essa tese, uma vez que bonobos são pacíficos e não apresentam tal divisão hierárquica. Eles provam que não é preciso haver Estado ou qualquer contrato social para que a paz ocorra numa população de primatas. Isto é válido mesmo quando a população tem muitos membros, pois de fato os grupos de bonobos têm bem mais membros que os grupos de chimpanzés.
O que explica a grande diferença de comportamentos entre bonobos e chimpanzés não é sua natureza, pois como vimos eles são quase iguais em termos de genética. O que faz toda a diferença é sua ecologia, seu modo de vida. Chimpanzés vivem da caça, em regiões onde há escassez de vegetais. Eles se dividem em grupos pequenos, e estão em guerra permanente contra os grupos vizinhos. Toda a sua educação valoriza a violência. Os machos aprendem a bater nas fêmeas, para mantê-las submissas. A sobrevivência dos mais violentos também faz com que as fêmeas prefiram acasalar com os mais violentos, pela proteção que eles oferecem. Existem posições sociais entre chimpanzés, que podem ser conquistadas pela luta. A comida é trocada por sexo, favores ou posições sociais.
Já os bonobos vivem da coleta de vegetais. Formam grupos maiores porque não existe rivalidade entre os grupos. Quando um grupo de bonobos se encontra com outro eles fazem sexo entre si ao invés de lutar. Eles praticam sexo sem qualquer violência e sem qualquer restrição. Entre bonobos não há coerção, nem por parte dos machos nem por parte das fêmeas. Eles formam coalizões através de amizades sexuais, cooperando entre si para se proteger, embora os grupos de amizades sejam maiores entre as mulheres. Isto não ocorre entre chimpanzés para que as fêmeas não consigam se defender sozinhas, assim se tornando dependentes dos machos. Seu período fértil é de seis em seis anos, mas praticam sexo a qualquer momento, e mesmo durante o período fértil não há competição por parceiros. Entre as invenções dos bonobos estão o beijo de língua, o sexo frontal e o sexo oral.
Temos aí uma mostra de como uma diferença entre dois modos de vida, um de escassez e outro de abundância, pode determinar comportamentos sexuais. Nós, humanos, não vivemos num modo de vida de escassez. No entanto, a civilização foi projetada por povos que viviam no modo de escassez. A caça foi substituída por uma produção incessante de bens de consumo que asseguram poder, que ocorre de uma maneira não menos competitiva e que não causam menos violência aos seres humanos e demais seres vivos. O interesse em identificar nossa natureza com o comportamento dos Pan troglodytes, os chimpanzés, é justificar nosso comportamento cultural de trogloditas... Agora sabemos que isso não é uma imposição de nossa natureza, é apenas uma escolha de modo de vida. Nossa sociedade não precisa se basear na violência, ela pode se basear na brincadeira, assim como ocorre com nossos parentes paniscus.
(Artigonal SC #483466)
Janos Biro - Perfil do Autor:
Nascido em 1980. Filósofo e escritor.
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Bonobos E Humanos
Publicado em: 14/07/2008
Até alguns anos atrás, os chimpanzés eram considerados os primatas mais próximos dos seres humanos. Mas existem primatas que se assemelham ainda mais a nós: os bonobos, ou Pan paniscus. As semelhanças genéticas entre chimpanzés e bonobos são tão grandes que os bonobos eram considerados como uma subespécie dos chimpanzés até pouco tempo atrás. Apesar disso, as diferenças comportamentais são tão grandes e tão importantes que o estudo dos bonobos pode mudar muitas concepções errôneas que temos sobre a natureza humana.
Chimpanzés são extremamente violentos. Entre os chimpanzés é comum a existência de uma hierarquia onde o macho mais forte domina os menos fortes, e os machos dominam as fêmeas. A violência e a hierarquia coercitiva dos chimpanzés são usadas para justificar várias teses a respeito da natureza humana. Muitos dizem que nossos ancestrais deveriam se comportar como eles, e que uma das grandes conquistas da humanidade foi a invenção do Estado, onde a violência pode ser contida, e a igualdade pode ser construída. Características da organização dos chimpanzés foram confundidas com características da organização humana primitiva.
Mas a descoberta dos bonobos invalida essa tese, uma vez que bonobos são pacíficos e não apresentam tal divisão hierárquica. Eles provam que não é preciso haver Estado ou qualquer contrato social para que a paz ocorra numa população de primatas. Isto é válido mesmo quando a população tem muitos membros, pois de fato os grupos de bonobos têm bem mais membros que os grupos de chimpanzés.
O que explica a grande diferença de comportamentos entre bonobos e chimpanzés não é sua natureza, pois como vimos eles são quase iguais em termos de genética. O que faz toda a diferença é sua ecologia, seu modo de vida. Chimpanzés vivem da caça, em regiões onde há escassez de vegetais. Eles se dividem em grupos pequenos, e estão em guerra permanente contra os grupos vizinhos. Toda a sua educação valoriza a violência. Os machos aprendem a bater nas fêmeas, para mantê-las submissas. A sobrevivência dos mais violentos também faz com que as fêmeas prefiram acasalar com os mais violentos, pela proteção que eles oferecem. Existem posições sociais entre chimpanzés, que podem ser conquistadas pela luta. A comida é trocada por sexo, favores ou posições sociais.
Já os bonobos vivem da coleta de vegetais. Formam grupos maiores porque não existe rivalidade entre os grupos. Quando um grupo de bonobos se encontra com outro eles fazem sexo entre si ao invés de lutar. Eles praticam sexo sem qualquer violência e sem qualquer restrição. Entre bonobos não há coerção, nem por parte dos machos nem por parte das fêmeas. Eles formam coalizões através de amizades sexuais, cooperando entre si para se proteger, embora os grupos de amizades sejam maiores entre as mulheres. Isto não ocorre entre chimpanzés para que as fêmeas não consigam se defender sozinhas, assim se tornando dependentes dos machos. Seu período fértil é de seis em seis anos, mas praticam sexo a qualquer momento, e mesmo durante o período fértil não há competição por parceiros. Entre as invenções dos bonobos estão o beijo de língua, o sexo frontal e o sexo oral.
Temos aí uma mostra de como uma diferença entre dois modos de vida, um de escassez e outro de abundância, pode determinar comportamentos sexuais. Nós, humanos, não vivemos num modo de vida de escassez. No entanto, a civilização foi projetada por povos que viviam no modo de escassez. A caça foi substituída por uma produção incessante de bens de consumo que asseguram poder, que ocorre de uma maneira não menos competitiva e que não causam menos violência aos seres humanos e demais seres vivos. O interesse em identificar nossa natureza com o comportamento dos Pan troglodytes, os chimpanzés, é justificar nosso comportamento cultural de trogloditas... Agora sabemos que isso não é uma imposição de nossa natureza, é apenas uma escolha de modo de vida. Nossa sociedade não precisa se basear na violência, ela pode se basear na brincadeira, assim como ocorre com nossos parentes paniscus.
(Artigonal SC #483466)
Janos Biro - Perfil do Autor:
Nascido em 1980. Filósofo e escritor.
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quarta-feira, 28 de julho de 2010
Luz e Trevas...
Na escuridão qualquer nesga de luz é um bálsamo que devolve o senso de orientação... A caverna de Platão nos fala de algo assim. Por outro lado, o conhecimento traz ao homem a noção de sua própria miséria. Há momentos em que as trevas nos protegem... Eis aí um aparente porém grande paradoxo...
terça-feira, 27 de julho de 2010
A vingança e suas facetas
Já destaquei em vários outros textos que Kardec assevera ter origem no instinto de conservação todas as paixões e vícios do ser humano ("A Gênese" e "O Céu e o Inferno"). Por outro lado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", a vingança é apontada como o último resquício da barbárie humana. Já foi dito que a vingança é um prato que deve ser servido frio, o que bem demonstra a ação do intelecto já desenvolvido na gestão de atitudes norteadas pelo prazer que a vingança traz... Sim, prazer... Infelizmente esse é o termo, prazer.
Por que a vingança é particularmente prazerosa para a maioria das pessoas? O prazer é, grosso modo, a sensação intensamente agradável que um ato ou fato provoca no universo sensorial do ser. Quando o ser humano se sente aviltado, ofendido, seja ou não real a sua desdita, basta imaginar algo de igual intensidade ou até bem pior acontecendo com o desafeto para que uma satisfação se insinue em sua alma...
Quem sabe seja melhor assim... Talvez muitos atos tresloucados sejam evitados pelo mero prazer em imaginar o pior para aqueles que trouxeram dor moral ou física... Talvez... De qualquer modo, o ensinamento cristão aponta no contrazimute de posturas que tais... Jesus ensinou a dar a outra face. Ensinou a perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes... Ensinou a amar aos inimigos... Há quem oculte nos ensinamentos o desejo sorrateiro de vingança, travestindo-o em pensamentos como "Eu o perdôo, mas não queria estar em sua pele diante de Deus!!!"; ou então "Deus vai lhe dar o que merece!!!"... Quem assim pensa, pelo menos já deixou de praticar moto propriu os atos de vingança... Mas continua desejando que o desafeto sofra...
Dizem que "ciúme" é desejar que outrem não tenham o que temos, e que "inveja" é não desejar que outrem tenham o que têm (o invejoso muitas vezes sequer deseja para si o que os outros têm, apenas gostaria que também não tivessem...). A vingança é o desejo mórbido de que a dor que sentimos seja vivenciada pelos nossos desafetos. Curiosamente, o desejo de vingança ocorre até mesmo quanto a dores que não são nossas...
Nesse contexto, continuo concordando com o ensinamento de André Luiz. Tudo indica que a Vida condiciona atração e repulsão no mineral, automatismos fisiológicos no vegetal, instintos no animal e conduta no ser humano...
Depois de evos inteiros na aquisição do enorme tesouro instintivo humano, buscamos condicionar nossa conduta... É o momento da cosmoética determinar os contornos do ser...
Por que a vingança é particularmente prazerosa para a maioria das pessoas? O prazer é, grosso modo, a sensação intensamente agradável que um ato ou fato provoca no universo sensorial do ser. Quando o ser humano se sente aviltado, ofendido, seja ou não real a sua desdita, basta imaginar algo de igual intensidade ou até bem pior acontecendo com o desafeto para que uma satisfação se insinue em sua alma...
Quem sabe seja melhor assim... Talvez muitos atos tresloucados sejam evitados pelo mero prazer em imaginar o pior para aqueles que trouxeram dor moral ou física... Talvez... De qualquer modo, o ensinamento cristão aponta no contrazimute de posturas que tais... Jesus ensinou a dar a outra face. Ensinou a perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes... Ensinou a amar aos inimigos... Há quem oculte nos ensinamentos o desejo sorrateiro de vingança, travestindo-o em pensamentos como "Eu o perdôo, mas não queria estar em sua pele diante de Deus!!!"; ou então "Deus vai lhe dar o que merece!!!"... Quem assim pensa, pelo menos já deixou de praticar moto propriu os atos de vingança... Mas continua desejando que o desafeto sofra...
Dizem que "ciúme" é desejar que outrem não tenham o que temos, e que "inveja" é não desejar que outrem tenham o que têm (o invejoso muitas vezes sequer deseja para si o que os outros têm, apenas gostaria que também não tivessem...). A vingança é o desejo mórbido de que a dor que sentimos seja vivenciada pelos nossos desafetos. Curiosamente, o desejo de vingança ocorre até mesmo quanto a dores que não são nossas...
Nesse contexto, continuo concordando com o ensinamento de André Luiz. Tudo indica que a Vida condiciona atração e repulsão no mineral, automatismos fisiológicos no vegetal, instintos no animal e conduta no ser humano...
Depois de evos inteiros na aquisição do enorme tesouro instintivo humano, buscamos condicionar nossa conduta... É o momento da cosmoética determinar os contornos do ser...
sábado, 24 de julho de 2010
Comer carne? Coma peixes...
O princípio inteligente progride dentre os animais às conquistas instintivas que permitem uma progressiva individualização, ao mesmo em que o raciocínio inaugura-se em fenômenos ainda fragmentários. Se observarmos, em meio aos metazoários em geral, digamos, uma tartaruga, veremos que o espécime não ostenta visíveis atributos de individualidade; um cão doméstico, por outro lado, tem nítidos contornos de individualização. Numa mesma ninhada, encontramos cães com "personalidades" muito diferentes. Nesse contexto, a questão da alimentação carnívora ganha outras possíveis considerações.
De fato, conquanto não exista uma regra absoluta quanto à alimentação humana (humanos, que muitos dizem ser uma espécie onívora), podemos alinhavar premissas válidas acerca do assunto. O homem herda de seu passado animal todo o conserto de instintos que, genericamente, podemos designar como "instinto de conservação", tomando de empréstimo a expressão usada nas obras "A Gênese" e "O Céu e o Inferno" (Kardec). Assim, o homem mantém o seu cabedal de instintos, aquisições sem as quais não teria progredido na senda evolutiva. Todavia, com a conquista do raciocínio contínuo (requisito para a individualidade plena), passa a cogitar de tudo o que aprende, chegando, num dado momento, à valoração moral de sua conduta.
Sendo assim, percebe que os demais metazoários que comungam deste planeta têm, uns mais outros menos, traços de consciência acerca de si mesmos. Mesmo os que comem carne com habitualidade vez por outra se vêem às voltas com a questão da matança de animais para fins industriais, como fonte de alimentação de massa. Milhões de animais são sacrificados, sem quaisquer preocupações com o nível de consciência, mesmo incipiente, que eventualmente tenham.
Só mesmo quem já viu a entrada de bovinos na fila do matadouro sabe como aqueles animais tocam-se de extrema angústia, ansiedade, desespero, medo... Percebem, de alguma forma, que vão morrer. Não precisamos nos deter nesta análise. O ponto relevante é: se podemos comer carne, como condição natural do ser humano, como poderíamos conciliar a depredação de metazoários com um nível mínimo de respeito cosmoético às vidas em progresso naqueles espécimes?
(Não vamos discutir aqui a opinião de quem não vê a necessidade de tais preocupações... Tampouco procuraremos explicar a sinceridade dessas preocupações.)
Inevitável vislumbrar a diferença de nível evolutivo entre um bovino e um peixe. O peixe é um metazoário cujos espécimes compõem, de modo evidente, um ente coletivo (não falamos de mamíferos aquáticos). Um cardume de peixes é, por assim dizer, um organismo coletivo. Na grande maioria os animais são assim, mas fica bem mais nítido em algumas espécies, notadamente de peixes. Bovinos reúnem-se em grupos, sem dúvida. No entanto, cada espécime tem grandes conquistas de individualidade, diferentemente do que ocorre com os peixes. Alguém já viu um espécime de peixe assumindo conduta individual, conforme as circunstâncias? Alguém já viu um peixe que aprende em algum experimento de laboratório? Os peixes, até onde se sabe, não sofrem o estresse oriundo da ansiedade, da angústia. Seus veios de energia não se refletem em fluxos hormonais no corpo físico, como ocorre com os bovinos, caprinos, equinos etc. Mesmo que um peixe morra sem poder respirar, não deixará seu corpo físico banhado de substâncias bioquímicas denunciadoras do medo e da agonia que um bovino sente ao perceber-se prestes a ser morto. Um peixe "sofre" tão-somente a falência das funções vitais no corpo físico.
Eis aí uma grande diferença.
A carne em geral que comemos traz em si o registro do desespero do animal abatido. Já a carne do peixe, não. A Natureza é sábia. A carne mais saudável à alimentação do corpo físico do homem é também a menos danosa para sua consciência.
De fato, conquanto não exista uma regra absoluta quanto à alimentação humana (humanos, que muitos dizem ser uma espécie onívora), podemos alinhavar premissas válidas acerca do assunto. O homem herda de seu passado animal todo o conserto de instintos que, genericamente, podemos designar como "instinto de conservação", tomando de empréstimo a expressão usada nas obras "A Gênese" e "O Céu e o Inferno" (Kardec). Assim, o homem mantém o seu cabedal de instintos, aquisições sem as quais não teria progredido na senda evolutiva. Todavia, com a conquista do raciocínio contínuo (requisito para a individualidade plena), passa a cogitar de tudo o que aprende, chegando, num dado momento, à valoração moral de sua conduta.
Sendo assim, percebe que os demais metazoários que comungam deste planeta têm, uns mais outros menos, traços de consciência acerca de si mesmos. Mesmo os que comem carne com habitualidade vez por outra se vêem às voltas com a questão da matança de animais para fins industriais, como fonte de alimentação de massa. Milhões de animais são sacrificados, sem quaisquer preocupações com o nível de consciência, mesmo incipiente, que eventualmente tenham.
Só mesmo quem já viu a entrada de bovinos na fila do matadouro sabe como aqueles animais tocam-se de extrema angústia, ansiedade, desespero, medo... Percebem, de alguma forma, que vão morrer. Não precisamos nos deter nesta análise. O ponto relevante é: se podemos comer carne, como condição natural do ser humano, como poderíamos conciliar a depredação de metazoários com um nível mínimo de respeito cosmoético às vidas em progresso naqueles espécimes?
(Não vamos discutir aqui a opinião de quem não vê a necessidade de tais preocupações... Tampouco procuraremos explicar a sinceridade dessas preocupações.)
Inevitável vislumbrar a diferença de nível evolutivo entre um bovino e um peixe. O peixe é um metazoário cujos espécimes compõem, de modo evidente, um ente coletivo (não falamos de mamíferos aquáticos). Um cardume de peixes é, por assim dizer, um organismo coletivo. Na grande maioria os animais são assim, mas fica bem mais nítido em algumas espécies, notadamente de peixes. Bovinos reúnem-se em grupos, sem dúvida. No entanto, cada espécime tem grandes conquistas de individualidade, diferentemente do que ocorre com os peixes. Alguém já viu um espécime de peixe assumindo conduta individual, conforme as circunstâncias? Alguém já viu um peixe que aprende em algum experimento de laboratório? Os peixes, até onde se sabe, não sofrem o estresse oriundo da ansiedade, da angústia. Seus veios de energia não se refletem em fluxos hormonais no corpo físico, como ocorre com os bovinos, caprinos, equinos etc. Mesmo que um peixe morra sem poder respirar, não deixará seu corpo físico banhado de substâncias bioquímicas denunciadoras do medo e da agonia que um bovino sente ao perceber-se prestes a ser morto. Um peixe "sofre" tão-somente a falência das funções vitais no corpo físico.
Eis aí uma grande diferença.
A carne em geral que comemos traz em si o registro do desespero do animal abatido. Já a carne do peixe, não. A Natureza é sábia. A carne mais saudável à alimentação do corpo físico do homem é também a menos danosa para sua consciência.
sábado, 26 de junho de 2010
Culpa, o veneno nosso de cada dia...
O ser evolui pela senda do automatismo instintivo, aprimorando sobremodo o instinto de conservação sob pena de não aperfeiçoar-se (adaptar-se) o suficiente e, por seleção natural, deixar de existir. Nesse concerto, como expressamente diz a Doutrina Espírita (principalmente o Livro dos Espíritos, A Gênese e O Céu e o Inferno), conforme o ser progride pela fase de humanização e ganha consciência ética, as ações decorrentes dos automatismos instintivos passam a constituir vícios e paixões, no sentido de que o ser, então, conhece o aspecto prazeroso que ultrapassa a satisfação da mera necessidade.
A cada milímetro conquistado de consciência ética, tanto mais culpado sente-se o ser por agir em desconformidade com os foros de "certo e errado" que florescem.
Já hodiernamente, quando fazemos algo ruim a um semelhante e nos arrependemos, é comum que o remorso nos remeta a um desejo quase inconsciente de pagar pelo erro, de compensar, enfim, de fazer algo que possa nos atenuar a sensação de culpa. Esse sentimento, é claro, só existe em quem adquiriu valores éticos e tenham assumido padrões mínimos de valoração da conduta.
Mas, desde que existam esses valores conquistados, o ser passa a ter uma necessidade de sentir-se redimido, no mais das vezes, através de alguma punição --- já que é mais fácil punir-se do que trabalhar em prol da reconciliação.
Creio que, nos exatos contornos dos ensinamentos doutrinários, não existe o "karma" como punição, ou como consequência fatal, mas sim como o que nós mesmos forjamos para nós através de nossas culpas. A consciência (entendida aqui como a noção do erro cometido) está alocada no âmago de nosso ser; não há ninguém buscando nos castigar, tampouco permitiríamos ser castigados por algum processo obsessivo se não tivéssemos janelas escancaradas para o ingresso do pensamento algoz --- a nossa culpa.
De fato, a sintonia que estabelecemos com nossos semelhantes (tanto no plano físico como no plano espiritual) pelos padrões de nossa vida psíquica, é forte vinculação que realimenta o comportamento vicioso mutuamente. Mesmo nos desvarios aparentemente menos danosos, como a gula, o senso de desequilíbrio sedimenta-se e edifica uma crescente certeza de conduta errada --- o ser se perde em sua culpa e, ansioso, ainda mais fica suscetível à egrégora de pensamentos e emoções em que comungam gulosos de toda sorte.
Para deixarmos de sentir culpa é primordial que abandonemos as auto-corrupções. Ao menor sinal de que estamos fazendo ou deixando de fazer algo, numa conduta que nossa consciência detecta como "erro", devemos ajustar o comportamento. Orai e vigiai.
A cada milímetro conquistado de consciência ética, tanto mais culpado sente-se o ser por agir em desconformidade com os foros de "certo e errado" que florescem.
Já hodiernamente, quando fazemos algo ruim a um semelhante e nos arrependemos, é comum que o remorso nos remeta a um desejo quase inconsciente de pagar pelo erro, de compensar, enfim, de fazer algo que possa nos atenuar a sensação de culpa. Esse sentimento, é claro, só existe em quem adquiriu valores éticos e tenham assumido padrões mínimos de valoração da conduta.
Mas, desde que existam esses valores conquistados, o ser passa a ter uma necessidade de sentir-se redimido, no mais das vezes, através de alguma punição --- já que é mais fácil punir-se do que trabalhar em prol da reconciliação.
Creio que, nos exatos contornos dos ensinamentos doutrinários, não existe o "karma" como punição, ou como consequência fatal, mas sim como o que nós mesmos forjamos para nós através de nossas culpas. A consciência (entendida aqui como a noção do erro cometido) está alocada no âmago de nosso ser; não há ninguém buscando nos castigar, tampouco permitiríamos ser castigados por algum processo obsessivo se não tivéssemos janelas escancaradas para o ingresso do pensamento algoz --- a nossa culpa.
De fato, a sintonia que estabelecemos com nossos semelhantes (tanto no plano físico como no plano espiritual) pelos padrões de nossa vida psíquica, é forte vinculação que realimenta o comportamento vicioso mutuamente. Mesmo nos desvarios aparentemente menos danosos, como a gula, o senso de desequilíbrio sedimenta-se e edifica uma crescente certeza de conduta errada --- o ser se perde em sua culpa e, ansioso, ainda mais fica suscetível à egrégora de pensamentos e emoções em que comungam gulosos de toda sorte.
Para deixarmos de sentir culpa é primordial que abandonemos as auto-corrupções. Ao menor sinal de que estamos fazendo ou deixando de fazer algo, numa conduta que nossa consciência detecta como "erro", devemos ajustar o comportamento. Orai e vigiai.
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