sexta-feira, 12 de outubro de 2012

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EsoEstudos - Estudos Esotéricos Livres

Moisés foi um homem...

Quando o assunto é a história do povo hebreu, sempre e sempre polêmicas se estabelecem em razão das evidências historiográficas contrastarem com a versão existente no texto bíblico que chegou até a atualidade.


Mesmo no seio da discussão bíblica, estritamente considerada, há divergências conforme se tome essa ou aquela tradução, máxime em relação ao texto hebraico original.

É reconfortante ver como praticamente todas as referências místicas do longo episódio bíblico podem ser interpretadas à luz da razão e das circunstâncias geopolíticas então vigentes.

Os hebreus se estabeleceram ao norte do Egito. Não chegaram lá senão como um povo bem organizado e, diga-se, militarmente bem treinado e capacitado. Muito provavelmente permaneceram ao norte em comunhão de interesses com o Faraó, vivendo das terras férteis ao mesmo tempo em que propiciavam um competente tampão militar de proteção perante os povos mais ao leste. Para os hebreus a situação era boa o bastante para mantê-los ali por muito tempo, tanto assim que houve aumento da população e a correspondente penetração mais ao sul, conquanto tenham-se mantido na zona setentrional do Egito.

Seja como for, a capacidade de combate dos hebreus manteve-se sob o receio de ataques externos, sedimentando-se um exército sempre treinado e equipado com o que havia de melhor em termos de armamento de infantaria, arqueiros, fundeiros, faltando apenas veículos e artefatos mais pesados. Por outro lado, da simbiose entre os interesses egípcios e hebreus adveio a adoção das bem elaboradas técnicas de combate que caracterizavam o exército do Faraó. A falta de veículos se compensava por uma infantaria dividida em leve e pesada, com estratificações que garantiam maior mobilidade, além do apoio das flechas e petardos lançados pelas fundas.

Após vários anos de convívio deve ter-se colocado à consideração do Faraó até que ponto o Egito podia confiar no povo hebreu. A boa proteção garantida ao norte poderia, ante uma simples mudança de interesses, transformar-se em uma temida aliança entre os hebreus e quaisquer outros povos que disputavam a predominância egípcia. De fato, a zona de influência e dominação egípcia chegou até a Mesopotâmia, pelo que acumularam-se inimigos efetivos e potenciais.

Houve um endurecimento da política do Faraó em relação aos hebreus. Mas dificilmente terá ocorrido a escravidão de que fala a bíblia. Não tem sentido que um povo com exército bem armado e treinado simplesmente aceitasse passar de conviva a escravo tão só por ordem do Faraó. Mas é viável que aos hebreus tenham sido impostos novos deveres, principalmente de ordem obreira, passando-se progressivamente a obrigações maiores na execução de obras públicas. O povo guerreiro e agricultor teve que se adaptar a uma vida de trabalhos árduos na edificação dos intermináveis projetos de engenharia egípcia.

Por si só essa alteração, com o passar dos anos, gerou um acúmulo de tensão e insatisfação dos hebreus. Um povo guerreiro agricultor é dono de uma cultura cuja mudança demandaria benefícios reais e não a mera imposição do governo que, até então, tinha-os como povo amigo.

O que ocorre quando um povo potencialmente capaz de se defender se acha sob insatisfação generalizada? Surge um revolucionário...

É difícil definir ou explicar o que faz de um homem um líder carismático, capaz de conduzir multidões e polarizar a opinião da maioria. Mas, na história humana, eles jamais deixaram de surgir aqui e acolá sobre o terreno fértil da revolução política.

Moisés era um hebreu muito afeito à pecuária, conduzindo animais por toda a região. Conhecia muito bem o deserto entre o norte do Egito e o Oriente Médio. Muito bem mesmo. Sabia, por exemplo, onde e quando o mar vermelho recolhia-se em maré baixa ao norte, acelerado pelos fortes ventos que vinham do sudeste, desde o Sudão. O mar vermelho convertia-se em um pântano lodoso por algumas horas, retornando à condição original logo em seguida. O conhecimento desse fenômeno era imprescindível aos pastores que tinham que aproveitar a oportunidade para cruzar de um lado ao outro.

Além de conhecer o deserto e viver sob a geopolítica de sua época, Moisés tinha uma aguda percepção de seu povo. Sabia de sua veia religiosa monoteísta e do altíssimo orgulho que envaidecia o “povo escolhido”. Um barril de pólvora cujo pavio estava aceso desde que o trabalho nas edificações passou a ser exigido.

Aproveitando-se dessa religiosidade, Moisés incitou as pessoas a seguir a inspiração do único deus de Israel. Não eram o povo especial? Então tinham direito a um país somente seu, sob um governo próprio, um lugar que, não sendo ali, deveria ser buscado sob a promessa de leite e mel.

Até mesmo a coluna de fogo que conduziu o povo hebreu pelo deserto tem origem na pura tradição militar egípcia. Aliás, representa um golpe de mestre de Moisés em relação ao exército do Faraó que pretendia interceptar o povo hebreu que se retirava.

Não é crível que sete ou dez pragas tenham caído sobre o Egito como castigo divino depois que o Faraó negou o pedido de Moisés de liberação dos hebreus. Menos crível ainda é que o Faraó tenha cedido por medo de tais pragas, inclusive determinando que fossem fornecidos suprimentos, prata e ouro para os compatriotas de Moisés. É mais ou menos isso que a bíblia diz.

Bem menos fantasiosa é a tese de que, ao comando de Moisés, os hebreus tenham literalmente tomado à força os víveres e espoliado os egípcios de seus bens antes de deixarem a região que ocupavam. Na bíblia hebraica o verbo usado ao descrever o que os hebreus fizeram é algo próximo de espoliar. O Faraó mandou seu exército atrás dos hebreus em resposta à agressão sofrida, tencionando interceptá-los antes que estivessem longe demais.

Os guerreiros egípcios tinham veículos. Moviam-se com rapidez. Os hebreus caminhavam. Por óbvio Moisés sabia disso e não deixou de prever a estratégia necessária para ter sucesso na saída do Egito.

Os hebreus aprenderam com os egípcios que manter uma tropa junta durante um deslocamento exigia alguma forma de controle e referencial. Um aparato feito com uma longa vara ostentava, no ápice, um recipiente com combustível. Durante o dia, uma pequena tampa fazia com que uma língua de fumaça fosse visível desde o início até o fim da coluna em deslocamento. À noite, sem a pequena tampa, uma labareda de fogo era a referência luminosa que seguia à frente.

Moisés defletiu o deslocamento para o sul e postou a vara de fogo, ao invés da frente, no início das tropas que se deslocavam. Quando o exército do Faraó finalmente conseguiu se aproximar dos hebreus já era noite. A coluna de fogo, postada ao contrário na coluna dos hebreus, deu a nítida impressão ao comandante egípcio de que os hebreus provavelmente estavam desorientados. Como era noite e notando que a coluna se imobilizara, concluiu que os hebreus resolveram acampar. Lutar à noite não seria vantajoso para nenhum dos lados, de modo que a tropa egípcia pernoitou a fim de iniciar o combate com o raiar do dia. A barra de fogo ficou acesa por horas, ficando entre a tropa egípcia e os hebreus, conquanto os egípcios imaginassem que estava na cabeceira da coluna. Por um efeito simples que a luz intensa da chama provoca na visão, como bem o sabia Moisés, os egípcios, por mais que tentassem, não podiam ver nada além da chama. Não viram, portanto, que os hebreus, ao invés de acampados, estavam se deslocando em direção ao mar vermelho.

Com o raiar do dia, o comandante egípcio não vislumbrou adiante um exército acampado. Seguiu rapidamente mas não antes dos hebreus aproveitarem o fenômeno da maré baixa ao norte e dos fortes ventos de sudeste. O mar vermelho não ofereceu nenhum obstáculo aos hebreus. Já para os egípcios... Quando a tropa do Faraó chegou à margem, o nível da água já havia subido bem mais e o solo pantanoso simplesmente fazia os veículos atolarem... Touché... Moisés dera uma cartada de mestre...

O povo hebreu seguia o seu líder confiante e orgulhoso de estar em busca da terra onde jorram leite e mel.

O problema é que, entre a saída do Egito e a chegada a Canaã, seguiram-se inúmeras batalhas descritas na História. Milhares de militares inimigos foram mortos, juntamente com suas esposas e filhos. O morticínio foi tamanho que Phineas recusou-se, em certa ocasião, a matar as mulheres e crianças. Moisés mandou que os sobreviventes fossem passados ao fio da espada.

A postura de Moisés chegou ao apogeu quando, temendo pela obediência plena e absoluta de seus subordinados, convocou os levitas. Os levitas eram sacerdotes, religiosos ao extremo, de modo que Moisés sabia que a imagem de mensageiro do único deus de Israel lhe garantiria essa obediência cega. Moisés simplesmente mandou que os levitas comandassem suas tropas e matassem todos os hebreus não levitas, mesmo que isso atingisse eventuais parentes.

Cerca de três mil hebreus foram assassinados por ordem de Moisés, executados pelos levitas. Moisés garantiu-se como ditador absoluto e governou com mão de ferro o povo assim moldado por sua política revolucionária.

O único ponto bíblico que parece ter realmente sentido é o trecho que afirma que Moisés não entraria em Canaã. Realmente, após genocídios seguidos, o próprio povo hebreu saturou-se da brutalidade mosaica. Não se sabe se foi morto por um de seus subordinados, mas é a tese mais lógica. Afinal, depois que tudo estava consumado, Canaã estava logo adiante e a brutalidade de Moisés tornou-se temerária. É o fim mais comum dos grandes revolucionários que, fazendo o que for necessário para os fins perseguidos, exaurem-se na missão assumida como uma chama cuja intensidade exacerbada precipita-se nas trevas com a mesma brutalidade.

Outros tempos... Outros valores... A mesma falibilidade humana...

Fonte das informações:
"Batalhas A.C. - Moisés: Fugindo da Morte"


sábado, 6 de outubro de 2012

Jesus foi um homem...

Há um excessivo apego das pessoas em geral ao caráter sobrenatural e miraculoso com que, principalmente no Ocidente, as religiões descrevem a vida e ministério dos Grandes Mestres. A maioria parece não considerar possível que a essência transcendente das coisas do espírito possa ser concebida senão diante de uma extensa fenomenologia mística, eventos inexplicáveis que, de uma forma ou de outra, contrariem as leis naturais. 

Waldo Vieira aponta uma “excessiva divinização” de Jesus na cultura predominante. Um capítulo-página-síntese (ou algo assim) de seu livro “700 Experimentos de Conscienciologia – 1994” chega a ser iconoclástico (assim o desejando ou não o referido pesquisador) e até mesmo desrespeitoso para com a figura de quem pregou o Amor numa época em que o “olho por olho” era o padrão comum e plenamente aceito em praticamente todo o Ocidente de então. 

Mas não chega a ser desprovido de razão no que concerne ao âmago da questão. 

Será necessário acreditar que “Deus” encarnou como homem para que os ensinamentos desse homem sejam considerados válidos? A grande maioria dos espiritualistas parte do princípio de que Jesus não se confunde com “Deus”... 

Sequer tem sentido prático cogitar da essência de “Deus” (daí o uso das aspas neste texto). Ubaldi informa que não há propósito em separar o Criador da Criação, emprestando velho ensinamento dos Orientais. Os rosacruzes (linha de Heindel) vão mais longe, discriminando entre Jesus e o Cristo, como muitas outras correntes mais recentes o fazem. Aqui neste blog este tema já foi várias vezes abordado

O que se pretende retomar, agora, é que o nível elevadíssimo do Espírito que encarnou como Jesus, independentemente de ter sido ou não um Espírito Crístico, teve uma vida bem menos espetacular que hoje a cristandade insiste em acreditar. Bem menos “espetacular”, veja-se. Não menos importante, tampouco menos válida. 

Uma visão bem menos sensacionalista da vida de Jesus pode ser achada em “A Vida de Jesus ditada por Ele mesmo”, ou “Jesus dos 13 aos 30 Anos” (FRANCISCO KLÖRS WERNECK). Não importa se esse ou aquele conta a “história verdadeira”... Não importa, mesmo, de verdade... 

O que importa é a essência dos ensinamentos. 

Um homem... com uma Alma límpida do ponto de vista de seus sentimentos, emoções e determinação quanto ao ensinamento ministrado. Não foi uma mente científica ou filosófica, mas sim uma mente bem ajustada e em sintonia com o que era, naquele momento da Humanidade, necessário para a modificação dos referenciais religiosos. Do que disse, hoje temos variantes que devem ser consideradas em sua essência e não na literalidade. 

O mundo não precisava de um filósofo maior do que a Vida já produzira. Não precisava, tampouco, de um misticismo maior do que as ciências antigas das Escolas de Mistérios dos egípcios cuidaram de manter nos círculos esotéricos. O mundo precisava de alguém que falasse ao povo como parte dele. De alguém que ensinasse o Amor sem digressões condoreiras restritas aos doutores. De alguém que surpreendesse os doutores exatamente pelo caráter simples de conceitos que lhes calaram fundo com foros de verdade intuitiva, verdade cuja menção simplesmente não saíra de suas orgulhosas culturas. Um homem bem diferente de alguém que as pessoas teimam em imaginar flutuando sob uma aura de incognoscível beatitude devolvendo a visão a cegos, fazendo paralíticos andarem e - nada menos que isso! - um certo Lázaro ressuscitar dos mortos... Ele próprio teria que voltar ao mesmo corpo físico para convencer seus apóstolos!!!???

Insisto: será que se nada disso fosse contado acerca de Jesus seus ensinos seriam menos valiosos?

Por que as pessoas aceitam algo tão absurdo como “Deus” encarnado, traído, molestado e assassinado? 

Jesus foi um homem... Um homem excepcionalmente bem preparado espiritualmente para sua elevada missão. Mas um homem. O Cristo Planetário é Jesus? Não sei... Isso também não tem nenhuma importância... Como sempre, o que importa é o ensinamento...

Jesus foi o Amor maior que um homem pode vivenciar...