Há um excessivo apego das pessoas em geral ao caráter sobrenatural e miraculoso com que, principalmente no Ocidente, as religiões descrevem a vida e ministério dos Grandes Mestres. A maioria parece não considerar possível que a essência transcendente das coisas do espírito possa ser concebida senão diante de uma extensa fenomenologia mística, eventos inexplicáveis que, de uma forma ou de outra, contrariem as leis naturais.
Waldo Vieira aponta uma “excessiva divinização” de Jesus na cultura predominante. Um capítulo-página-síntese (ou algo assim) de seu livro “700 Experimentos de Conscienciologia – 1994” chega a ser iconoclástico (assim o desejando ou não o referido pesquisador) e até mesmo desrespeitoso para com a figura de quem pregou o Amor numa época em que o “olho por olho” era o padrão comum e plenamente aceito em praticamente todo o Ocidente de então.
Mas não chega a ser desprovido de razão no que concerne ao âmago da questão.
Será necessário acreditar que “Deus” encarnou como homem para que os ensinamentos desse homem sejam considerados válidos? A grande maioria dos espiritualistas parte do princípio de que Jesus não se confunde com “Deus”...
Sequer tem sentido prático cogitar da essência de “Deus” (daí o uso das aspas neste texto). Ubaldi informa que não há propósito em separar o Criador da Criação, emprestando velho ensinamento dos Orientais. Os rosacruzes (linha de Heindel) vão mais longe, discriminando entre Jesus e o Cristo, como muitas outras correntes mais recentes o fazem. Aqui neste blog este tema já foi várias vezes abordado.
O que se pretende retomar, agora, é que o nível elevadíssimo do Espírito que encarnou como Jesus, independentemente de ter sido ou não um Espírito Crístico, teve uma vida bem menos espetacular que hoje a cristandade insiste em acreditar. Bem menos “espetacular”, veja-se. Não menos importante, tampouco menos válida.
Uma visão bem menos sensacionalista da vida de Jesus pode ser achada em “A Vida de Jesus ditada por Ele mesmo”, ou “Jesus dos 13 aos 30 Anos” (FRANCISCO KLÖRS WERNECK). Não importa se esse ou aquele conta a “história verdadeira”... Não importa, mesmo, de verdade...
O que importa é a essência dos ensinamentos.
Um homem... com uma Alma límpida do ponto de vista de seus sentimentos, emoções e determinação quanto ao ensinamento ministrado. Não foi uma mente científica ou filosófica, mas sim uma mente bem ajustada e em sintonia com o que era, naquele momento da Humanidade, necessário para a modificação dos referenciais religiosos. Do que disse, hoje temos variantes que devem ser consideradas em sua essência e não na literalidade.
O mundo não precisava de um filósofo maior do que a Vida já produzira. Não precisava, tampouco, de um misticismo maior do que as ciências antigas das Escolas de Mistérios dos egípcios cuidaram de manter nos círculos esotéricos. O mundo precisava de alguém que falasse ao povo como parte dele. De alguém que ensinasse o Amor sem digressões condoreiras restritas aos doutores. De alguém que surpreendesse os doutores exatamente pelo caráter simples de conceitos que lhes calaram fundo com foros de verdade intuitiva, verdade cuja menção simplesmente não saíra de suas orgulhosas culturas. Um homem bem diferente de alguém que as pessoas teimam em imaginar flutuando sob uma aura de incognoscível beatitude devolvendo a visão a cegos, fazendo paralíticos andarem e - nada menos que isso! - um certo Lázaro ressuscitar dos mortos... Ele próprio teria que voltar ao mesmo corpo físico para convencer seus apóstolos!!!???
Insisto: será que se nada disso fosse contado acerca de Jesus seus ensinos seriam menos valiosos?
Por que as pessoas aceitam algo tão absurdo como “Deus” encarnado, traído, molestado e assassinado?
Jesus foi um homem... Um homem excepcionalmente bem preparado espiritualmente para sua elevada missão. Mas um homem. O Cristo Planetário é Jesus? Não sei... Isso também não tem nenhuma importância... Como sempre, o que importa é o ensinamento...
Jesus foi o Amor maior que um homem pode vivenciar...
Jesus foi o Amor maior que um homem pode vivenciar...
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