Primeiro tema abordado neste estudo, as ondas são assim delineadas:
Nesse reino de energias, em que a matéria concentrada estrutura o Globo de nossa moradia e em que a matéria em expansão lhe forma o clima peculiar, a vida desenvolve agitação.
E toda agitação produz ondas.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 19)
Importante destacar: a vida desenvolve agitação e toda agitação produz ondas.
Da ciência ortodoxa, temos:
Podemos classificar como uma onda, qualquer perturbação ou vibração em um meio específico. As ondas produzem diversos movimentos, já que elas são formas de transmissão de energia (mecânica ou eletromagnética), como por exemplo, o movimento que ocorre quando lançamos uma pedra dentro de um rio.
A onda não é capaz de se originar sozinha, visto que ela apenas faz a transferência de energia cinética de uma fonte. Portanto, fonte é o objeto ou meio capaz de criar uma onda.
Uma onda é uma agitação ou perturbação de um meio, decorrente da transmissão de energia. Há uma fonte de energia que, agitando o meio, propaga essa energia através das ondas.
Fica evidente que a onda é o resultado da propagação de energia em um meio.
Retornando a André Luiz, temos:
Que é, no entanto, uma onda?
À falta de terminologia mais clara, diremos que uma onda é determinada forma de ressurreição da energia, por intermédio do elemento particular que a veicula ou estabelece.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 20)
No conceito de André Luiz acham-se os elementos gerais da conceituação ortodoxa, ainda que sob linguajar poético. A ressurreição da energia indica que a eficácia da fonte de energia atinge outros pontos do espaço em decorrência de sua propagação. A energia é veiculada pela fonte e, propagando-se, age mais adiante, onde “revive”.
Como há sempre uma fonte de energia que estabelece a agitação do meio, André Luiz informa que a fonte primordial das agitações que se propagam no espaço são os átomos e as partículas subatômicas:
Partindo de semelhante princípio, entenderemos que a fonte primordial de qualquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação, despedindo raios ou ondas que se articulam, de acordo com as oscilações que emite.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 20)
As ondas propagadas pelas partículas atômicas e subatômicas tomaram grande parte do interesse dos cientistas em geral. Uma importante cisão ocorreu quanto, em seus estudos, Einstein concluiu que a luz tem em sua constituição partículas que designou fótons. Nas análises matemáticas, Einstein não conseguiu harmonizar a propagação da luz à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo com um meio capacitado a tal agitação. Por isso adotou a idéia de campo. Não há meio, conquanto haja ondas. Há agitação se propagando mas, por abstração, essas agitações existem por si mesmas. O meio de propagação da luz e das ondas eletromagnéticas em geral até então era o “éter”. O conceito de campo afastou a idéia de éter, substituindo-a simplesmente pelo “nada” (!!!).
[...] entretanto, o meio sutil em que os sistemas atômicos oscilam não pode ser equacionado com os nossos conhecimentos. Até agora, temos nomeado esse “terreno indefinível”, como sendo o “éter”; contudo, Einstein, quando buscou imaginar-lhe as propriedades indispensáveis para poder transmitir ondas características de bilhões de oscilações, com a velocidade de 300.000 quilômetros por segundo, não conseguiu acomodar as necessárias grandezas matemáticas numa fórmula, porquanto as qualidades de que essa matéria devia estar revestida não são combináveis, e concluiu que ela não existe, propondo abolir-se o conceito de “éter”, substituindo-o pelo conceito de “campo”.
Campo, desse modo, passou a designar o espaço dominado pela influência de uma partícula de massa.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 36)
Permanece inevitavelmente sem explicação a questão da agitação que se propaga sobre o nada. “Nada”, ainda mais do ponto de vista da ciência ortodoxa, só pode ser entendido como a ausência absoluta de tudo; como entender um movimento ondulatório que se propaga e, ao mesmo tempo, a onda em si que, para existir, deveria ser a resultante do meio que se agita?
A proposição de Einstein, no entanto, não resolve o problema, porque a indagação quanto à matéria de base para o campo continua desafiando o raciocínio, motivo pelo qual, escrevendo da esfera extrafísica, na tentativa de analisar, mais acuradamente, o fenômeno da transmissão mediúnica, definiremos o meio sutil em que o Universo se equilibra como sendo o Fluido Cósmico ou Hálito Divino, a força para nós inabordável que sustenta a Criação.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 37)
Um esforço em busca de uma uniformização ao menos das concepções fundamentais nos leva à proposição de que o fluido universal (denominado fluido cósmico universal em A Gênese, de Kardec), merece mesmo se tido à conta do campo de eficácia da fonte primordial que emana do Criador, ou seja, o todo universal, infinito, veiculado pelo Verbo Divino por ser a expressão de Sua Vontade.
[...] definiremos o meio sutil em que o Universo se equilibra como sendo o Fluido Cósmico ou Hálito Divino, a força para nós inabordável que sustenta a Criação.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 37)
Não se trata de mera acomodação terminológica. Daí advém uma relevante conseqüência. Passa a ser conveniente interpretar e raciocinar sobre os fluidos como campos de atuação de uma fonte de energia que se manifesta através de ondas.
Não precisamos nos preocupar em abandonar o termo “éter” ou “etérico”. Afinal, são conceitos que nos tocam a capacidade de concepção dos fenômenos de modo muito mais credível do que uma abstração que leva em conta o conceito de “nada”.
Da Teosofia obtemos conceitos análogos.
A Natureza Raiz é a fonte das propriedades sutis e invisíveis da matéria visível; é a Alma do Espírito Único e Infinito. Os hindus a chamam de Mulaprakriti e consideram-na a base de todos os fenômenos físicos, psíquicos e mentais. É o princípio de onde irradia o Akasha.
(Síntese da Doutrina Secreta – Ed. Pensamento – pág. 34 - grifei)
Fluidos são irradiações de energia que se propagam a partir de uma fonte que imprime no meio etérico a correspondente agitação ondulatória.
O fluido universal não é uma emanação do Criador, mas dele advém pelo exercício de Sua Vontade (fonte de energia), que imprime no todo universal as agitações que se propagam para os fins a que se destinam, no concerto da Grande Obra, que assim se irradia à eternidade e por todo o infinito.
I. Será o fluido universal uma emanação da divindade?
"Não."
II. Será uma criação da divindade?
"Tudo é criado, exceto Deus."
III. O fluido universal será ao mesmo tempo o elemento universal?
"Sim, é o princípio elementar de todas as coisas."
(O Livro dos Médiuns – pág. 92)
As modificações do fluido universal ficam, assim, mais fáceis de compreender. O meio etérico em que se propagam as ondas agitam-se em conformidade com parâmetros básicos como o comprimento de onda, amplitude, período e freqüência. O mesmo meio etérico, quando submetido a uma agitação com uma dada freqüência não terá as mesmas propriedades quando submetido a uma freqüência diferente. Freqüência e período são grandezas inversamente proporcionais, de onde se tira que os fluidos mais densos são os de freqüência menor porquanto ostentam períodos maiores.
No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível. Essas modificações constituem fluidos distintos que, embora procedentes do mesmo princípio, são dotados de propriedades especiais e dão lugar aos fenômenos peculiares ao mundo invisível.
(A Gênese – pág. 274)
Assim também se exprime a diferenciação do fluido fundamental na seara teosófica:
A substância Primordial em sua latência pré-cósmica não passara ainda à objetividade diferenciada nem sequer para converter-se no Protilo invisível da ciência. Quando soa a hora, ele recebe a impressão Fohática do Pensamento Divino (o Logos, Alaya, aspecto masculino da Anima Mundi). Então a substância se diferencia e os Três se convertem em Quatro. Esta é a origem da Trindade e do Mistério da Imaculada Conceição. Isto conduz a uma concepção possível da Deidade, a qual – como Unidade Absoluta – tem que permanecer incompreensível para as inteligências finitas. A Deidade, sendo Absoluta, tem que ser onipresente; daí não existir um só átomo que não a contenha.
(Síntese da Doutrina Secreta – Ed. Pensamento – pág. 38 - grifei)
Obs: FOHAT – A Ideação Cósmica necessita de uma base física para concentrar um Raio da Mente Universal, pelo que a manifestação incide sobre o substrato da Substância Cósmica. Daí a dualidade Espírito – Matéria. O elemento que une o espírito à matéria é o Fohat, a energia dinâmica da Ideação Cósmica. No aspecto da consciência, o Fohat é o liame inteligente entre o Pensamento Divino e o pensamento manifestado nos Dhyan Chohans (Alta Espiritualidade).
Consoante a Codificação Espírita:
Os fluidos espirituais, que constituem um dos estados do fluido cósmico universal, são, a bem dizer, a atmosfera dos seres espirituais; o elemento donde eles tiram os materiais sobre que operam; o meio onde ocorrem os fenômenos especiais, perceptíveis à visão e à audição do Espírito, mas que escapam aos sentidos carnais, impressionáveis somente à matéria tangível; o meio onde se forma a luz peculiar ao mundo espiritual, diferente, pela causa e pelos efeitos da luz ordinária; finalmente, o veículo do pensamento, como o ar o é do som.
(A Gênese – pág. 281 – grifei)
O meio etérico circundante reage prontamente ao pensamento e à vontade dos Espíritos. Os fluidos mudam sua cor, densidade, subdividem-se, reaglomeram-se. Mas não percamos de vista que os fluidos são irradiações no meio etérico, de modo que essas irradiações podem vibrar nos mais variados patamares, gerando luzes, sons, odores, tanto quanto podem condensar o meio até mesmo a tangibilidade física.
Basta que o Espírito pense uma coisa, para que esta se produza, como basta que modele uma ária, para que esta repercuta na atmosfera.
(A Gênese – pág. 282 – grifei)
É assim, por exemplo, que um Espírito se faz visível a um encarnado que possua a vista psíquica, sob as aparências que tinha quando vivo na época em que o segundo o conheceu, embora haja ele tido, depois dessa época, muitas encarnações. Apresenta-se com o vestuário, os sinais exteriores - enfermidades, cicatrizes, membros amputados, etc. - que tinha então. Um decapitado se apresentará sem a cabeça. Não quer isso dizer que haja conservado essas aparências, certo que não, porquanto, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem zarolho, nem decapitado; o que se dá é que, retrocedendo o seu pensamento à época em que tinha tais defeitos, seu perispírito lhes toma instantaneamente as aparências, que deixam de existir logo que o mesmo pensamento cessa de agir naquele sentido. Se, pois, de uma vez ele foi negro e branco de outra, apresentar-se-á como branco ou negro, conforme a encarnação a que se refira a sua evocação e à que se transporte o seu pensamento.
(A Gênese – pág. 282 – grifei)
Importante notar que, como o Espírito tem um perispírito fluídico, tudo o que for modelado no meio etérico terá para ele plena existência objetiva e não apenas uma forma sem substância.
Por análogo efeito, o pensamento do Espírito cria fluidicamente os objetos que ele esteja habituado a usar. Um avarento manuseará ouro, um militar trará suas armas e seu uniforme, um fumante o seu cachimbo, um lavrador a sua charrua e seus bois, uma mulher velha a sua roca. Para o Espírito, que é, também ele, fluídico, esses objetos fluidicos são tão reais, como o eram, no estado material, para o homem vivo; mas, pela razão de serem criações do pensamento, a existência deles é tão fugitiva quanto a deste.
(A Gênese – pág. 282 – grifei)
Essa capacidade de plasmagem e modelagem fluídica é comumente denominada ideoplastia. A ideoplastia traz à tona uma verdade a que o homem comum não está habituado: nada é mais ilusório do que a privacidade de um pensamento.
Há mais: criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. Tenha um homem, por exemplo, a idéia de matar a outro: embora o corpo material se lhe conserve impassível, seu corpo fluídico é posto em ação pelo pensamento e reproduz todos os matizes deste último; executa fluidicamente o gesto, o ato que intentou praticar. O pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira é pintada, como num quadro, tal qual se lhe desenrola no espírito.
Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo. Contudo, vendo a intenção, pode ela pressentir a execução do ato que lhe será a consequência, mas não pode determinar o instante em que o mesmo ato será executado, nem lhe assinalar os pormenores, nem, ainda, afirmar que ele se dê, porque circunstâncias ulteriores poderão modificar os planos assentados e mudar as disposições. Ele não pode ver o que ainda não esteja no pensamento do outro; o que vê é a preocupação habitual do indivíduo, seus desejos, seus projetos, seus desígnios bons ou maus.
(A Gênese – pág. 283 – grifei)
Como já observado mais de uma vez, o fluido é uma irradiação no meio etérico. Isso é muito relevante porque, paralelamente a tudo o que já foi dito, os fluidos tocam-se também de propriedades correlatas à qualidade do pensamento que o imprime. Um fluido é um fluido. É matéria. Ainda que etérica, é matéria. Mas é uma forma de matéria que absorve vibração por vibração o pensamento modelador, tomando-lhe os efeitos diretos de suas características boas ou ruins.
O pensamento do encarnado atua sobre os fluidos espirituais, como o dos desencarnados, e se transmite de Espírito a Espírito pelas mesmas vias e, conforme seja bom ou mau, saneia ou vicia os fluidos ambientes.
Desde que estes se modificam pela projeção dos pensamentos do Espírito, seu invólucro perispirítico, que é parte constituinte do seu ser e que recebe de modo direto e permanente a impressão de seus pensamentos, há de, ainda mais, guardar a de suas qualidades boas ou más. Os fluidos viciados pelos eflúvios dos maus Espíritos podem depurar-se pelo afastamento destes, cujos perispíritos, porém, serão sempre os mesmos, enquanto o Espírito não se modificar por si próprio.
Sendo o perispírito dos encarnados de natureza idêntica à dos fluidos espirituais, ele os assimila com facilidade, como uma esponja se embebe de um líquido. Esses fluidos exercem sobre o perispírito uma ação tanto mais direta, quanto, por sua expansão e sua irradiação, o perispírito com eles se confunde.
(A Gênese – pág. 285 – grifei)
Ainda mais importante, a ação dos fluidos modelados pelo pensamento ruim atingem o próprio corpo físico.
Atuando esses fluidos sobre o perispírito, este, a seu turno, reage sobre o organismo material com que se acha em contacto molecular. Se os eflúvios são de boa natureza, o corpo ressente uma impressão salutar; se são maus, a impressão é penosa. Se são permanentes e enérgicos, os eflúvios maus podem ocasionar desordens físicas; não é outra a causa de certas enfermidades.
Os meios onde superabundam os maus Espíritos são, pois, impregnados de maus fluidos que o encarnado absorve pelos poros perispiríticos, como absorve pelos poros do corpo os miasmas pestilenciais.
(A Gênese – págs. 285/286 – grifei)
Referindo-se aos objetos existentes com Espíritos na erraticidade, Kardec abordou diretamente a questão da modelagem dos fluidos.
4. Seria um desdobramento da matéria inerte? Haveria no mundo invisível uma matéria essencial que revestiria as formas dos objetos que vemos? Numa palavra, esses objetos teriam o seu duplo etéreo no mundo invisível, como os homens são ali representados pelos Espíritos?
— Não é assim que isso se dá. O Espírito dispõe, sobre os elementos materiais dispersos por todo o espaço da vossa atmosfera, de um poder que estais longe de suspeitar. Ele pode concentrar esses elementos pela sua vontade e dar-lhe a forma aparente que convenha às suas intenções.
(O Livro dos Médiuns – pág. 85 - grifei)
A interação entre o Espírito e os fluidos pode atingir níveis elevados de realização. Um objeto moldado em fluidos terá praticamente todas as características de um objeto material, inclusive quanto à cor, odor, tangibilidade, sabor e até mesmo outros efeitos.
11. Suponhamos que ele quisesse fazer uma substância venenosa que uma pessoa a tomasse. Ficaria envenenada?
— O Espírito poderia fazê-la, mas não a faria porque isso não lhe é permitido.
12. Poderia fazer uma substância salutar, apropriada à cura de uma doença, e isso já aconteceu?
— Sim, muitas vezes.
13. Poderia então, da mesma maneira, fazer uma substância aliar? Suponhamos que fizesse uma fruta ou uma iguaria qualquer. Alguém poderia comê-la e sentir-se saciado?
— Sim, sim. Mas não procures tanto para achar o que é tão fácil de compreender. Basta um raio de sol para tornar perceptíveis aos vossos Órgãos grosseiros as partículas materiais que enchem o espaço no meio do qual vives. Não sabes que o ar contém vapor d'água? Condensa-os e voltarão ao estado normal. Priva-os de calor e verás que essas moléculas impalpáveis e invisíveis se transformam num corpo sólido e bem sólido. Assim muitas outras substâncias de que os químicos ainda tirarão maravilhas mais espantosas. Mas acontece que o Espírito possui instrumentos mais perfeitos que os vossos: a vontade e a permissão de Deus.
(O Livro dos Médiuns – pág. 85 - grifei)
Outro aspecto muito importante a se abordar é que o Espírito modela fluidos por ação de sua vontade mesmo que não saiba que é assim que as coisas acontecem. O Espírito traz em si condicionado pelos evos de progresso os mecanismos de atuação no meio fluídico.
15. Todos os Espíritos têm no mesmo grau o poder de produzia objetos tangíveis?
— O certo é que o Espírito, quanto mais elevado, mais facilmente o consegue, mas isso também depende das circunstâncias: os Espíritos inferiores podem ter esse poder.
16. O Espírito tem sempre consciência da maneira pela qual produz as suas roupas ou os objetos que torna aparentes?
— Não. Muitas vezes ajuda a formá-los por uma ação instintiva, que ele mesmo não compreende, se não estiver suficientemente esclarecida para isso.
(O Livro dos Médiuns – pág. 87 - grifei)
É o próprio Kardec quem nos oferece um resumo precioso acerca da interação dos Espíritos com os fluidos circundantes.
A teoria acima pode ser resumida assim: o Espírito age sobre a matéria; tira da matéria cósmica universal os elementos necessários para formar, como quiser, objetos com a aparência dos diversos corpos da Terra. Pode também operar, pela vontade, sobre a matéria elementar, uma transformação íntima que lhe dê certas propriedades. Essa faculdade é inerente à natureza do Espírito, que a exerce muitas vezes de maneira instintiva e, portanto, sem o perceber, quando se faz necessário. Os objetos formados pelo Espírito são de existência passageira, que depende da sua vontade ou da necessidade: ele pode fazê-los e desfazê-los a seu bel-prazer. Esses objetos podem, em certos casos, parecer para os vivos perfeitamente reais, tornando-se momentaneamente visíveis e mesmo tangíveis. Trata-se de formação e não de criação, pois o Espírito não pode tirar nada do nada.
A existência de uma matéria elementar única é hoje quase geralmente admitida pela ciência e os Espíritos a confirmam, como acabamos de ver. Essa matéria dá origem a todos os corpos da Natureza. As suas transformações determinam as diversas propriedades os corpos. É assim que uma substância salutar pode tornar-se venenosa por uma simples modificação. [...]
Desde que o Espírito, através apenas da sua vontade, pode agir tão decisivamente sobre a matéria elementar, compreende-se que possa formar substâncias e até mesmo desnaturar as suas propriedade, usando a própria vontade como reativo.
(O Livro dos Médiuns – pág. 87 - grifei)
A ação dos Espíritos sobre os fluidos em geral permite compreender que, seja o Espírito por si só, seja com o concurso de um encarnado, é plenamente possível acumular fluido magnético na água de um recipiente. Os fluido magnético atuará nas propriedades da água, podendo potencializá-la com efeitos benéficos.
O encarnado, dentro de certos limites, poderá fazer o mesmo ainda que sem a ajuda de um Espírito. Obviamente a vontade de assim proceder deve ser mais intensa, exigindo maior concentração.
Esta teoria nos dá a solução de um problema do magnetismo, bem conhecido mas até hoje inexplicado, que é o fato da modificação das propriedades da água pela vontade. O Espírito agente é o do magnetizador, na maioria das vezes assistido por um Espírito desencarnado. Ele opera uma transmutação por meio do fluido magnético que, como já dissemos, é a substância que mais se aproxima da matéria cósmica ou elemento universal. E se ele pode produzir uma modificação nas propriedades da água, pode igualmente faze-lo no tocante aos fluidos orgânicos, do que resulta o efeito curativo da ação magnética convenientemente dirigida.
(O Livro dos Médiuns – pág. 88 - grifei)
A atuação do pensamento acha-se bem destacada no seguinte trecho:
Como alicerce vivo de todas as realizações nos planos físico e extrafísico, encontramos o pensamento por agente essencial. Entretanto, ele ainda é matéria, – a matéria mental, em que as leis de formação das cargas magnéticas ou dos sistemas atômicos prevalecem sob novo sentido, compondo o maravilhoso mar de energia sutil em que todos nos achamos submersos e no qual surpreendemos elementos que transcendem o sistema periódico dos elementos químicos conhecidos no mundo.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 39 – grifei)
O fluido que circunda cada ser humano, por ser o meio etérico em que se agitam as vibrações decorrentes de seu pensamento, terminam compondo um halo que o envolve na exata medida das propriedades desse pensamento – freqüência, cor e demais parâmetros ondulatórios.
Assim é que o halo vital ou aura de cada criatura permanece tecido de correntes atômicas sutis dos pensamentos que lhe são próprios ou habituais, dentro de normas que correspondem à lei dos “quanta de energia” e aos princípios da mecânica ondulatória, que lhes imprimem freqüência e cor peculiares.
Essas forças, em constantes movimentos sincrônicos ou estado de agitação pelos impulsos da vontade, estabelecem para cada pessoa uma onda mental própria.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 40 – grifei)
A faixa de freqüência em que vibram os pensamentos das pessoas em geral terminam fixando um padrão em que o fluido assim modelado imprime formas naquilo que é chamado vulgarmente matéria mental, como apontado no texto de André Luiz.
O mesmo Espírito, no entanto, refere-se ao padrão de pensamentos de uma pessoa como uma onda mental própria. É a aplicação da dualidade matéria-onda estudada pela física quântica na conhecida proposição de De Bloglie, como expressamente anotado na mesma obra:
Foi o estudioso físico francês, Luis De Broglie, que compareceu no cenário das contradições, enunciando o seguinte princípio:
– “Compreendendo-se que as ondas da luz, em certas circunstâncias, procedem à feição de corpúsculos, por que motivo os corpúsculos de matéria, em determinadas condições, não se comportarão à maneira de ondas?”
E acrescentava que cada partícula de matéria está acompanhada pela onda que a conduz.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 35 – grifei)
Conjugando, agora, o que já foi exposto acerca da noção de campo (uma forma de interpretar o meio etérico em agitação), é possível compreender que os corpúsculos mentais, com as respectivas ondas associadas, imprimem uma agitação no meio fluídico capaz de transmitir energia e ser captado por outra mente com características semelhantes.
Ou seja, o pensamento pode ser induzido.
Tanto quanto, no domínio da energia elétrica, a indução significa o processo através do qual um corpo que detenha propriedades eletromagnéticas pode transmiti-las a outro corpo sem contacto visível, no reino dos poderes mentais a indução exprime processo idêntico, porquanto a corrente mental é suscetível de reproduzir as suas próprias peculiaridades em outra corrente mental que se lhe sintonize. E tanto na eletricidade quanto no mentalismo, o fenômeno obedece à conjugação de ondas, enquanto perdure a sustentação do fluxo energético.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 41 – grifei)
O fenômeno de indução relaciona-se com a noção de harmônicos e ressonância. Uma onda caracteriza-se por um tom fundamental, que a notabiliza no contexto das vibrações. Mas em seu âmago ressoam também ondas menores de mais baixa amplitude e comprimento. Cada onda menor é um harmônico que se acha embutido na onda fundamental, que é a sua tônica. No caso dos sons, é a maneira como se distribuem os harmônicos que mais caracterizam o timbre de uma mesma nota musical soada por instrumentos diferentes.
Quando a onda atinge uma estrutura semelhante àquela que a veiculou no meio etérico, por indução faz com que essa outra estrutura passe a vibrar em consonância com suas características. Ambas as estruturas encontrarão maior eficiência na transmissão da energia conforme mais se aproximem de uma freqüência denominada freqüência de ressonância. Conforme variam as estruturas que emitem ondas, varia também a freqüência em que o fenômeno da ressonância ocorre.
No caso de duas mentes, o pensamento de uma irá induzir um pensamento semelhante em outra com maior ou menor eficiência conforme estejam elas naturalmente mais ajustadas ou não para a freqüência de ressonância entre si. Por isso há indivíduos que se entendem antes do final da frase. Chega mesmo a haver o fenômeno da telepatia. Infelizmente, é pelos mesmos fundamentos que ocorrem também induções prejudiciais e até processos obsessivos.
A indução do pensamento, bem como a ressonância de mentes sintonizadas, leva, também, a outro campo de fenômenos muito importantes no estudo comparado do Espiritismo: as formas-pensamento. Como já vimos, trata-se da capacidade de modelagem dos fluidos, já bem descrita nos textos de Kardec.
Merece ser acrescido, agora mais pertinentemente à ressonância, que o pensamento modela fluidos, induz pensamentos de semelhante natureza e, por ressonância, reafirma-se no contexto de outras mentes inclusive na modelagem de fluidos. Assim, o pensamento modela fluidos em consonância com outros pensamentos, que passam a colaborar na modelagem conjunta desses fluidos. Várias mentes passam a compor formas-pensamento conjuntamente, mesmo que não tenham a intenção ou mesmo consciência disso.
Emitindo uma idéia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, idéia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustentá-la, mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir.
É nessa projeção de forças, a determinarem o compulsório intercâmbio com todas as mentes encarnadas ou desencarnadas, que se nos movimenta o Espírito no mundo das formas-pensamentos, construções substanciais na esfera da alma, que nos liberam o passo ou no-lo escravizam, na pauta do bem ou do mal de nossa escolha. Isso acontece porque, à maneira do homem que constrói estradas para a sua própria expansão ou que talha algemas para si mesmo, a mente de cada um, pelas correntes de matéria mental que exterioriza, eleva-se a gradativa libertação no rumo dos planos superiores ou estaciona nos planos inferiores, como quem traça vasto labirinto aos próprios pés.
(Mecanismos da Mediunidade - André Luiz – Pág. 42 – grifei)
A fenomenologia de modelagem fluídica e construção conjunta de formas-pensamento constituem aspectos comuns na interação entre os seres, estejam na erraticidade, estejam encarnados.
A partícula de pensamento, pois, como corpúsculo fluídico, tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, a subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram.
E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partícula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do Espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluído gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do sentimento que o tipifica e configura, nomeável, à falta de terminologia equivalente, como “raio da emoção” ou “raio do desejo”, força essa que lhe opera a diferenciação de massa e trajeto, impacto e estrutura.
(Evolução em Dois Mundos - André Luiz – Pág. 92 – grifei)