EsoEstudos - Estudos Esotéricos Livres
Estudos Esotéricos Livres PAZ E SERENIDADE --- Quando o Espírito desaba, resta-nos sempre a serenidade dos escombros...
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Criações Fluídicas

Revista Espírita 1865 » Maio » Sobre as criações fluídicas
(Sociedade de Paris, 14 de outubro de 1864)
(Médium, Sr. Delanne)
Eu disse algumas breves palavras sobre os grandes mensageiros enviados entre vós para realizar sua missão de progresso intelectual e moral em vosso globo.
Se, nessa ordem, o movimento se desenvolve e toma proporções que notais a cada dia, um outro se realiza, não só no mundo dos Espíritos que deixaram a matéria, mas também importante na ordem material. Quero referir-me às leis de depuração fluídica.
O homem não só deve elevar sua alma pela prática da virtude, mas deve também depurar a matéria. Cada indústria fornece seu contingente a esse trabalho, porque cada uma delas produz misturas de toda espécie. Essas espécies liberam fluidos que, mais depurados, vão juntar-se na atmosfera a fluidos similares, que se tornam úteis às manifestações dos Espíritos de que faláveis há pouco.
Sim, os objetos procriados instantaneamente pela vontade, que é o mais rico dom do Espírito, são colhidos nos fluidos semimateriais, análogos à constituição semimaterial do corpo chamado perispírito, dos habitantes da erraticidade. Eis por que, com esses elementos, eles podem criar objetos, conforme o seu desejo.
O mundo dos invisíveis é como o vosso. Em vez de ser material e grosseiro, ele é fluídico, etéreo, da natureza do perispírito, que é o verdadeiro corpo do Espírito, haurido nesses meios moleculares, como o vosso se forma de coisas mais palpáveis, tangíveis, materiais.
O mundo dos Espíritos não é um reflexo do vosso; o vosso é que é uma imagem grosseira e muito imperfeita do reino de além-túmulo.
As relações desses dois mundos sempre existiram, mas hoje é chegado o momento em que todas essas afinidades ser-vos-ão relevadas, demonstradas e tornadas palpáveis.
Quando compreenderdes as leis das relações entre os seres fluídicos e aqueles que conheceis, a lei de Deus estará próxima de ser posta em execução, porque cada encarnado compreenderá sua imortalidade, e a partir de então ele se tornará não só um ardente trabalhador da grande causa, mas ainda um digno servidor de suas obras.
MESMER
Ainda assim, no meio espírita não são poucos os que negam a ideoplastia ambiente... Pretensamente, pregam uma "verdade" puríssima estrita à letra fria de Kardec, ainda que em contraposição à Revista Espírita, uma de suas maiores obras...
quinta-feira, 29 de dezembro de 2011
Princípio Inteligente - Evolução
São inúmeras as referências em vários sites acerca da incompatibilidade entre o que a Doutrina Espírita expõe e a Evolução. Mas não há incompatibilidade alguma:
- O PI progride e, desde que atinja determinado nível de conquistas, passa pela humanização.
- O PI é, como o nome diz, um Princípio.
- O Princípio engendra diversas formas de vida, ambientando-se em miríades de manifestações.
- Não existe o PI humano, o que seria uma impropriedade em todos os sentidos. Um Princípio é um Princípio, não tem individualidade.
- Mas a forma de vida engendrada tem que progredir para que possa sofrer o influxo, cada vez mais abrangente, do mesmíssimo Princípio Inteligente.
- Assim, como o homem não surgiu num piscar de olhos, só mesmo entendendo que a forma de vida que vinha progredindo anteriormente pôde atingir a individualidade plena e consciência de si mesmo.
- Não há como entender que a forma de vida atinge a possibilidade de humanizar-se senão tendo avançado até os preâmbulos dessa fase --- daí existirem os antropóides.
- Ocorre que a forma de vida que chamamos de antropóide, embalada pelo mesmo Princípio Inteligente, só chegou ao preâmbulo da humanização porque adveio de uma forma de vida menos avançada mas suficiente a um influxo mais complexo do PI, suficiente a ponto de tornar-se antropóide.
Bem, se continuarmos essa via reversa, do homem ao antropóide, do antropóide ao seu antecessor, e assim por diante, não vejo como imaginar que não há uma forma de vida fundamental.
PI é Princípio InteligenteUm princípio emanado do Criador é uma potência, um potencial, um vir-a-ser impulsionado pela Vontade, pelo Pensamento que sustenta em seu seio o Universo. O que progride é o ser que, engendrado na matéria, ganha progressivamente mais e mais condições de sofrer o influxo do Princípio Inteligente.Um bonobo não tem "um PI" que se reencarna em seu progresso. O que reencarna é aquilo que os Espíritos afirmaram ser "por assim dizer" algo como uma alma. Os seres progridem forjando estruturas progressivamente mais complexas para a manifestação do PI, estruturas que passam a sofrer influxo cada vez mais intenso. O PI continua ampliando o desenvolvimento do próprio homem, mesmo após a conquista da consciência contínua e livre arbítrio, após a humanização.Afinal, é um Princípio Inteligente --- ou seja, o potencial emanado do Criador para a realização de sua Obra através dos seres.
domingo, 26 de setembro de 2010
Umbral - Astral inferior - Visão Espírita
[...]Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres
dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo.
Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer.[...]
(LE - págs. 118/119)
O Umbral é o meio em que, por sintonia, os Espíritos erram (situam-se) por tempo variável, consoante sua condição individual de apequenada compreensão da realidade da Vida Espiritual. O retorno ao mundo extrafísico, desde que o Espírito pouco ou quase nada compreenda de seu reingresso na Vida Real, leva à ambientação de seu existir nos exatos termos de seu mundo interior, de sua mente. Há, assim, no Umbral tantos "lugares" quanto variados sejam os padrões coletivos de Espíritos em sintonia. Pântanos, covas, cavernas, vales, cidades, mosteiros, etc etc etc. Cada um sintonizará com o seu "próprio" inferno ou purgatório...
dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo.
Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer.[...]
(LE - págs. 118/119)
O Umbral é o meio em que, por sintonia, os Espíritos erram (situam-se) por tempo variável, consoante sua condição individual de apequenada compreensão da realidade da Vida Espiritual. O retorno ao mundo extrafísico, desde que o Espírito pouco ou quase nada compreenda de seu reingresso na Vida Real, leva à ambientação de seu existir nos exatos termos de seu mundo interior, de sua mente. Há, assim, no Umbral tantos "lugares" quanto variados sejam os padrões coletivos de Espíritos em sintonia. Pântanos, covas, cavernas, vales, cidades, mosteiros, etc etc etc. Cada um sintonizará com o seu "próprio" inferno ou purgatório...
domingo, 31 de janeiro de 2010
Aspectos Morais - Espiritismo
O paradigma de conduta a ser seguido é Jesus Cristo.
625. Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem, para lhe servir de guia e modelo?
– Vede Jesus.
Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a Humanidade na Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina que ele ensinou é a mais pura expressão de sua lei, porque ele estava animado do Espírito divino e foi o ser mais puro que já apareceu na Terra.
Se alguns dos que pretenderam instruir os homens na lei de Deus algumas vezes os desviavam para falsos princípios, foi por se deixarem dominar por sentimentos demasiado terrenos e por terem confundido as leis que regem as condições da vida da alma com as que regem a vida do corpo. Muitos deles apresentaram como leis divinas o que era apenas leis humanas, instituídas para servir às paixões e dominar os homens.
(O Livro dos Espíritos - grifei)
No entanto, as verdades espirituais foram semeadas desde sempre na humanidade, ainda que incompletas.
626. As leis divinas e naturais só foram reveladas aos homens por Jesus e antes dele s6 foram conhecidas por intuição?
– Não dissemos que elas estão escritas por toda parte? Todos os homens que meditaram sobre a sabedoria puderam compreendê-las e ensiná-las desde os séculos mais distantes. Por seus ensinamentos, mesmo incompletos, eles prepararam o terreno para receber a semente. Estando as leis divinas escritas no livro da Natureza, o homem pôde conhecê-las sempre que desejou procurá-las. Eis porque os seus princípios foram proclamados em todos os tempos pelos homens de bem, e também porque encontramos os seus elementos na doutrina moral de todos os povos saídos da barbárie, mas incompletos ou alterados pela ignorância e a superstição.
(O Livro dos Espíritos - grifei)
A Moral Cristã constitui a mais completa revelação dos valores magnos da alma que a Humanidade deve cultivar. Ainda assim, a complementação trazida como o Ensinamento dos Espíritos foi uma necessidade para que as parábolas do Mestre não caíssem em interpretações eivadas de vícios consoante interesses oportunistas.
627. Desde que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual é a utilidade do ensinamento dado pelos Espíritos? Têm eles mais alguma coisa para nos ensinar?
– O ensino de Jesus era freqüentemente alegórico e em forma de parábolas, porque ele falava de acordo com a época e os lugares. Faz-se hoje necessário que a verdade seja inteligível para todos. É preciso, pois, explicar e desenvolver essas leis, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. Nossa missão é a de despertar os olhos e os ouvidos, para confundir os orgulhosos e desmascarar os hipócritas: os que afetam exteriormente a virtude e a religião para ocultar as suas torpezas. O ensinamento dos Espíritos deve ser claro e sem equívocos, a fim de que ninguém possa pretextar ignorância e cada um possa julgá-la e apreciá-lo com a sua própria razão. Estamos encarregados de preparar o Reino de Deus anunciado por Jesus, e por isso é necessário que ninguém venha a interpretar a lei de Deus ao sabor das suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei que é toda amor e caridade.
(O Livro dos Espíritos - grifei)
Aspectos Morais - Espiritismo
Considerando que a experiência do ser nos evos da evolução o faz progredir, uma vez atingida a noção de si mesmo e a consciência plena da do acerto ou desacerto das atitudes, nasce para ele a responsabilidade por tudo o que faz ou que deixa de fazer.
642. Será suficiente não se fazer o mal, para ser agradável a Deus e assegurar uma situação futura?
– Não: é preciso fazer o bem, no limite das próprias forças, pois cada um responderá por todo o mal que tiver ocorrido por causa do bem que deixou de fazer.
(O Livro dos Espíritos)
Ainda mais rigorosa é a Lei, porquanto assevera que o mérito pelo bem que se faça mede-se pela dificuldade de realizá-lo.
646. O mérito do bem que se faz está subordinado a certas condições, ou seja, há diferentes graus no mérito do bem?
– O mérito do bem está na dificuldade; não há nenhum em fazê-la sem penas e quando nada custa. Deus leva mais em conta o pobre que reparte o seu único pedaço de pão, que o rico que só dá do seu supérfluo. Jesus já o disse, a propósito do óbolo da viúva.
(O Livro dos Espíritos)
E estando Jesus assentado defronte donde era o gazofilácio, observava ele de que modo deitava o povo ali o dinheiro; e muitos, que eram ricos, deitavam com mão larga. E tendo chegado uma pobre viúva, lançou duas pequenas moedas, que importavam um real. E convocando seus discípulos, lhes disse: Na verdade vos digo, que mais deitou esta pobre viúva do que todos os outros que deitaram no gazofilácio. Porque todos os outros deitaram do que tinham na sua abundância; porém esta deitou da sua mesma indulgência tudo o que tinha, e tudo o que lhe restava para seu sustento. (MARCOS, XI l: 41-44-LUCAS, XXI: 1-4).
Aqueles cuja intenção está isenta de qualquer idéia pessoal, devem consolar-se da impossibilidade em que se vêem de fazer todo o bem que desejariam, lembrando-se de que o óbolo do pobre, do que dá privando-se do necessário, pesa mais na balança de Deus do que o ouro do rico que dá sem se privar de coisa alguma. Grande seria realmente a satisfação do primeiro, se pudesse socorrer, em larga escala, a indigência; mas, se essa satisfação lhe é negada, submeta-se e se limite a fazer o que possa. Aliás, será só com o dinheiro que se podem secar lágrimas e dever-se-á ficar inativo, desde que se não tenha dinheiro? Todo aquele que sinceramente deseja ser útil a seus irmãos, mil ocasiões encontrará de realizar o seu desejo. Procure-as e elas se lhe depararão; se não for de um modo, será de outro, porque ninguém há que, no pleno gozo de suas faculdades, não possa prestar um serviço qualquer, prodigalizar um consolo, minorar um sofrimento físico ou moral, fazer um esforço útil. Não dispõem todos, à falta de dinheiro, do seu trabalho, do seu tempo, do seu repouso, para de tudo isso dar uma parte ao próximo? Também aí está a dádiva do pobre, o óbolo da viúva.
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – págs. 216/217 – grifei).
Aspectos Morais - Espiritismo
A busca do Pai Eterno. A elevação do pensamento nos momentos de prece sentida e sincera. São momentos assim que ensaiam o ser humano nas vibrações mais elevadas que no porvir hão de constituir-lhe a Paz e Serenidade da bem-aventurança.
649. Em que consiste a adoração?
– E a elevação do pensamento a Deus. Pela adoração o homem aproxima dEle a sua alma.
(O Livro dos Espíritos)
O templo fundamental da cada ser humano é o seu coração. A prece sentida não exige locais ou liturgias obrigatórias. Mais vale a oração feita no recinto da consciência do que o culto ostensivo e desprovido de sinceridade. Seja no templo, seja consigo mesmo, o homem deve orar sempre com a verdade de seu coração.
Por outro lado, pouco importa qual a religião que o homem siga, desde que busque aplicar os ensinamentos elevados semeados para todos com sinceridade e dedicação.
653. A adoração necessita de manifestações exteriores?
– A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as vossas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa.
653-a. A adoração exterior é útil?
– Sim, se não for um fingimento. É sempre útil dar um bom exemplo; mas os que o fazem só por afetação e amor próprio, e cuja conduta desmente a sua aparente piedade, dão um exemplo antes mau do que bom, e fazem maior mal do que supõem.
654. Deus tem preferência pelos que o adoram desta ou daquela maneira?
– Deus prefere os que o adoram do fundo do coração, com sinceridade, fazendo o bem e evitando o mal, aos que pensam honrá-Lo através de cerimônias que não os tornam melhores para os seus semelhantes.
– Todos os homens são irmãos e filhos do mesmo Deus, que chama para Ele todos os que seguem as suas leis, qualquer que seja a forma pela qual se exprimam.
– Aquele que só tem a aparência da piedade é um hipócrita; aquele para quem a adoração é apenas um fingimento e está em contradição com a própria conduta, dá um mau exemplo.
– Aquele que se vangloria de adorar o Cristo mas que é orgulhoso, invejoso e ciumento, que é duro e implacável para com os outros ou ambicioso de bens mundanos, eu vos declaro que só tem a religião nos lábios e não no coração. Deus, que tudo vê, dirá: aquele que conhece a verdade é cem vezes mais culpável do mal que faz do que o selvagem ignorante e será tratado de maneira conseqüente, no dia do juízo. Se um cego vos derruba ao passar, vós o desculpais, mas se é um homem que enxerga bem, vós o censurais e com razão.
– Não pergunteis, pois, se há uma forma de adoração mais conveniente, porque isso seria perguntar se é mais agradável a Deus ser adorado numa língua do que em outra. Digo-vos ainda uma vez: os cânticos não chegam a Ele senão pela porta do coração.
(O Livro dos Espíritos – grifei)
A adoração, enquanto elevação do pensamento, pressupõe que o ser esteja no enfrentamento de sua Vida cumprindo com o bom combate, lutando em seu dia-a-dia na edificação de seu aperfeiçoamento, cumprimento de suas tarefas, bem suportando as vicissitudes que lhe surjam no caminho.
A inércia de uma vida contemplativa, sem realizações e sem o esforço de aprimoramento perante a humanidade não tem maior valia para a alma.
657. Os homens que se entregam à vida contemplativa, não fazendo nenhum mal e só pensando em Deus, têm algum mérito aos seus olhos?
– Não, pois se não fazem o mal, também não fazem o bem e são inúteis. Aliás, não fazer o bem já é um mal. Deus quer que se pense nEle, mas não que se pense apenas nEle, pois deu ao homem deveres a serem cumpridos na Terra. Aquele que se consome na meditação e na contemplação nada faz de meritório aos olhos de Deus, porque sua vida é toda pessoal e inútil para a Humanidade. Deus lhe pedirá contas do bem que não tenha feito.
(O Livro dos Espíritos – grifei)
Como já destacado, a Lei da Adoração pressupõe a elevação do pensamento, a busca de Deus mesmo nas limitações do homem. O meio mais eficaz do homem elevar suas vibrações é a prece sentida, sincera e meditada com o coração. Sempre e sempre a intenção é o elemento fundamental da prece, pouco importando fórmulas ou sacramentos. Quando o homem ora com o coração, com sinceridade, põe em movimento a sua preciosa capacidade de ter fé, de confiar, de firmar na busca do Altíssimo a convicção de que o Pai a todos ouve.
658. A prece é agradável a Deus?
– A prece é sempre agradável a Deus, quando ditada pelo coração, porque a intenção é tudo para Ele. A prece do coração é preferível a que podes ler, por mais bela que seja, se a leres mais com os lábios do que com o pensamento. A prece é agradável a Deus quando é proferida com fé, com fervor e sinceridade. Não creias, pois, que Deus seja tocado pelo homem vão, orgulhoso e egoísta, a menos que a sua prece represente um ato de sincero arrependimento e de verdadeira humildade.
(O Livro dos Espíritos – grifei)
[...] A prece é um sustentáculo da alma, mas não é suficiente por si só: é necessário que se apoie numa fé ardente na bondade de Deus. [...]
(O Evangelho Segundo o Espiritismo – pág. 108 - grifei)
[...] Qualquer que seja o caso, a prece nunca deixa de dar bom resultado. [...]
(O Livro dos Médiuns – pág. 111 – grifei)
8ª Podem obter-se curas unicamente por meio da prece?
"Sim, desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não foi ouvida."
(O Livro dos Médiuns – pág. 218 – grifei)
9ª Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais eficazes do que outras?
"Somente a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes idéias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é
na fórmula que está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da idéia ligada ao uso da fórmula."
(O Livro dos Médiuns – pág. 219 – grifei)
A prece pode permite louvar, pedir e agradecer, mas fundamentalmente a prece traz ao homem mais força interior na sedimentação de suas convicções pela conduta correta a ser tomada em cada momento da vida.
659. Qual o caráter geral da prece?
– A prece é um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar nEle, aproximar-se dEle, pôr-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar, pedir e agradecer.
660. A prece torna o homem melhor?
– Sim, porque aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir. É um socorro jamais recusado, quando o pedimos com sinceridade.
(O Livro dos Espíritos – grifei)
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
A CONDIÇÃO HUMANA - 2
É muito difícil entender exatamente em que ponto o ser adquire discernimento suficiente para identificar o caráter ilícito de uma conduta, deixando de se arrastar pelos instintos para decidir sobre o que deve ou não ser feito. Kardec denomina paixões os impulsos que advêm do instinto de conservação, paixões cujo exercício constituem uma necessidade para o atendimento das necessidades materiais das primeiras fases da existência corpórea do Espírito. Em um dado momento, o ser entende que deve atender a essas necessidades ao mesmo tempo em que se vai estabelecendo uma escala de valores em sua incipiente capacidade de avaliação. O ser passa a considerar, desde os rudimentos mais simples, a idéia de certo e errado. Para cada aumento na capacidade de valorar entre certo e errado, aumenta-lhe simetricamente a responsabilidade pela decisão que tomar.
Essa responsabilidade progressiva a partir de certo grau traz a plena imputabilidade do ser humano como sujeito de acertos e desacertos, tornando-o o legítimo destinatário das conseqüências de seus atos.
O ensinamento ministrado no Capítulo VI de A Gênese foi assinado por Galileu (esse capítulo é textualmente extraído de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título - Estudos uranográficos e assinadas GALILEU – nota à página 103). Ele revelou a temeridade de ofertar uma exposição clara e pretensamente completa acerca da conquista do livre-arbítrio pelos Espíritos. Ainda assim é um ensinamento profundo e que não podemos ignorar:
Até aqui, porém, temos guardado silêncio sobre o mundo espiritual, que também faz parte da criação e cumpre seus destinos conforme as augustas prescrições do Senhor.
Acerca do modo da criação dos Espíritos, entretanto, não posso ministrar mais que um ensino muito restrito, em virtude da minha própria ignorância e também porque tenho ainda de calar-me no que concerne a certas questões, se bem já me haja sido dado aprofundá-las.
Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogando-lhes, todavia, que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.
De novo peço: não construais sobre as minhas palavras os vossos raciocínios, tão tristemente célebres na história da Metafísica. Eu preferiria mil vezes calar-me sobre tão elevadas questões, tão acima das nossas meditações ordinárias, a vos expor a desnaturar o sentido de meu ensino e a vos lançar, por culpa minha, nos inextricáveis dédalos do deísmo ou do fatalismo.
(A Gênese – pág. 117)
Entretanto, é do Ensino dos Espíritos a seguinte abordagem da questão do homem enquanto ser inteligente, em comparação aos animais.
592. Se, pelo que toca à inteligência, comparamos o homem e os animais, parece difícil estabelecer-se uma linha de demarcação entre aquele e estes, porquanto alguns animais mostram, sob esse aspecto, notória superioridade sobre certos homens. Pode essa linha de demarcação ser estabelecida de modo preciso?
“A este respeito é completo o desacordo entre os vossos filósofos. Querem uns que o homem seja um animal e outros que o animal seja um homem. Estão todos em erro. O homem é um ser à parte, que desce muito baixo algumas vezes e que pode também elevar-se muito alto. Pelo físico, é como os animais e menos bem dotado do que muitos destes. A Natureza lhes deu tudo o que o homem é obrigado a inventar com a sua inteligência, para satisfação de suas necessidades e para sua conservação. Seu corpo se destrói, como o dos animais, é certo, mas ao seu Espírito está assinado um destino que só ele pode compreender, porque só ele é inteiramente livre. Pobres homens, que vos rebaixais mais do que os brutos! Não sabeis distinguir-vos deles? Reconhecei o homem pela faculdade de pensar em Deus.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Ainda assim, o Ensinamento dos Espíritos, harmonicamente com o que foi dito antes (“o instinto é uma espécie de inteligência”), não distingue os animais como seres apenas instintivos.
593. Poder-se-á dizer que os animais só obram por instinto?
“Ainda aí há um sistema. É verdade que na maioria dos animais domina o instinto. Mas, não vês que muitos obram denotando acentuada vontade? É que têm inteligência, porém limitada.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Compreendendo que o livre-arbítrio é um atributo da inteligência, os Espíritos assim se expressam quanto aos animais:
595. Gozam de livre-arbítrio os animais, para a prática dos seus atos?
“Os animais não são simples máquinas, como supondes. Contudo, a liberdade de ação, de que desfrutam, é limitada pelas suas necessidades e não se pode comparar à do homem. Sendo muitíssimo inferiores a este, não têm os mesmos deveres que ele. A liberdade, possuem-na restrita aos atos da vida material.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Os animais, pois, possuem liberdade de agir, conquanto nos limites de suas necessidades materiais. Mais do que isso, os animais são dotados de um corpo espiritual que é a sede dessa limitada inteligência, corpo espiritual que remanesce ao corpo físico e que conserva a sua individualidade após a morte deste.
597. Pois que os animais possuem uma inteligência que lhes faculta certa liberdade de ação, haverá neles algum princípio independente da matéria?
“Há e que sobrevive ao corpo.”
a) - Será esse princípio uma alma semelhante à do homem?
“É também uma alma, se quiserdes, dependendo isto do sentido que se der a esta palavra. É, porém, inferior à do homem. Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus.”
598. Após a morte, conserva a alma dos animais a sua individualidade e a consciência de si mesma?
“Conserva sua individualidade; quanto à consciência do seu eu, não. A vida inteligente lhe permanece em estado latente.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
O princípio inteligente que progride nos corpos animais advém do elemento inteligente universal.
606. Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a alma de natureza especial de que são dotados?
“Do elemento inteligente universal.”
a) - Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos animais?
“Sem dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
De se notar que os Espíritos ensinam que entre a alma do homem e a alma do animal há uma imensa distância evolutiva:
[...]
Há entre a alma dos animais e a do homem distância equivalente à que medeia entre a alma do homem e Deus
... no homem, passou por uma elaboração que a coloca acima da que existe no animal.
[...]
Evidencia-se que o princípio inteligente evolui até atingir a condição de individualidade e, depois, a consciência de si mesmo:
607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
a) - Parece que, assim, se pode considerar a alma como tendo sido o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, não?
“Já não dissemos que todo em a Natureza se encadeia e tende para a unidade? Nesses seres, cuja totalidade estais longe de conhecer, é que o princípio inteligente se elabora, se individualiza pouco a pouco e se ensaia para a vida, conforme acabamos de dizer. É, de certo modo, um trabalho preparatório, como o da germinação, por efeito do qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos. Assim, à fase da infância se segue a da adolescência, vindo depois a da juventude e da madureza. Nessa origem, coisa alguma há de humilhante para o homem. Sentir-se-ão humilhados os grandes gênios por terem sido fetos informes nas entranhas que os geraram? Se alguma coisa há que lhe seja humilhante, é a sua inferioridade perante Deus e sua impotência para lhe sondar a profundeza dos desígnios e para apreciar a sabedoria das leis que regem a harmonia do Universo. Reconhecei a grandeza de Deus nessa admirável harmonia, mediante a qual tudo é solidário na Natureza. Acreditar que Deus haja feito, seja o que for, sem um fim, e criado seres inteligentes sem futuro, fora blasfemar da Sua bondade, que se estende por sobre todas as suas criaturas.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Nesse texto de O Livro dos Espíritos, em consonância com o anteriormente referido ensino do Espírito referenciado como Galileu (A Gênese – pág. 117 – “O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito toma lugar no seio das humanidades.”), não parece haver outra possibilidade senão a de ver a origem comum do homem e todos os demais seres criados. Veja-se que a pergunta pressupõe a alma como tendo sido o mesmo princípio inteligente dos seres inferiores da criação, advindo, da resposta afirmativa, que há identidade entre eles. Não há uma criação especial para o homem. Sem embargo, o homem representa já uma fase, essa sim (fase), especial em relação aos animais e seres mais simples.
De qualquer forma, é assim expresso pelos Espíritos:
610. Ter-se-ão enganado os Espíritos que disseram constituir o homem um ser à parte na ordem da criação?
“Não, mas a questão não fora desenvolvida. Demais, há coisas que só a seu tempo podem ser esclarecidas. O homem é, com efeito, um ser à parte, visto possuir faculdades que o distinguem de todos os outros e ter outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação do seres que podem conhecê-Lo.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Na tradução de J. Herculado Pires:
610. Os Espíritos que disseram que o homem é um ser à parte na ordem da Criação enganaram-se, então?
– Não, mas a questão não havia sido desenvolvida, e há coisas que não podem vir senão a seu tempo. O homem é, de fato, um ser à parte, porque tem faculdades que o distinguem de todos os outros e tem outro destino. A espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem conhecer.
(O Livro dos Espíritos – grifo original)
Os Espíritos deixam assente que há informações que só devem vir plenamente no tempo certo da maturação do conhecimento humano. Então, conquanto asseverem que a espécie humana é a que Deus escolheu para a encarnação dos seres que podem atingir o conhecimento (que podem conhecê-Lo), é imperativo harmonizar-se esse informe com tudo o mais que foi codificado pelos Espíritos. A alma, ou seja, o Espírito encarnado, foi o princípio inteligente dos seres inferiores da criação, como já destacado mais acima. Ademais o trecho mais significativo é:
[...] o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. Entra então no período da humanização, começando a ter consciência do seu futuro, capacidade de distinguir o bem do mal e a responsabilidade dos seus atos [...]
(O Livro dos Espíritos – pergunta 607-A)
Na tradução de J. Herculano Pires:
[...] o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É então que começa para ele o período de humanidade, e com este a consciência do seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos [...]
(O Livro dos Espíritos – pergunta 607-A)
Desse modo, concluir nos estritos limites da parte final da resposta dada à pergunta 610, concebendo o homem como um ser originário de uma criação especial, criaria uma antinomia interna na Doutrina Espírita, situação inconcebível ante a origem dos ensinamentos.
Sem dúvida a interpretação para essa resposta, no contexto de tudo o mais que foi exposto pelos Espíritos, implica em considerar que o homem é especial aos olhos de Deus por ser homem. Ou seja, um ser que atingiu a fase de humanidade.
A CONDIÇÃO HUMANA
O ensinamento dos Espíritos conceitua Espírito como sendo seres inteligentes da criação. Isso porque o termo em si passa a referir não mais o princípio inteligente mas sim o ser que atingiu individualidade e consciência.
76. Que definição se pode dar dos Espíritos?
“Pode dizer-se que os Espíritos são os seres inteligentes da criação. Povoam o Universo, fora do mundo material.”
NOTA - A palavra Espírito é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos e não mais o elemento inteligente do Universo.
(O Livro dos Espíritos)
A individualidade é expressamente colocada como atributo do Espírito.
79. Pois que há dois elementos gerais no Universo: o elemento inteligente e o elemento material, poder-se-á dizer que os Espíritos são formados do elemento inteligente, como os corpos inertes o são do elemento material?
“Evidentemente. Os Espíritos são a individualização do princípio inteligente, como os corpos são a individualização do princípio material. A época e o modo por que essa formação se operou é que são desconhecidos.”
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
No que toca à origem do Espírito, Kardec assevera que são criados simples e ignorantes.
O que Deus permite que seus mensageiros lhe digam e o que, aliás, o próprio homem pode deduzir do princípio da soberana justiça, atributo essencial da Divindade, é que todos procedem do mesmo ponto de partida; que todos são criados simples e ignorantes, com igual aptidão para progredir pelas suas atividades individuais; que todos atingirão o grau máximo da perfeição com seus esforços pessoais; que todos, sendo filhos do mesmo Pai, são objeto de igual solicitude; que nenhum há mais favorecido ou melhor dotado do que os outros, nem dispensado do trabalho imposto aos demais para atingirem a meta.
(A Gênese – pág. 209)
Evidencia-se, por outro lado, que a evolução é lei fundamental para o ser espiritual.
Progredir é condição normal dos seres espirituais e a perfeição relativa o fim que lhes cumpre alcançar. Ora, havendo Deus criado desde toda a eternidade, e criando incessantemente, também desde toda a eternidade teia havido seres que atingiram o ponto culminante da escala.
Antes que existisse a Terra, mundos sem conta haviam sucedido a mundos e, quando a Terra saiu do caos dos elementos, o espaço estava
povoado de seres espirituais em todos os graus de adiantamento, desde os que surgiam para a vida até os que, desde toda a eternidade, haviam tomado lugar entre os puros Espíritos, vulgarmente chamados anjos.
(A Gênese – pág. 210)
domingo, 6 de dezembro de 2009
ENCARNAÇÃO (KARDEC)
O ensinamento dos Espíritos aponta a encarnação como uma necessidade de progressão. Para a progressão do Universo em si é necessário que haja a ação de seres corpóreos – é o que afirmam os Espíritos. Assim, ao mesmo tempo em que o Espírito progride com as experiências no plano físico, impulsiona de sua parte a evolução do Universo.
132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro. fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Na tradução de J. Herculano Pires:
132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?
– Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra
da criação. E para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a sua matéria essencial, a fim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progride.
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem d’Ele. É assim que, por uma lei admirável da sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
(O Livro dos Espíritos – grifos originais)
A encarnação do Espírito se dá pela união do perispírito ao corpo que se forma após a junção dos gametas. Efetivamente a carga genética do zigoto não é mais a de nenhum dos gametas originais, pelo que é a primeira célula do novo ser. No zigoto vincula-se desde o início, fluidicamente, o reencarnante através de seu perispírito.
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atraí por uma força irresistível, desde o momento da concepção. A medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.
Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.
Dado que, um instante após a morte, completa é a integração do Espírito; que suas faculdades adquirem até maior poder de penetração, ao passo que o princípio de vida se acha extinto no corpo, provado evidentemente fica que são distintos o princípio vital e o princípio espiritual.
(A Gênese – págs. 214/215 - grifei)
A união do Espírito ao corpo físico, através do perispírito, faz com que progressivamente se reduza sua lucidez e consciência. Cada fase posterior do desenvolvimento do corpo importa em um aumento da perda da consciência, de tal forma que, no momento do (re)nascimento, jaz obscurecido totalmente, somente a partir daí reiniciando-se, em conformidade com o desenvolvimento dos órgãos físicos, a recuperação de sua consciência.
[...] Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.
(A Gênese – pág. 215 - grifei)
Paralelamente às considerações já alinhavadas quando da análise da evolução do princípio inteligente e a sua chegada à condição humana, é preciso destacar, por outro lado, que a encarnação não é uma condição punitiva do Espírito.
O ser progride, adquire condicionamentos em um complexo regime de impulsos necessários à sua conservação. Desenvolve, assim, todo um cabedal de instintos que afinam ao máximo as potencialidades do ser. Na linha de progresso, a individualidade e a consciência de si mesmo fazem com que o ser passe a livremente cogitar. Tudo isso já foi abordado no exame dos tópicos “Bem e Mal” e “Livre Arbítrio”.
Cabe apenas destacar, aqui, que a encarnação é o palco natural e necessário para todo esse desenvolvimento. O conceito de que a entrada no plano físico decorre exclusivamente de uma expiação, como defendem os seguidores de Roustaing, não encontra eco no Ensino dos Espíritos.
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