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domingo, 21 de junho de 2015

LAMÚRIAS

A Vida é --- às vezes por décadas --- cheia de espinheiros... É porque é, NÃO ADIANTA tentarmos "entender", sob pena de ganharmos apenas mais e mais desiquilíbrios...
Se para quem verbaliza é um pedido de socorro, para quem se põe ao lado é uma tortura...
Então, o bom-senso recomenda que esse fenômeno humano não se torne um hábito...
O desequilíbrio apenas aumenta.

"O atento observador não terá qualquer dificuldade em constatar a gigantesca quantidade de reclamações, lamúrias ou lamentações que as pessoas, em geral, proferem no dia a dia. Reclama-se de tudo. Se, eventual e muito raramente, não houver motivo para lamentar, a lamúria é dirigida ao clima, seja porque está fazendo muito calor ou muito frio, seja porque não tem chovido ou tem chovido muito etc.
Entretanto, entendemos que esse hábito (ruim, repetitivo e infeliz) precisa ser eliminado o quanto antes, uma vez que em nada ajuda e, como se não fosse suficiente, não resolve qualquer preocupação, problema ou dificuldade, como é fácil concluir pelo uso da razão, do equilíbrio e especialmente do bom senso que, no dizer da Academia Brasileira de Letras, é a capacidade de julgar o que é bom e o que é ruim; equilíbrio: o uso do bom senso ajuda as nossas escolhas (Dicionário Escolar da Língua Portuguesa, Companhia Editora Nacional, 2ª edição, 2008, página 1172).
Para os Espíritas ou simpatizantes do Espiritismo não será difícil tal empreitada pelo simples e bom motivo de que o uso dos filtros da razão, da lógica, do equilíbrio e do bom senso é de reiterado aconselhamento em O Livro dos Espíritos, a obra fundamental do Espiritismo, bem como em suas demais obras basilares, de que é exemplo a inigualável definição de fé:  inabalávelsó o é a que pode encarar frente a frentea razão, em todas as épocas da Humanidade (encontrável no frontispício de O Evangelho segundo o Espiritismo, 111ª edição FEB, 1995). Diante de sua considerável importância, cumpre também não perder de vista que Allan Kardec foi considerado o bom senso encarnado.
É curioso, por outra parte, como em geral se costuma dar ênfase aos atos negativos, que efetivamente existem, até porque vivemos em um planeta de expiações e de provas, em que ainda prevalecem o mal e a imperfeição.
Nada obstante, são incontáveis os atos positivos que acontecem na Terra, com pouquíssima divulgação, de que são exemplos mínimos os avanços da Ciência e da Tecnologia (com pesquisas, estudos e ensinamento) favorecendo a milhões de pessoas nas áreas da saúde, da instrução, da comunicação, na facilitação de trabalhos de variada ordem etc. Há, com efeito, um enorme e imensurável número de pessoas no orbe terrestre trabalhando pelo Bem, em silêncio, sem alarde, fazendo a sua parte com qualidade, com zelo, com amor.
Assim, por esta e por tantas outras razões facilmente identificáveis, é de todo conveniente que mudemos nossa postura e compostura, eliminando a reclamação, a lamúria, a lamentação, em nosso próprio favor e também em favor das pessoas com as quais nos relacionamos no dia a dia.
Lembremo-nos a esse propósito do que afirmou André Luiz, Espírito, pela psicografia do eminente médiumFrancisco Cândido Xavier, no excelente livro Agenda Cristã [capítulo denominadoNão estrague o seu dia]: As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você (43ª edição FEB, 2005, página 120). Para que se tenha uma ideia do tempo decorrido desse incontestável e admirável ensinamento, a edição inicial do livro Agenda Cristã foi publicada em 1948, há 64 anos, portanto.
Diante do texto antes reproduzido, cabe perguntar: se nossas reclamações, mesmo as afetivas, não acrescentam nos que nos ouvem um só grama de simpatia por nós, para que servem então? Se nem a simpatia de nosso interlocutor conseguimos, conseguiremos com elas resolver algum problema? Evidentemente que não. Mais grave ainda: com reclamações, corremos o sério risco de afastar pessoas de nosso convívio, sejam elas próximas ou não.
Nessa mesma linha de entendimento,Joanes, Espírito, através do ilustrado médium escrevente Raul Teixeira, com precisão e clareza recomenda: Dessa maneira, meu irmão ou minha irmã, evite estar se lamentando acerca dos acontecimentos da sua estrada terrena. Você já sabe onde elas deverão conduzi-lo. Você deve admitir que o próprio indivíduo é responsável, consciente ou inconscientemente, por tudo o que se desdobra em seu caminho terrestre. É a lei do merecimento em plena ação, exigindo trabalho transformador para a vida (encontrável no livro Para uso diário, 5ª edição Fráter, 2008, página 121).
Diante do exposto, conveniente relembrar que uma das bandeiras do Espiritismo é tornar melhores as pessoas que o compreendem, e para compreendê-lo é indispensável ler e estudar suas obras basilares, as quais, repetimos para enfatizar, recomendam que sempre usemos os filtros da razão, da lógica, do equilíbrio e do bom senso na tomada de nossas decisões, sejam elas simples ou complexas.
Logo, se com o brevíssimo embasamento aqui trazido a razão nos conduz à conclusão de que reclamar não adianta, que não resolve absolutamente nada e que ainda agrava a nossa situação, pela simpatia que não conquistamos de quem nos escuta, assim como pelo alto risco que corremos de afastar as pessoas e, além disso, que a lei do merecimento exige trabalho transformador para a vida, parece não haver dúvida de que o melhor mesmo é procurar impor silêncio às nossas reclamações e, por esse modo, tornarmo-nos melhores, mais agradáveis, tendo mais paciência, mais tolerância, mais compreensão, mais bondade e, principalmente, mais amor na mente e no coração, com o que seguramente seremos muito mais felizes aqui e agora.

http://www.mundoespirita.com.br/?materia=reclamar-resolve

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Natal... Oração e Ação!


Muitas vezes as coisas da vida parecem meros simulacros de idéias boas porém inatingíveis... Conceitos áureos de benevolência, indulgência e perdão perdem-se em meio ao egoísmo com que a grande maioria se embala diante dos fatos comuns do dia-a-dia. Isso quando não se tornam apenas uma mal dissimulada vestimenta para a vaidade dos que se acham “bonzinhos” e legitimados às bênçãos do céu.

A auto-corrupção com que tantos se deitam no divã das vítimas chega a patamares patológicos. Para muitos não há como vencer o inimigo que se situa em sua própria alma... Sentem-se as eternas vítimas dos infortúnios que, em grande parte, são por si mesmos forjados no destino.

Falta coragem... Aliás, duas possibilidades existem para todo e qualquer ser humano:

  1. Ou se apega à fé religiosa e transcende os obstáculos sob a força da confiança plena na ordem absoluta do Cosmos,
  2. Ou chama para si a responsabilidade de enfrentar as dificuldades e combater com todas as suas forças, seja qual for o estado em que as coisas se acham a cada momento.

Fora dessas opções o ser encontra apenas a degradação de si mesmo, definhando sob a centrípeta covardia que o deforma em direção a seu próprio ego...

  1. A prece sincera é um instrumento verdadeiramente sagrado de elevação da alma. 
  2. O bom combate aproxima o homem do senso de dever, muito acima do mero livre-arbítrio.


Portanto:

  • Todo aquele que buscar o socorro das Luzes do Céu (1)
  • enquanto luta com destemor pela realização de seus deveres (2),
  • atingirá a ascensão e o desapego dos valores comezinhos da vil realidade que a maioria insiste em cultivar.


BOM NATAL... PRÓSPERO 2013...



sábado, 7 de abril de 2012

PÁSCOA

"Páscoa", do hebraico, significa basicamente "passagem". Para os judeus, simboliza a passagem do povo pelo mar vermelho, assumindo o significado de libertação. Para os cristãos, a passagem do Cristo para a Vida Eterna, a ressurreição.


Num ou noutro sentido, a páscoa nos permite momentos de carinho e proximidade com a família e o ensejo de meditarmos sobre nossa passagem pela Terra. 

O Mestre nos ensinou a procurar, primeiro, as coisas do céu... O Pai, conhecendo nossas necessidades, bem cuida de Seus filhos, vindo-nos por acréscimo tudo o que a Vida nos exige.

Nessa passagem, portanto, devemos volver os olhos para cima. Estamos no ponto mais baixo da matéria e, exatamente por isso, nos clama a Luz interior para que elevemos o pensamento e cultivemos os dons magnos da alma.

A Libertação nos vem pela conduta reta, baseada na benevolência, na indulgência e no perdão. 

Desejo a todos que cada pedaço de chocolate seja um carinhoso convite para a ascensão. Que o ovo nos simbolize o germinar da Alma em sua elevação ao Pai. 

EU SOU O QUE EU SOU nos convida em cada momento para a jornada (Ex. 3,14).

E aos que se distanciam nas areias do tempo, deixo minha lembrança e um aceno... Quem se perde na secura do deserto acostuma-se a prantear por um oásis, olvidando que o Sol é o mesmo para todos e igualmente ilumina a senda de cada um.

Lancemos aos monturo toda lamúria e revolta... porquanto, como grãos de uma ampulheta, a passagem flui e a libertação é conquista e não prêmio por lágrimas improdutivas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O vôo dos pássaros...

(Após meditar sobre a Mônada Celeste, vêm-me as seguintes cogitações)
Como falar do vôo dos pássaros? Por que Deus concedeu a graça do vôo aos pássaros e não ao homem? Mesmo na Terra, vivendo entre os ostensivos limites da matéria, os pássaros comungam da liberdade que só as almas libertas conhecem...
A liberdade do vôo... Tavez Deus saiba que as criaturas aladas, pelo asserenamento com que se recobriram de plumas, poderiam ganhar o espaço mesmo sob o peso de um corpo de barro...
São poucos os homens que podem voar... São poucos os pássaros que não o podem...
Somos uma multidão que rasteja à poeira... Eles se desenham nos céus num delta de delicado traço, agrupando-se com beleza ao vencer a altitude..
Por que os pássaros são tão lindos, em plumagens vívidas de refinado colorido, fazendo inveja aos lírios do campo? Por que os homens são tão toscos, grunhindo ímpetos de conquista como se as porções de chão e poeira fossem o céu de seus sonhos?
Só mesmo quem já observou um beija-flor para saber o que é a suavidade e o extremo requinte de um sofisticado vôo...
O vôo dos pássaros nos lembra que a liberdade é uma conquista para a qual o menor dos valores é o conhecimento e o ilusório orgulho por um pretenso livre-arbítrio...

sábado, 16 de outubro de 2010

Confiança - Dom Magno da Alma

Um dos aspectos mais árduos da ascensão de cada consciência deste plano é manter a postura mental de serenidade ante os inevitáveis obstáculos que nossa condição evolutiva enseja. Como já dito em posts anteriores, é da Doutrina Espírita (principalmente nos livros A Gênese e O Céu e o Inferno) que o instinto de conservação engendra, durante a ascensão evolutiva na fase de humanização, uma série de arrastamentos que originam os vícios e paixões (na terminologia de Kardec).


O imenso acervo de instintos é um tesouro inestimável do ser, mas na fase de consciência contínua, com a clara noção de individualidade, o livre-arbítrio relativo do ser o põe à frente de decisões e, por extensão, nasce a valoração da conduta.


Ainda em meio às tormentas que os fluxos energéticos do corpo espiritual induz como hormônios no corpo físico, o animal passa a cogitar de si e do que o senso progressivo de valoração lhe traz. Não é fácil, pois, ao ser equilibrar-se nessa efervescência.


Não por outra razão, desde a mais profunda antiguidade (da história humana) os Mestres vêm ensinando os valores magnos da Alma, os parâmetros seguros da elevação espiritual. Fizeram-no, desde sempre, através dos Mitos. A Mitologia dos povos antigos são riquíssimas fontes de ensino simbólico em que gerações sucederam-se no aprendizado sofisticado dos Mistérios.


Um dos pontos mais preciosos do ensino atemporal que vem sendo ministrado para os homens em geral é o dom sagrado da CONFIANÇA.


Muito mais relevante do que a fé religiosa, a crença pela crença, a fé raciocinada (como dizia Kardec), ou a meditação, manter uma postura mental de confiança no todo universal é o mecanismo para a conquista da Paz e da Serenidade. Na verdade, tenho para mim que a essência da fé ou da meditação é (ou deveria ser) a confiança em Deus --- Deus, aqui, tomado na acepção do Todo Universal, ao mesmo tempo Criador e Criação --- o Logos.


A valoração da conduta traz ao homem a noção das consequências que advêm de sua tomada de decisões. O homem não tem como ascender de um salto à angelitude. Portanto, deve se ater (com absoluta sinceridade consigo mesmo) à boa-vontade, à indulgência e ao perdão (no ensinamento preciosíssimo que está em O Livro dos Espíritos - Kardec - na diamantina conceituação de "caridade"), deixando que os equívocos e desagrados do caminho fiquem à conta do custo normal da evolução --- eis aí a CONFIANÇA.


Não deixemos que o desespero, a depressão, a ira, a inveja, enfim nada que já entendemos ser contra-evolutivo nos atrapalhe a senda.


CONFIEMOS!

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

INDULGÊNCIA

Antigamente o termo que definia o volume de um sólido geométrico era capacidade.

Gosto de pensar que essa expressão é bem mais interessante e rica. Por que? Porque deixa evidente desde logo que aquele corpo não poderá acolher além de sua capacidade. Um litro de água é a capacidade, digamos de um dado cone; sabemos que esse cone só poderá reter, acolher, enfim, conter um litro de água no máximo - é sua capacidade.

Tenho para mim que o ser, em cada momento de sua Vida, tem uma certa capacidade de absorver o todo à sua volta. Evoluir implica em aumentar essa capacidade. Dessa forma, um aspecto que ressalta aos olhos é jamais ter a expectativa de que o ser abarcará mais do que pode.

A indulgência tem também esse matiz. E eu o considero o mais complexo e difícil de realizar.

Aplicar na Vida o "deixe estar" aos que não conseguem absorver o que tanto tentamos lhe passar exige aquele insight que ilumina a percepção do limite atingido...

Cada um de nós é como um vaso disforme, que a evolução faz crescer e ajustar-se às arestas corretas. Não podemos saber facilmente qual a capacidade de cada um, até porque a forma varia consoante o ser adota esta ou aquela atitude e recebe-lhe as consequências. Por isso mesmo é preciso que deixemos de tentar fazer valer sempre e sempre o que elegemos como nossa convicção plena... Deixe estar... Depois de algum tempo inevitavelmente a coisa se esclarece (ainda que leve mais do que uma jornada física). O mais interessante é que nem sempre veremos nossa convicção se firmar... Por vezes, mudaremos nós nossas arestas, acertando-as para o crescimento.

Assim, uma forma de indulgência que considero relevante é simplesmente deixar, sem nenhuma crítica ou sentimento de menosprezo, que cada um pense como quiser, ainda que nos pareça uma autêntica bobagem...

Estou, de minha parte, longe de conseguir essa postura... Mas estou tentando aprender a agir assim.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Há muitas missões para o homem de boa-vontade... Basta ao ser vibrar com seu coração aberto às obras e a Luz sintonizará em sua essência, trazendo as "coincidências" que plantam em seu dia-a-dia os fatos e circunstâncias providenciais.

Com a paternidade a Vida é mais exigente.

Ser pai significa viver o melhor possível para que nosso exemplo seja água límpida a despertar, nos filhos, o máximo de suas potencialidades. É uma missão e, ainda mais relevante, é aprendizado posto em prática. Ser pai é deglutir o salgado excessivo das circunstâncias inevitáveis, sublimando questões e o simples detalhe de "ter razão", em prol do bem maior que é a sustentação de um senso equilibrado que possa delinear nas almas infantes um harmônico, o mais fiel possível, da conduta elevada a que apontam os ensinamentos superiores do Amor Incondicional.

Fiquem todos os pais deste mundo com a minha sincera gratidão.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A vingança e suas facetas

Já destaquei em vários outros textos que Kardec assevera ter origem no instinto de conservação todas as paixões e vícios do ser humano ("A Gênese" e "O Céu e o Inferno"). Por outro lado em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", a vingança é apontada como o último resquício da barbárie humana. Já foi dito que a vingança é um prato que deve ser servido frio, o que bem demonstra a ação do intelecto já desenvolvido na gestão de atitudes norteadas pelo prazer que a vingança traz... Sim, prazer... Infelizmente esse é o termo, prazer.

Por que a vingança é particularmente prazerosa para a maioria das pessoas? O prazer é, grosso modo, a sensação intensamente agradável que um ato ou fato provoca no universo sensorial do ser. Quando o ser humano se sente aviltado, ofendido, seja ou não real a sua desdita, basta imaginar algo de igual intensidade ou até bem pior acontecendo com o desafeto para que uma satisfação se insinue em sua alma...

Quem sabe seja melhor assim... Talvez muitos atos tresloucados sejam evitados pelo mero prazer em imaginar o pior para aqueles que trouxeram dor moral ou física... Talvez... De qualquer modo, o ensinamento cristão aponta no contrazimute de posturas que tais... Jesus ensinou a dar a outra face. Ensinou a perdoar não sete, mas setenta vezes sete vezes... Ensinou a amar aos inimigos... Há quem oculte nos ensinamentos o desejo sorrateiro de vingança, travestindo-o em pensamentos como "Eu o perdôo, mas não queria estar em sua pele diante de Deus!!!"; ou então "Deus vai lhe dar o que merece!!!"... Quem assim pensa, pelo menos já deixou de praticar moto propriu os atos de vingança... Mas continua desejando que o desafeto sofra...

Dizem que "ciúme" é desejar que outrem não tenham o que temos, e que "inveja" é não desejar que outrem tenham o que têm (o invejoso muitas vezes sequer deseja para si o que os outros têm, apenas gostaria que também não tivessem...). A vingança é o desejo mórbido de que a dor que sentimos seja vivenciada pelos nossos desafetos. Curiosamente, o desejo de vingança ocorre até mesmo quanto a dores que não são nossas...

Nesse contexto, continuo concordando com o ensinamento de André Luiz. Tudo indica que a Vida condiciona atração e repulsão no mineral, automatismos fisiológicos no vegetal, instintos no animal e conduta no ser humano...

Depois de evos inteiros na aquisição do enorme tesouro instintivo humano, buscamos condicionar nossa conduta... É o momento da cosmoética determinar os contornos do ser...

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pequenas Obras

Um dos aspectos cosmoéticos mais relevantes é a relatividade da importância de atitudes aparentemente insignificantes. A bela música de Renato Teixeira diz "como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar". O romeiro vence a distância e, diante do objeto de sua devoção, exibe a si mesmo, desnudando-se candidamente. A prece assim ofertada, apenas com um olhar, tem menor valor?

Quando lhe batem ao portão pedindo comida, ou água, ou uma esmola qualquer, qual a atitude correta a se tomar? Impressionam-me tantos sofismas acerca do "mal" que fazemos ao estender a mão a quem nos pede algo. Variam desde a invocação das desditas auto-impostas até a responsabilidade aviltada das obras sociais que os tributos deveriam financiar. "Não podemos consertar o mundo!", bradam tantos...

Mas... Dar uma esmola, como quem se doa num olhar, seria mesmo algo tão pernicioso?

Sei de muitos que entendem ser a desdita de cada um a medida exata que o Universo forja para as suas necessidades... Algo assim como um autêntico "já que Deus assim o permite, não serei eu quem vai se meter...".

De minha parte, na pequenez de minhas imperfeições, ouso romper o silêncio para impor a mim mesmo um dever: jamais deixarei de dar uma esmola, um trocado, um pouco de comida, ou simplesmente minha atenção, meu olhar, a quem me pede... Se o dinheiro for usado para uma cachaça, que o álcool alivie o espinheiro de quem perdeu-se nas correntezas perigosas desse ribeirão que é a Vida... Se a comida alimentar quem se joga voluntariamente na assistência alheia, que a fome não o atormente mais do que suas opções infelizes.

Bem, mas não só de mendigos e pedintes estamos a cogitar.

Renato Teixeira foi tocado por inspiração ao conceber a mais simples oração como um olhar. De fato, uma das obras mais significativas que o homem pode realizar neste mundo é olhar o seu semelhante nos olhos, dando-lhe atenção de verdade, ouvindo-o para a doação de uma resposta que, na medida das próprias imperfeições, não se ressinta de sinceridade.

Com o tempo aprendemos que essas pequenas obras são os tijolos da Grande Obra. Ninguém poderá se auto-corromper negligenciando o amor ao próximo sem sofrer a óbvia consequência: saber-se-á devedor de um dos mais valiosos dons magnos da Alma, a Boa Vontade.

Não se trata de religião ou religiosidade. É o que nos cabe do Olhar...

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aflições

A aflição a que o Mestre se refere como uma bem-aventurança certamente não traduz um ideal de sofrimento como bênção a se cultuar, à guisa de um pretenso postulado de dor pela dor... Não... Ocorre que todo evolucionário que se põe neste planeta sob o aguilhão que compele à ascensão, via de regra mescla com a missão a que se dedica um leque maior ou menor, conforme o caso, de retificações necessárias. Não se sabe de nenhum ser humano dedicado à Vida Superior que tenha percorrido a jornada terrestre dentre flores num jardim... Sofrem aflições múltiplas, quase sempre decorrentes da busca interior e do compromisso perante si mesmo e para com o Criador, em torno do qual norteia suas opções sob o determinismo das consequências.

É, pois, comum que o indivíduo que mantém os olhos fitos nos valores magnos da alma, perseverando na árdua senda da benevolência, da indulgência e do perdão, tenha os naturais espinhos de sua condição ainda umedecida pelas lágrimas dos vícios e paixões que herdamos de nossa origem instintiva.

A aflição retrata aquela sensação de estar em débito perante a Vida, sentimento que, se bem meditado, não deve levar à ansiedade mas sim à compreensão do sentido da existência atual.

Bem-aventurados os que compreendem sua aflição e se sustentam na confiança de que o todo universal é regido pelo Pensamento do Criador.

sábado, 22 de maio de 2010

Chico Xavier, uma pequena homenagem.

Chico Xavier é uma daquelas pessoas sempre um pouco acima das críticas e muito, muito acima dos elogios que recebeu.


Sua Vida foi de entrega, dedicação, abnegação, muito trabalho e desapego... Personificou a bondade e a misericórdia, a temperança, a benevolência, a tolerância. Fez de toda uma encarnação o labor constante pelo semelhante...


Não creio que seria de exigir-se tivesse ele também, além das asas conquistadas, a coroa do conhecimento cravejada com os rubis e diamantes a que ele, afinal de contas, nem mesmo dava muita atenção...


Do cume da montanha, enquanto muitos vergaram-se ao peso de uma imensa tiara de diamantinos conhecimentos, Chico simplesmente bateu suas asas e continuou sua ascensão... Retornou à Pátria em que os valores são outros... 


Chico, em sua simplicidade, manteve a suave devoção pelos santos do credo católico... Não se preocupou ele em segregar os valores que, de uma forma ou de outra, estavam sedimentados em sua vida... Erro? Por que seria um erro? Eu mesmo, por ser avesso à religiosidade reputando-a desnecessária, sei bem que o calo dói menos quando, invocando nossa infância espiritual, buscamos o colo aconchegante da consolação...


Chico é assim, a imagem de um homem cujos valores magnos a alma vibrou em prol dos necessitados, dos que tinham fome da alma e do corpo... Tanto quanto um discípulo de Krishna, um frade franciscano, um pastor evangélico, um muçulmano, um budista ou um ateu, merece todo o nosso Amor e Carinho por sua Obra.


Brindemos ao Chico, a Ghandi, a Madre Tereza etc etc etc


A mediunidade, particularmente a psicografia, tornou-se um instrumento de consolação e também de esclarecimento nas mãos de Chico...


É o quanto basta...

Preces



--- Ajuda-me, Pai
Sempre que a mão trêmula denunciar-me o medo
E os olhos queimarem sob o pranto mal contido,
É em Ti, meu Pai, que sempre buscarei conforto!
Ajuda-me, Pai, a vencer a sedução da ira...
Ajuda-me, Pai, a prantear sem entregar-me ao desespero...
Ajuda-me, Pai, a pressentir a Providência em meu socorro...
Ajuda-me, Pai, a não fraquejar mais que este choro de dor...
Ajuda-me, Pai, a ter-me em rediviva certeza de vitória...
Ajuda-me, Pai, porque necessito de Tua Misericórdia!
Ofereço-Te, Pai, minha confiança mesmo chorando...
Ofereço-Te, Pai, minha candura a abafar toda revolta...
Ofereço-Te, Pai, o meu desejo de vencer por Tua Glória...
Ofereço-Te, Pai, minha pequenez que se agiganta no Teu colo...


--- Rangem os Dentes
Pai Eterno! Tem piedade dos aflitos!
O monturo é grande e a sujeira impera,
Em meio à dor, o joio fere o trigo,
Mesmo com o Amor, o justo se desespera!
Rangem os dentes, irmãos matam irmãos,
É de fumaça e fogo a penumbra do nevoeiro!
Com tantos dementes, os sãos negam-se sãos,
E buscam socorro na ilusão do dinheiro...
Meu Deus! Volto meus olhos à Sua Glória!
Livra-nos, Pai, da sanha da escória,
Da malta insana que se compraz ao monturo,
Que teme a Luz e se embrenha no escuro...
Suplico, Deus meu, pelo Amor que liberta,
Pelo Verso Perfeito em linhas incertas,
Pela Poesia que alivia e só traz alegria:
Meu Senhor, meu Jesus, que à Luz me conduz!


--- Súplica por amparo
Senhor Deus de infinita paz, bondade e misericórdia!
Neste momento erguemos nosso pensamento até Vós!
Permiti, Pai eterno, a presença dos anjos de luz!
Dos mensageiros que atuam em nome de Jesus de Nazaré!
Permiti, Senhor, que nos venham trazer a orientação do Alto!
É no exercício de nosso livre-arbítrio que assim o pedimos, Pai!
Deus amoroso! Não retireis pedra alguma de nosso caminho,
Mas dai-nos amparo para que vençamos todos os obstáculos!
Senhor Deus de Infinita Paz e Misericórdia,
Seja de minha vida a Luz e o Caminho,
Não retire uma só pedra de minha senda
Mas esteja, Pai, comigo em cada passo...
Peço, Senhor meu Deus, que me ajude nas escolhas,
Que me alivie o fardo do livre arbítrio, tão perigoso,
Que me permita ver, muito mais que enxergar,
Saber, muito mais do que conhecer,
Ouvir, muito mais do que escutar,
Vivenciar, muito mais do que experimentar,
Amparar, muito mais do que ajudar...
Senhor Deus de infinita Bondade e Misericórdia,
Ampara-me, Pai, para que eu aprenda a Amar...

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Maria

Hoje é dia de Maria... Espírito de sublime elevação na capacidade de AMAR, Maria foi quem recebeu a missão de acolher o Mestre em seu ventre. Só mesmo um ser com a mais completa abnegação, paz e serenidade poderia manter em gestação no corpo físico o elevado teor vibratório do Espírito de Jesus.

Não importam quaisquer considerações religiosas.

Maria é Mãe de todas as mães... É a Ternura, a Serenidade, a Misericórdia. Recebe muitas designações. De minha humilde parte, rendo a mais sincera homenagem a esse Ser de Luz que vem amparando a humanidade em sua árdua jornada de ascensão.

Maria! Rogai por nós!

domingo, 9 de maio de 2010

Dia das Mães

Mãe...

Que significa ser mãe...?

Abnegação de si, doação, defesa incondicional dos filhos, noites mal dormidas, preocupação constante...

Certamente isso e muito mais...

Ser mãe é o olvido absoluto de tudo em prol de um único objetivo. É como uma obsessão, enfim. Daí podermos dizer que até mesmo um homem pode ser a “mãe” de um objetivo que eleja para a dedicação somente devida ante o vínculo inexcedível da filiação.

Mas mãe, mãe mesmo, aquela que abraça seus filhos e deles cuida contra tudo e contra todos se preciso for, essa mãe só as almas essencialmente femininas podem ser. Porque as almas femininas são as mais fortes que Deus se permite criar. E Deus só é Deus porque, sendo o Pai Eterno, fez-se carne pela graça sublime que só o Amor Absoluto de uma Santa Mãe permitiria. Quem, senão uma mãe, poderia receber a Luz Pura do Amor Perfeito no barro assim sublimado?

Neste dia das mães, desejo que todas as almas femininas do Universo, estejam no corpo que estiverem, recebam a humilde mas sincera homenagem de um homem cujas limitações não permitem senão escrever umas poucas palavras que, na escuridão da masculinidade, mal ensaiam um fulgor de embaçado brilho, tímido e pequeno, ante a Luz Sublime que pretende acarinhar.

Desejo que todas as Mães tenham em si neste dia, mais do que nunca, o brilho do Amor mais próximo da Divindade que o ser humano pode conceber.

E por ser pai, quero também homenagear a mãe abençoada que Deus, em sua infinita Bondade e Misericórdia, concedeu ser a alma feminina que me trouxe o tesouro abençoado de meus filhos.

A todas as mães e à minha amada esposa Paula, ofereço minha pequenez altiva do mais sincero Amor e Carinho!

Marco Aurélio

Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=82188

quarta-feira, 5 de maio de 2010

A Fé

Costumam apontar os valores religiosos como os que se assentam na fé dos profitentes desta ou daquela religião... Nada mais ilusório... As religiões estão longe de ser o fundamento mais importante da fé que uma pessoa possa ter. Na verdade, é comum vermos referências às "crises de fé" que os sacerdotes exibem vez por outra. Mas... você já viu algum entusiasta da ciência perder-se em questões existenciais por força dos conceitos que essa ciência prega?

Não...

Sim, uma coisa está, sim, estreitamente vinculada à outra. Vejamos.

Os conceitos que a ciência tem por sedimentados e provados, no mais das vezes, repousam em fundamentos complexos que a grande maioria das pessoas não pode compreender. Até mesmo com a física newtoniana, lecionada nos cursos secundários, há vários conceitos que, em essência, a maioria dos alunos não abarca. Experimente questionar um desses estudantes sobre o que seja, em última análise, a inércia. Provavelmente ele saberá mostrar gráficos, fazer cálculos, desenhar pesos etc. No entanto, quando tentar descrever essencialmente o que seja a inércia, faltar-lhe-ão palavras e analogias... Agora imagine que tenhamos em mente aspectos da física mais complexa, seja no macrocosmo com a Relatividade, seja no microcosmo com a Mecânica Quântica.

Quantos de nós pode, de fato, compreender os fenômenos descritos nos livros de divulgação científica sobre a Relatividade ou sobre a Física Quântica?

Mas vou mais além: quantos cientistas devem entender essencialmente o que compunha o pensamento de Einstein ou de Niels Bohr? Será que todos os físicos entendem o pensamento desses gênios?

Não creio...

Aliás, aí está a grande palavra: crer. Quando um cientista, digamos, discorre sobre a dualidade matéria-onda, citando Heinsenberg etc, costumamos arquear as sobrancelhas. Alguns até comentam coisas como "já li sobre isso". Mas, a bem da verdade, deglutimos a informação sem qualquer mastigação. Sabem por que? Porque não temos dentes para mastigar esse tipo de comida. Então simplesmente acreditamos no que nos é mostrado, por mais "maluca" que a idéia pareça.

Um feixe de elétrons comporta-se como uma onda ou como partículas, dependendo da medição feita. Segundo alguns, dependendo pura e simplesmente de haver ou não uma medição sendo feita... Claro que isso não explica nada em nossa mente, mas acreditamos. Afinal, é a Física Quântica!

Ainda mais curioso é que os divulgadores da ciência dizem que isso está provado porque, se não fosse assim, coisas como o microondas ou as células fotoelétricas não funcionariam...

Nossa! Nada mais evidente... Francamente, isso não facilita nada a compreensão da coisa!

Mas acreditamos... Cremos... Temos fé...

Tenhamos certeza: a religião perde de goleada para a ciência quando o assunto é fé...

domingo, 2 de maio de 2010

Desequilíbrios Emocionais

É impressionante como há pessoas vitimadas por desequilíbrios emocionais nos dias de hoje...
Pensemos...
É muito sabido no meio esotérico que o veículo de manifestação da consciência mais desenvolvido do ser humano deste planeta é o corpo físico, o litossoma. O corpo físico, conquanto ainda ostente elementos vestigiais denunciativos de sua natureza animal (unhas, pelos etc), é estruturalmente muito avançado. Em seguida vem o nosso psicossoma, o corpo emocional. Não atingiu ainda a plena evolução estrutural exatamente porque o ente humano não conquistou ainda sua Vida Interior.
Com efeito, o homem em geral baila ao sabor de evos de instintos automatizados ao mesmo tempo em que experimenta progressiva capacidade de valoração cosmoética de sua própria conduta.
Então, a epinefrina continua inundando o seu sangue apesar dos estímulos serem já mais sofisticados. Não há rubor preparatório da luta ou fuga diante de um predador, mas sim diante de efetivas ou pretensas ofensas que os semelhantes deflagram em suas percepções.
O homem é uma fera mal-domada e ávida por expandir os milênios de agressividade antes imprescindível à sua sobrevivência.
Basta imaginar uma ofensa... Basta conceber um construto meramente mental, uma simples idéia, e todo o ciclo de reação instintiva é acionado. Nesses momentos, mesmo sabedor de que o juízo de valoração está obnubilado, deleita-se prazerosamente no fulgor da agressividade desprovida de perigos... Agride pura e simplesmente... Alguns chegam a sentir prazer, um êxtase covarde de sentir-se poderoso o suficiente para legitimar-se a um contra-ataque que sequer se funda em um fato concreto...
Já notaram quantos crimes são cometidos nas discussões de trânsito?
O carro é forte e deleita o senso de força do homem. Se o instrumento dessa vaidade é agredido, o homem toma para si as rédeas de sua cerebrina desdita e... agride... às vezes mata...
Não é à toa que TODAS as correntes espiritualistas pregam  (suplicam) que o homem deve buscar controlar suas emoções...
É uma questão de prioridade absoluta na senda de quem se pretende apto a conduzir sua própria Vida...

domingo, 24 de janeiro de 2010

Amar os Inimigos (?)

A Boa Nova, à luz do Espiritismo, tem interessante resposta a este questionamento. Peço licença para transcrever:
Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das
maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho. Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas idéias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.
Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contacto de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contacto de um amigo. Amar os Inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos
.


(O Evangelho Segundo o Espiritismo - págs. 198/199)

JESUS NO LAR - Cogitações 03

O homem em geral tem noção dos valores mais elevados da alma. Niguém, a bem da verdade, pode legitimamente declarar-se ignorante da necessidade de cultivo de virtudes como a honestidade, a boa-vontade para com todos, a indulgência para com as imperfeições alheias, o perdão das ofensas, enfim, o amor que devemos dedicar aos que nos cercam. Assim o sabemos porque desde há muito o ensinamento vem sendo ministrado, reiteradamente, inclusive com a manifestação do Maior de todos os Mestres em nosso meio.

A consciência é capaz de absorver idéias elevadas. Mesmo não as praticando, pode conhecê-las e compreender os seus elevados contornos. É assim porque a evolução aperfeiçoa o ser com grande eficiência, mantendo-o sempre habilitado a vislumbrar o que não conseguiu ainda dominar. Também com o condicionamento da conduta assim se dá.

As sociedades humanas já se equilibraram em normas sociais como a chamada “Lei do Talião”, quando o dente por dente, olho por olho, era o senso comum, plenamente aceito pela grande maioria. Entretanto, desde muitos evos os germes do senso mais sutil começou a ser semeado no ente coletivo. O ensinamento elevado desde sempre traz em sua essência aquela magia de bater-nos no íntimo com foros de verdade primordial, que não necessita de demonstração. O amor cultuado sem medida pelos filhos ainda pequeninos, na devoção de carinho e proteção que vemos facilmente até nas feras, com o passar do tempo vai se infiltrando como padrão a expandir-se no universo interior de cada um. Numa palavra, o homem vai ganhando mais características espirituais enquanto condiciona adequadamente os instintos animalizados sem os quais não teria chegado até ali.

Ainda assim, por todo o óbvio, o desenlace dos dons magnos da alma não ocorre senão depois do devido tempo de maturação, pelo que, entrementes, vemos conquistas já louváveis convivendo com instintos de reação ainda predominantes. O ser humano freqüentemente chora de misericórdia ao assistir o sofrimento alheio, ao mesmo tempo em que se mantém apto às mais terríveis violências quando se domina pela ira que deveria adestrar.

O homem, a maioria de nós, está a meio curso de seu aprendizado. E assim estamos desde o tempo em que o Todo Amor pisou nas areias quentes da Palestina. Paulatinamente vamos caminhando, pé ante pé, na senda de ascensão. Misturamos a dedicação carinhosa àqueles que amamos com os impulsos ainda indômitos que nos escravizam. Em meio aos instintos ferozes de nossa ainda primitiva natureza impulsiva, os dons magnos da alma turvam-se conquanto nos inspirem à elevação.

No dizer abençoado do Príncipe de Luz: 
“O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta. Não te esqueças desta verdade simples e clara da Natureza.” (Jesus no Lar – Capítulo 3 – FEB).

JESUS NO LAR - Cogitações 02

A vida nos oferece todas as generosas oportunidades que a Divina Providência concede. Em grande parte, o meio familiar nos doa preciosas lições para o aprendizado da boa-vontade, tolerância e indulgência. Disso já falamos (Jesus no Lar – Cogitações – 01).

Importa, ainda, considerar que o campo é vasto e serve a todos, indiscriminadamente, como a pastagem que, a perder-se de vista, convida à lavra na luta do cultivo comum. O sol brilha para todos. Mas, infelizmente nem todos atendemos ao chamado.
"A forja da vida traz nas chamas do borralho a luz que norteia. O minério deve ser aquecido ao ponto de, bem cuidado e modelado, tornar-se límpida lâmina de puro aço. À semelhança, a família nos é, no dizer do Mestre, o “cadinho santo ou o forno preparador” (Jesus no Lar – Capítulo 2 – FEB).

Ninguém cogitaria de reputar infeliz o minério por submeter-se às chamas da fornalha ou ao impacto cuidadoso do atento ferreiro. Em igual monta, os atritos, destemperos, conflitos e personalismos que enfrentamos na forja sagrada do lar a bem da verdade não são, de forma alguma, agressões, senão aprendizado. É nas diferenças que aprendemos a aquilatar o quão irmanados estamos na igualdade perante o Pai. As lides nos mostram o valor da ponderação, tanto quanto ajustam-nos o senso de valoração da conduta.

Doando e recebendo reciprocamente as experiências do dia-a-dia familiar nos apresentamos diante da Vida à iniciação que nos convida à lavra do campo vastíssimo a nos circundar. Uma atitude menos nobre talvez só mesmo nos fira a consciência depois de experimentarmos semelhante vivência, só que às avessas, de outrem que nos ama e que, tanto quanto amamos também, nos dói ainda mais por amarmos.

Por outro lado, ninguém que tenha embalado nos braços um pequeno rebento de luz e carinho deixará de tocar-se pelo senso inato de proteção devido àquele ser que Deus nos confia, seja como filho, seja como irmão, seja como for. Mesmo o irmão que aparentemente menos comunga de nosso modo de ser, mesmo este serve-nos de rico exemplo dos que vivem por outra tonalidade mas compõem o (também nosso) espectro que se desdobra no arco-íris da alva comunhão do lar.

Entretanto, se ainda assim a alma desejar apartar-se dos liames abençoados do lar e desertar do aprendizado invocando o dom magno do livre arbítrio, resta à Providência deixá-lo um pouco mais consigo mesmo, atirado à plaga de consciências ávidas na defesa de suas individualidades tanto quanto inadequadas ao seio comum dos que preferem a senda carinhosamente ensinada pelo Mestre Sublime.

Demoram-se à aridez da rocha os réprobos enquanto assim o desejarem. Seus irmãos secam o suor do rosto com a colheita farta conquistada com a semeadura da Vida.

JESUS NO LAR - Cogitações 01

O homem que intui as coisas do espírito bem conhece a necessidade da alma em ascender, em aperfeiçoar-se, em elevar-se perante si mesma e diante do Criador à busca de Paz, de Serenidade, do estágio mais altaneiro que a aguarda e já pode ser vislumbrado no horizonte não tão remoto.

No entanto, é comum vermos brilhantes oradores das virtudes da alma que, todavia, negam-se ao esforço primordial de auto-aprimoramento no aprendizado da tolerância, da boa-vontade, do perdão, da sublimação, enfim, dos valores éticos diamantinos que exigem redobrado empenho no cultivo.

O sorriso dócil e terno de paciência doado na via pública ao andarilho que insiste em estender a mão não encontra eco no seio da própria família, à qual é doada a irascibilidade de quem se julga legitimado à aspereza por enfrentar as agruras da vida.

Porém é o lar, a família, o círculo próximo de irmãos que nos demarca perante o Pai com maior ênfase no exercício das virtudes que deveremos um dia perante todos vivenciar. É a família que nos doa os ensejos preciosos que a Providência Divina forja em nosso dia-a-dia no curso sublime em nos demoramos como alunos, quase sempre, réprobos.

É na família que temos o apoio incondicional dos que nos sustentam em seus esforços de realização. Se com sorrisos ou com a rispidez dos personalismos, pouco importa, é na família que temos o nosso porto seguro ainda que a alguns pareça um simples atracadouro de navios negreiros.

O ensinamento do Mestre dos mestres nos soa com a simplicidade de uma Verdade manifesta:
“Se não aprendemos a viver em paz, entre quatro paredes, como aguardar a harmonia das nações? Se nos não habituamos a amar o irmão mais próximo, associado à nossa luta de cada dia, como respeitar o Eterno Pai que nos parece distante?” (Jesus no Lar – Cap 01 – FEB).

De efeito! Devemos amar ao próximo, não é mesmo? Pois então! O próximo mais próximo que temos são os que o Pai houve por bem assim situar. Amemos, amemos e novamente amemos todos os membros de nossa família. Treinemos com eles a tolerância, o perdão, a boa-vontade que deveremos ter para com todos os demais filhos de Deus em breve tempo.

Difícil? Bem... Ninguém jamais disse que seria fácil... Mas, com certeza, valerá cada lágrima, cada mágoa, cada desilusão que tenhamos. Afinal, a cada uma delas corresponderá uma outra que teremos causado em mais alguém...