Alguns aspectos da vida dos animais fazem-nos pensar na surpreendente estatura que a inteligência atinge mesmo nos predadores selvagens. Ainda há a noção equivocada, na maioria das pessoas, de que os grandes predadores são massas musculares de força bruta. É do imaginário de muitos que leões e leopardos, por exemplo, sejam verdadeiros rolos compressores que caçam suas presas com facilidade e as devoram sem quaisquer preocupações.
Por outro lado, é comum também a ideia de que as presas, digamos, os antílopes, não passam de herbívoros toscos que se limitam a uma fuga instintiva e desesperada.
No entanto, a ciência hoje já observou o aprendizado que os guepardos realizam ao se aproximar de um grupo de antílopes. Chegam a ficar uma hora na espreita, lentamente se movendo. Usam do vento para evitar que seu cheiro os denuncie, mantendo-se cautelosamente em posição adequada. Quando elegem a presa que inicialmente atacarão, partem na dinâmica de um organismo sofisticadamente projetado para a máxima aceleração e velocidade. A cabeça, menor e mais aerodinâmica do que a de outros felinos, une-se à coluna através de ligamentos extremamente flexíveis. Observar um guepardo no auge de sua velocidade é fascinante. O corpo se estende em movimentos extremos enquanto a cabeça permanece incrivelmente nivelada a fim de manter os olhos aptos à visão plena da presa. O grupo de antílopes se dispersa na fuga, pelo que o guepardo, em frações de segundo, verifica os obstáculos que existem entre esse ou aquele espécime, cuidando de adotar o que esteja com campo mais livre e, ao mesmo tempo, dentro do limite de aproximadamente 30 segundos de sua explosão muscular. Mais importante do que a duração da explosão muscular, a temperatura do guepardo em muito aumenta após algum tempo de corrida, sendo fatal para o cérebro caso seja irrigado com sangue acima de 39 graus centígrados.
Por sua vez o antílope, longe de simplesmente partir em corrida cega, adota saltos de até 3 metros de altura como meio de fugir ao campo vertical da visão do guepardo. Quando percebe o felino muito próximo, usa de extrema agilidade para ziguezaguear e saltar. O guepardo necessita de vários ataques para conseguir pegar uma presa.
E não termina aí. Como tem a estrutura física aprimorada para a velocidade, não tem garras nem cabeça que permitam estraçalhar a presa. Toma a presa pelo pescoço e a estrangula com a boca. Segura-a por até 10 minutos, enquanto respira ofegantemente para baixar o ritmo cardíaco. Cerca de metade das presas assim caçadas terminam sendo perdidas para predadores maiores. É que leões costumam ficar observando o trabalho dos guepardos e, após a presa ter sido interceptada, apresentam suas garras e dentes enormes para afugentar o guepardo.
O antílope, que não consegue correr à mesma velocidade que o guepardo, além de sua extrema agilidade em saltar e mudar de trajetória, conta com um órgão muito interessante, que não existe em seu predador. É uma vasta derivação da artéria que irriga o seu cérebro exatamente na cavidade nasal. A respiração ofegante do animal, durante a fuga, resfria o sangue que sobe até o cérebro, pelo que pode manter-se em plena corrida por mais tempo que o guepardo.
Enfim, temos aí pequenos exemplos da extrema capacidade desses seres elegerem sua conduta conforme o meio exige. Além disso, fica bastante evidente que a evolução das espécies obedece planos muito bem traçados e sofisticados de aprimoramento em cada nicho ecológico.
Mesmo assim há espiritualistas que hesitam em ver nos animais seres de mesma origem que nós, humanos, apenas mais recentes em sua jornada pela Obra.
Ótimo!
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