Nada
significar, aliás, chega a ser um eufemismo. A física
newtoniana, arrastando consigo nossas mais sedimentadas convicções,
desce pelo ralo quando o tema é a relatividade ou a física
subatômica.
Newton
faz com que simples mortais, como eu, sintam-se ameboides... Por
exemplo, desenvolveu o cálculo diferencial e integral porque
precisava de uma ferramenta matemática
para expressar o seu raciocínio. Até hoje tenho dificuldade em
resolver problemas matemáticos sobre limites e derivadas. Talvez
deva me considerar pouco menos do que uma ameba perto de Newton...
Mesmo
assim, nada do que genialmente ele compreendeu do universo serve para
o macro ou para o microcosmo. Graças a Deus não precisamos ser
físicos teóricos para conhecer ao menos os conceitos rudimentares
da física do macro e do micro. É como uma vingança. Não chego nem
perto de Newton mas sei que toda a sua genialidade não impediu que
Bohr e Einstein viessem para revogar o caráter absoluto de sua
física pretensamente onisciente. Claro que a minha distância de
Newton é menor do que a que me separa de Einstein ou Bohr... Melhor
nem comentar que esses dois gênios não concordavam em nada...
Enfim,
o que nos interessa, aqui no substrato do QI normal,
é que uma verdade só vale dentro de certos limites.
Estamos
falando de uma ciência estruturada e submetida ao mais rigoroso
método depurativo de comprovações de toda ordem. Nada disso impede
que existam verdades e verdades.
Que poderíamos dizer das questões transcendentes? Será que merecem
melhor sorte as ditas verdades sagradas?
Duvido muito...
Chamo
verdades sagradas a
todos os postulados que, seja por que motivo for, estejam em algum
recipiendário da crença humana. Não apenas os postulados
religiosos, como também aqueles que aceitamos por nos bater com
foros de verdade.
Concordo
que não tem nenhum senso prático discutir, por exemplo, sobre a
Divindade... O homem cria Deus à sua imagem e semelhança desde
sempre. Não poderia acrescentar nada.
Contudo,
dentro dos limites de nossa capacidade interpretativa, em homenagem
ao sentido essencial do termo inteligência,
proponho que tenhamos por orientação fundamental que tudo
é relativo. Claro que a simples
frase tudo é relativo
é, por si só, um postulado absoluto; mas, tudo bem, já que não
desejamos ficar oscilando no pêndulo de nossas paupérrimas
possibilidades de comunicação.
Veja-se
que a Física bem nos mostra o aspecto cíclico do desenvolvimento do
conhecimento. Uma concepção inicialmente tida como absurda
costumeiramente acaba sendo aceita posteriormente, sob novos
fundamentos. Insisto, isso ocorre com a Física.
Ora,
por muito mais forte razão, nas sendas do conhecimento desprovidas
do rigor do método científico, devemos ter por premissa que ideias
aparentemente absurdas podem, sim, ter fundamentos que, apenas e tão
somente, ainda nos são desconhecidos.
Da
mesma forma, tanto quanto os cientistas ofertam explicações o mais
completas quanto possível, momento a momento no desenvolvimento da
ciência, os buscadores das verdades espirituais devem sempre ter em
mente que os conceitos e explicações, sejam de que mestre sejam,
devem ser aceitas como o que nos cabe momento a momento no
desenvolvimento do ser humano.
Nem
Isaac Newton nem os mestres mentem.
A
diferença entre eles é que o cientista limita-se por si mesmo,
enquanto que os mestres respeitam-nos os limites. Porém nenhum deles
pretende que seja alguma forma de sacrilégio
buscar além do que está, em cada momento, esclarecido.
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