quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Meditação ou Serviço à Humanidade...? Intenção!

Consoante a tradição esotérica dos povos, há dois caminhos (por assim dizer, mais comuns) para a ascensão. A meditação e o serviço à humanidade. "Meditar" tornou-se um autêntico mistério para a maioria dos ocidentais, enquanto que no Oriente é uma postura encarada com mais naturalidade. Por outro lado, o serviço à humanidade é mais ostensiva no Ocidente, visto quase sempre como algo vinculado a tarefas sociais realizadas por entidades assistenciais. Cabe aí analisar o sentido de ambas as condutas.


Do ponto de vista essencialmente humanitário, a atividade assistencial tem efeitos obviamente mais importantes para os hipossuficientes do que quaisquer lições filosóficas acerca do sentido da vida. Bem nesse contexto, a grande maioria dos hipossuficientes, por sua vez, se vê às voltas com restrições de toda ordem, não se dispondo a cogitações além de suas buscas imediatas.


A meditação costuma levar o ser a um grau de serenidade maior, o que influi inclusive no padrão de reatividade às carências enfrentadas. Por certo não se cuida de uma regra, mas a educação desde o lar, no Oriente, amolda pessoas, no geral, menos dramáticas.


Exceções sempre há... A questão que se propõe é perscrutar se a atividade assistencial ou a meditação realmente levam à ascensão espiritual de quem as pratica.


Por mais evidente que seja, vale sempre reiterar: nada supera a intenção com que algo é ou deixa de ser feito. Ajudar alguém para ganhar o reino dos céus é uma auto-corrupção tão imoral quanto inútil, valendo apenas pela gratidão (se realmente houver) daquele que recebe o auxílio. Meditar sem nada fazer é o mesmo que morrer de sede ao lado de uma fonte, por preguiça de ir até a água...


Muita gente passa uma vida inteira pensando, pensando, pensando em como... meditar... Outros tantos meditam, meditam, meditam... a fim de eleger um objetivo para viver... É necessário um mínimo de senso prático para que o ser não relegue toda uma existência à inutilidade.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Cristandade e dor... A ameaça e o medo como instrumentos de dominação.

Neste espaço de cogitações livres, assim já me pus acerca de Jesus Cristo:




Mas gostaria de acrescer algumas outras considerações sobre os aspectos históricos da formação da cristandade.


Como dizer que uma instituição secular funda-se na mentira, no engodo, no embuste? O tempo, que transforma montanhas em vales, muitas vezes atenua o erro e semeia a virtude onde só havia o vício e as intenções não valiam senão por interesses mesquinhos. Então, que dizer de uma religião com milhões de seguidores? Que dizer da fé que se amoldou em um fictício construto de tradições pagãs elevadas à condição de dogma fundamental? Que dizer da esperteza de um governante sedento de poder e de sacerdotes não menos desejosos de autoridade eclesiástica?




Uma doutrina horrível nasceu da comunhão dos interesses de Constantino e de vários Bispos da então iniciante fé cristã. No começo do século IV o Imperador Constantino autorizou os cristãos à profissão de sua fé, realizando poucos anos depois um concílio na cidade de Nicéia em que, ao pretexto da discussão de divergências teológicas, cunhou uma doutrina bem delineada aos seus interesses e sob os contornos de suas próprias convicções. Buscando massificar sua influência e dominação através da fé cristã, retirou os cristãos das catacumbas em que se reuniam e deu-lhes templos e liturgia. Já aí desestruturou um dos fundamentos do cristianismo primitivo, promovendo a edificação de igrejas para quem, até então, livremente adorava seu Deus nas reuniões livres e na concepção de ter no coração o templo sagrado da fé. Adotou o mito solar dos egípcios e as datas pagãs, demarcando no calendário eventos como solstícios e equinócios sob designações outras.


O próprio Cristo teve sua história recontada ao preço da destruição de centenas de escritos, restando apenas quatro evangelhos que rascunham o mito solar sob a trindade que a cultura dos faraós narrava desde a antiguidade, ecoando com a trindade dos indianos e de outras tradições inclusive do médio oriente.


O maior dos Mestres que esteve entre nós teve sua vida recontada sob eventos e narrativas que se repetem nos evangelhos canônicos em detrimento de centenas de outros evangelhos, por assim dizer, cassados. Jesus, o grande Avatar da Era de Peixes, que nos ensinou a Lei do Amor, reuniu os seus seguidores e os identificou por dois peixes. A doutrina de Constantino instituiu o culto à cruz, venerando um instrumento de tortura e morte.


Aprendemos a ver no sofrimento de Jesus a prova de seu Amor pelos homens, subvertendo o conteúdo de seu ensinamento à conta de uma discutível homenagem à dor, ao assassínio, venerando pelo sofrimento aquele que nos veio trazer a noção de elevação do espírito a Deus, de incondicional amor ao semelhante, de merecimento por sublimação da conduta e, fundamentalmente, de um viver de alegria, paz e comunhão com o Alto.


Aprendemos a ter em mente a imagem de um mártir ensangüentado, humilhado, ferido, torturado e traído, mantendo esquecido o homem que brincava com as crianças, que sorria, que ensinava por parábolas e caminhava com seus discípulos, livre e feliz por trazer a boa nova de amor e de libertação para todos sem distinção.


O concílio asseverou que o Mestre era o próprio Deus encarnado. Trouxe o Criador à Terra, confundindo-O com Seu nobre filho, para confundir o homem na crença de que, tendo sido Jesus morto na cruz, o próprio Deus assim foi ofendido.


O cristão foi condenado a ser o profitente de uma fé erguida sobre o assassinato de seu Deus enquanto homem. Eis aí o veneno mortal inoculado em séculos dessa monstruosa doutrina: o homem tomou o próprio Deus em suas mãos e o matou numa cruz.


A maior das ironias: tomou a cruz como símbolo de sua fé.



domingo, 28 de novembro de 2010

A Chama Violeta

Assim pude me colocar acerca do poder das palavras, neste mesmo Blog há algum tempo:




Um tema correlato que gostaria de compartilhar agora, diz respeito à Chama Violeta e aos Guardiães da Chama Violeta. Eu mesmo, do alto de todas as minhas imperfeições e limites, tento ser um guardião da Chama Violeta. Exatamente por isso considero imperativo aclarar que os chelas (como são chamados os que já têm, ao menos, a vontade de ser um Discípulo) não irão requalificar o seu karma, nem auxiliar o planeta em sua ascensão como um todo, tão-somente por imaginar, por mais bem visualizado que seja, labaredas de fogo da cor violeta por toda a parte...


A imaginação é um poderosíssimo instrumento mental de fixação do pensamento. Como todo instrumento, não é o fenômeno em si mas ajuda - e muito - a realizar o fenômeno. Como sabemos, muitos ascendem na senda sem jamais terem imaginado um único brilho violeta na vida. Mas certamente lançaram mão de outros instrumentos com os quais se afinaram; ou ainda (quem sabe?) não usaram de nenhum instrumento em particular senão a aquisição dos inadiáveis bons hábitos mentais que, uma vez estabelecidos, fazem tudo o mais acontecer.


Mas, então, os ensinamentos acerca da Chama Violeta são inválidos? Por óbvio que não!


O que se pretende deixar assente aqui é que, tanto quanto o que ocorre com as palavras, o instrumento da Chama Violeta deve ser usado como um indutor de estados mentais. A imagem que decorre de uma palavra é o seu conteúdo, bom ou mal; a efetiva intenção que decorre da chama violeta visualizada é a sua própria essência.


O Universo é Mental --- a primeira lei de Hermes Trimegistus. Já pudemos repisar essa lei por diversas vezes  nos tópicos anteriores. Não só você ou cada ser pensante existente, mas o Todo Universal é "construído" por pensamento. Na literatura espírita (notadamente nas obras de André Luiz) há referências expressas acerca dos corpúsculos mentais.


Sempre que você visualizar a Chama Violeta,  faça-o essencialmente em busca da requalificação das energias, a purificação do carma, a elevação do pensamento e, em última análise, ganho de Luz. Sempre que assim o fizer, você será também um guardião da Chama Violeta. Como o pensamento é um fenômeno ondulatório, tudo e todos os que se afinam (nos infinitos harmônicos do seu tom vibracional) com você receberão um aporte, um incremento da Luz que você puder assim veicular... É uma ação nobre e que faz muito bem a todos.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

"Cordeirisse" excessiva...

Existe uma Harmonia Universal que coordena rigorosamente tudo... Sim, sem dúvida. Mesmo sendo impossível perscrutar a natureza da Divindade, podemos, sim, entender que tudo se submete a uma Lei Fundamental.


Agora, pensemos por outro ângulo.


Um sujeito vai ao médico. Descobre, depois de vários exames, que tem câncer (não importa em que órgão). O médico lhe diz "você vai fazer uma cirurgia desde logo, com riscos calculados, e depois vai se submeter a uma quimioterapia por uns 2 anos; sua qualidade de vida vai ser baixa, com vários momentos de sofrimento, mas há chances concretas de cura".


O indivíduo, depois do susto e dos momentos iniciais de pânico, muito provavelmente vai seguir todas as orientações médicas. Talvez venha a se curar efetivamente. Ou não.


Seja qual  for o desfecho, uma pergunta se impõe: deverá ele tentar sentir-se feliz e alegre durante todo o período de tratamento?


Muitos dirão: "Sim! Ele deve se entregar nas mãos de Deus e confiar!"


Alguns dirão: "Sim! O pensamento positivo é uma garantia de melhora!"


Muito poucos dirão: "Ele deve fazer o tratamento, mas ciente de todos os riscos e de que poderá não dar certo, de modo que ele pode se permitir chorar quando for necessário ou mesmo vivenciar alguns momentos de revolta, a fim de não sufocar-se e aumentar ainda mais o seu estresse".


Outras possibilidades de resposta existem...


Mas o ponto é: essa cordeirisse de forçar-se a um sentimento anti-natural de alegria e felicidade diante da dor só faz aumentar o sofrimento do ser...


Eu confio em Deus e sei que tudo o que ocorre, somente ocorre porque é a resultante normal de todos os fatores que levaram àquilo... Mas daí a dizer que fico "feliz" com a chance de sofrer, não... De fato, não tenho esse perfil...


Os Filhos do Fogo caminham sobre a Terra no aprendizado do suor, da luta, edificando, construindo, transformando, lavrando... Os Filhos da Água não caminham sobre a Terra... Quedam-se de joelhos e oram... Aceitam tudo e, por metáfora de "confiança", fixam a imagem do cordeiro sacrificado...

Os Filhos de Caim aprenderam a tirar o alimento da terra... Os Filhos de Seth pedem alimento para distribuir aos pobres... 

Os Filhos do Fogo ardem em chamas de amor, orgulhosos de viver com o esforço de sua vida. O Filhos da Água melindram-se e correm, assustados, em busca de um viver de brandura...


Os Filhos da Viúva! Eu os saúdo!!!!!!!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

O vôo dos pássaros...

(Após meditar sobre a Mônada Celeste, vêm-me as seguintes cogitações)
Como falar do vôo dos pássaros? Por que Deus concedeu a graça do vôo aos pássaros e não ao homem? Mesmo na Terra, vivendo entre os ostensivos limites da matéria, os pássaros comungam da liberdade que só as almas libertas conhecem...
A liberdade do vôo... Tavez Deus saiba que as criaturas aladas, pelo asserenamento com que se recobriram de plumas, poderiam ganhar o espaço mesmo sob o peso de um corpo de barro...
São poucos os homens que podem voar... São poucos os pássaros que não o podem...
Somos uma multidão que rasteja à poeira... Eles se desenham nos céus num delta de delicado traço, agrupando-se com beleza ao vencer a altitude..
Por que os pássaros são tão lindos, em plumagens vívidas de refinado colorido, fazendo inveja aos lírios do campo? Por que os homens são tão toscos, grunhindo ímpetos de conquista como se as porções de chão e poeira fossem o céu de seus sonhos?
Só mesmo quem já observou um beija-flor para saber o que é a suavidade e o extremo requinte de um sofisticado vôo...
O vôo dos pássaros nos lembra que a liberdade é uma conquista para a qual o menor dos valores é o conhecimento e o ilusório orgulho por um pretenso livre-arbítrio...

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Mônada Celeste - Centelha Divina

Não faz diferença quais sejam as bases filosóficas de nossas convicções. Jesus, Cristo Planetário, Maytreya, ou seja qual for o nome, somente deve nos interessar o Ensinamento...
Há um desejo inerente a todo ser humano de saber, conhecer, evoluir... Nesse contexto, a única Magia que existe no universo é o Amor.

Temos que Amar, fundamentalmente Amar. 

Mesmo não sendo profitente de nenhuma religião, tampouco desejando uma, arrisco-me a alinhavar o Ensino Diamantino que tiramos do Livro dos Espíritos:

  • Benevolência para com todos.
  • Indulgência para com as imperfeições alheias.
  • Perdão das ofensas.



Por Ensinamentos de Luz como esse que eu devoto o mais profundo respeito e carinho para com a Doutrina Espírita. Ainda assim, ouso manter-me no universalismo, no ecumenismo, na busca sem fronteiras. A Luz do Ensinamento é como a luz do sol: brilha para todos. 

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Mônada

O brilho a mais que faz da mônada celeste a geradora de consciências individualizadas e destinadas a conhecer é um ímpeto que faz delas assim porque é da Vontade de Deus que assim venham ao Universo os Seres Cósmicos. Um Anjo é um ser que realiza a Vontade de Deus mas não participe da criação. Elohim realizam a vontade de Deus estruturando a criação, mas não a concebem. Um Ser Cósmico é um ser individualizado e consciente no sentido de realizar a Vontade de Deus à comunhão de sua própria vontade e, nos limites do que possa (de acordo com seu grau de evolução), usando a sua liberdade de ação para executar como melhor lhe pareça.

Não tenha dúvida! O homem, mesmo hoje, já participa da criação. Como o faz? Explica-nos o rosacrucianismo de Heindel. O homem atua diretamente e de acordo com sua vontade e possibilidades no plano físico. O homem toma do minério e o transforma em metais trabalhados. O homem toma dos rios e os condiciona no aproveitamento de sua força e na irrigação. O homem lascou pedras para obter lâminas e, com elas, preparar instrumentos, roupas etc. O homem, mais recentemente, vem condicionando atração e repulsão de partículas nos complexos circuitos da eletrônica contemporânea.

Claro que obedece a matrizes vindas dos planos mais elevados. Mas o faz por si, com suas possibilidades, com sua absorção de conhecimento. Diferente dos Elohim, o homem aprende progressivamente e não tem fim a sua ascensão em aprendizaddo e realização. Não estrutura o comando de Deus nos estritos limites do que "deva" ser feito; faz consoante a inspiração superior mas o faz sob a sua concepção, com todas as limitações que daí advêm.

domingo, 31 de outubro de 2010

Pecado Original - Queda - Lúcifer

Deus exerce o seu poder de criar. Não sabemos como o faz, tampouco quais são os seus exatos objetivos em manter o Universo como ele é, com todos os seus ciclos, ritmos e o infinito de aspectos que nossa percepção e capacidade de compreensão não abarcam.


Mas, enfim, Deus cria. É o Criador. Somos, como tudo o mais, suas criações.


Pois bem.


Consoante a tradição esotérica dos povos, tanto do Oriente como do Ocidente, o Criador emana de si centelhas de Vida que esparge pelo Universo. Tais centelhas, que muitos chamam "mônadas", inserem-se no contexto dos fenômenos que se desdobram desde a atração e repulsão nos minerais até o mais brilhante Arcanjo que possamos conceber.


Em meio a tais parâmetros estamos nós, individualidades conscientes que, dentre outras coisas, cogitam de si mesmos e do próprio Criador.


Da tradição esotérica tiramos que há pelo menos três grandes vertentes de Vida.


ELOHIM - Os seres que realizam a Vontade do Verbo Criador estruturando os mundos e tudo o que existe compõem a vertente do Poder de Deus, a chama Azul, os Elohim e as várias designações que recebem conforme a corrente esotérica que os mencione.


ANJOS - Os seres que realizam a Vontade do Verbo Criador veiculando o Seu Amor, a Divina Providência, a Chama Rosa do Amor de Deus, são os Anjos, da mesma forma, com  todas as variantes de designação conforme a origem da tradição dos povos.


SERES CÓSMICOS - Os seres que realizam a Vontade do Verbo Criador em comunhão na própria Criação, na Chama Amarela da Sabedoria, são os Seres Cósmicos, novamente sob variadas designações.


Os Elohim são, em conjunto, muitas vezes chamados simplesmente de "Deus". Deus fez o sol. Sim, através dos Elohim. O "Deus" referido na Gênese, consoante as traduções primitivas, era designado como "Deuses".


Os Anjos são os mensageiros do Amor de Deus. Compõem a Providência Divina no que se refere ao socorro e ao apoio, ao acompanhamento, monitoramente, seja como for.


Os Seres Cósmicos são os que executam, através de seus próprios recursos, o Verbo, numa comunhão cósmica de elevada responsabilidade quanto à sua esfera de ação.


É comum vermos Jesus apontado como o Governador deste planeta, o Ser Cósmico responsável por toda a humanidade terrestre. Na verdade, a referência é ao Cristo Planetário, o Ser Cósmico que o próprio Jesus chamava de "Pai", com o qual era uno no sentido de ter com Ele a comunhão de suas realizações, vertendo para o plano físico o ideário cujo ensinamento era a própria missão desempenhada.


Vê-se que a designação de "Deus" é aplicada a Entes distintos, conforme o momento e as circunstâncias.




O Cristo Planetário não se confunde com o homem de extrema sofisticação espiritual que lhe serviu de base física para manifestação. Jesus foi o médium do Cristo.


Assim meditado, temos que em cada Criação as centelhas são lançadas e vicejam. É necessário repetir: não sabemos nem podemos especular sobre os porquês exatos da Vontade Divina. Todavia, essas centelhas não são idênticas --- parte delas forma a corrente de Vida dos Elohim, parte forma a corrente de Vida dos Anjos e parte forma a corrente de Vida dos Seres Cósmicos.


Nós, seres humanos, não somos Elohim, tampouco Anjos certamente. Somos, pois, Seres Cósmicos. Não estamos na corrente de Vida do Poder de Deus, nem do Amor de Deus, mas sim da Sabedoria de Deus. Somos seres da Chama Amarela. Somos seres que se destinam a CONHECER.


Você já notou que somente com relação aos homens consta das tradições terem sido criados "à imagem e semelhança de Deus"? Já percebeu que sempre e sempre há referências a um sentimento de "ciúme" dos Anjos em relação aos homens? Já se deu conta de que a parábola do filho pródigo bem demonstra como o pai tem acréscimo de misericórdia e carinho para com o filho rebelde, que desde cedo manifesta uma indômita força de fazer valer o seu próprio desejo?


Imagine três crianças ainda pequenas.


Uma é plenamente obediente e faz tudo o que o pai manda.


Outra, é plenamente obediente e cuida das coisas com desvelado carinho e amor, devotada a doar-se desde logo para que o pai fique orgulhoso e feliz.


A terceira criança demonstra desde cedo uma imensa e atávica curiosidade acerca de tudo, vasculhando, tocando, experimentando, sem nenhuma preocupação com o que o pai está a lhe dizer.


Fácil entender que as centelhas divinas que compõem a humanidade são como a criança curiosa, que mal cabe em si pelo ímpeto de ser, de saber, de fazer, de ver, de sentir, enfim, de conhecer.


Qual das crianças exige mais atenção do pai? Qual delas necessita mais da presença e corrigendas a fim de manter-se em crescimento seguro? Qual delas é, ao mesmo tempo, mais rebelde e mais vulnerável, frágil, insegura?


Isso mesmo...


Os seres humanos são centelhas infantis e rebeldes que buscam desesperadamente a sua própria identidade, individualidade, consciência, vontade e realização. São centelhas divinas que jamais estão satisfeitas e que, enquanto infantis, cometem toda sorte de crueldades, fincadas no veio egoísta que denota o ser cujo  destino cósmico é crescer no conhecimento de tudo.


Agora, uma mudança de foco.


Sabe a figura de Lúcifer? É tido como o mais brilhante dos anjos, que, desejando ser Deus, precipitou-se nas Trevas. Rebelou-se contra o Pai e arrastou consigo um terço das estrejas do céu. Curiosamente, uma lenda chinesa diz exatamente o mesmo. O Dragão rebelou-se e caiu na Terra, trazendo consigo um terço das estrelas.


Não é algo já familiar nessas nossas cogitações?


Uma centelha divina que se destina a conhecer. Uma centelha divina que, para conhecer, necessita de um impulso inato de egoística busca de si mesmo, individualização e crescimento enquanto ser, na ambição de fazer por si o que a sua própria vontade determinar. Um centelha divina que, portanto, necessita de um briho a mais, capaz de distingui-la da pura e simples obediência e difusão sem quaisquer eivos de egoísmo.


A rebelião de Lúcifer é um mero mito, um símbolo, uma parábola.


Mas é um mito que nos esfrega ao rosto a nossa origem.


A humanidade é o próprio Lúcifer. O Portador de Luz. O Filho Mais Brilhante. O Filho Rebelde. O Filho que não ouviu o Pai. O Filho que deseja existir consoante sua própria vontade. O Filho que deseja ser Deus.


Não somos uma escória. Não somos vilões de um pecado original que ninguém sabe explicar. Não somos seres inferiores, herdeiros de um crime, tampouco descendentes de fraticidas.


Somos Espíritos ainda infantis, com todas as crueldades dessa condição, recebendo instrução, corrigendas e aprendizado. Esse é o nosso destino. Estamos numa jornada cósmica de ascensão em busca da Luz da Sabedoria.


Por isso somos tão bajulados com toneladas de misericórdia e carinho por parte de nossos Mestres, Seres que nos precederam nessa viagem.


Não se permita jamais identificar-se com a mesquinharia de um conceito como o "pecado original". Somos pecadores no sentido de imperfeitos ainda. Como toda criança espiritual, estamos progredindo no curso de nossa evolução.


"Sois deuses"!!!


Leia também em WEBARTIGOS:
http://www.webartigos.com/articles/50853/1/Pecado-Original---Queda---Lucifer/pagina1.html


sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Temas Teosóficos - Simbolismo Religioso - excertos

Ísis Desvelada - Vol. 3


A Ísis egípcia era representada como uma Virgem Mãe por seus devotos, e segurando o seu filho, Hórus, nos braços. Em algumas estátuas e baixos-relevos, quando aparece só, ela está completamente nua ou velada da cabeça aos pés, Mas nos mistérios, em comum como quase todas as outras deusas, ela figura inteiramente velada da cabeça aos pés, como símbolo da castidade materna. Nada perderíamos se emprestássemos dos antigos um pouco do sentimento poético de suas religiões e da inata veneração que eles tinham por seus símbolos.
[...]
Podemos assim inferir que a única diferença característica entre o Cristianismo moderno e as antigas fés pagãs é a crença do primeiro num demônio pessoal e no inferno. "As nações arianas não tinham nenhum demônio", diz Max Müller. "Platão, embora de caráter sombrio, era um personagem respeitabilíssimo; e Loki (o escandinavo), embora uma pessoa maligna, não era um diabo. A deusa alemã Hel, como Proserpina, também havia conhecido dias melhores. Assim, quando aos alemães se falava na idéia de um semítico Seth, Satã ou Diabolus semita, não se lhes infundia temor algum".
[...]
...o Cristianismo do século XIX não é o Cristianismo da Idade Média, e que o Cristianismo da Idade Média não era o dos primeiros Concílios; que o Cristianismo dos primeiros Concílios não era o dos apóstolos, e que só o que foi dito por Jesus foi verdadeiramente bem dito...
[...]
Em seu insaciável desejo de estender o domínio da fé cega, os primitivos arquétipos da Teologia cristã foram forçados a ocultar, na medida do possível, as suas verdadeiras fontes. Para esse efeito, eles queimaram ou destruíram, como se afirma, todos os manuscritos originais sobre Cabala, Magia e ciências ocultas que lhes caíram nas mãos. Eles supunham, em sua ignorância, que os escritos mais perigosos dessa espécie tinham desaparecido com o último gnóstico; mas um dia eles descobrirão o seu engano. Outros documentos autênticos e igualmente importantes reaparecerão, talvez, "de maneira inesperada e quase miraculosa".
[...]
A religião que mais se assemelhou aos ensinamentos dos poucos numerosos apóstolos primitivos - religião pregada pelo próprio Jesus - [e a mais antiga de ambas, o Budismo. Este, tal como foi ensinado em sua pureza primitiva, e levado à perfeição pelo último dos Buddhas, Gautama, baseava sua ética moral em três princípios fundamentais. Ele afirmava: 1º: que todas as coisas existem como resultado de causas naturais; 2º: que a virtude acarreta a sua própria recompensa, e o vício e o pecado sua própria punição, e o 3º: que o estado do homem neste mundo é de provação.
[...]
Existe uma tradição grega que jamais foi aceita no Vaticano. Essa Igreja remonta sua origem a um dos chefes gnósticos - Basilides, talvez -, que viveu sob Trajano e Adriano, ao fim do século I e início do II. No que respeita a essa tradição particular, se o gnóstico é Basilides, então deveremos aceitá-lo como uma autoridade suficiente, pois ele pretende ter sido discípulo do Apóstolo Mateus, e pupilo de Gláucias, este um discípulo do próprio São Pedro. Se o relato que se lhe atribui é autêntico, o Comitê Londrino para a Revisão da Bíblia faria bem em acrescentar um novo capítulo aos Evangelhos de Mateus, Marcos e João, contando a história da negação de Cristo por Pedro.
A tradição de que estamos falando afirma que, quando, apavorado pela acusação do servidor do sumo-sacerdote, o apóstolo negou por três vezes o seu Mestre, e o galo cantou, Jesus, que então atravessava a galeria sob a guarda dos soldados, virou-se e, encarando a Pedro, disse: “Em verdade, Pedro, eu te digo que me negarás por todos os séculos vindouros, e jamais pararás enquanto não te tornares velho, e estenderás as mãos e um outro te cingirá e te levará para onde não queres” (João XXI, 18.). A última parte desta sentença, dizem os gregos, está relacionada com a Igreja, e profetiza a sua constante apostasia de Cristo, sob a máscara da falsa religião. Mais tarde, a passagem foi inserida no cap. XXI de João, mas todo esse capítulo foi denunciado como falsificação, antes mesmo de se ter descoberto que esse Evangelho jamais foi escrito em suma pelo Apóstolo João.
[...]
Não obstante o grandiloqüente elogio de Constantino (Socrates Scholasticus, Eccl. Hist., I, IX.), Sabino, o Bispo de Heracléia, afirma que, "exceto Constantino, o imperador, e Eusébio Panfílio, esses bispos eram um conjunto de criaturas iletradas, simples, que não compreendiam coisa alguma" (Ibid., I, VIII.) - o que equivale a dizer que eram um bando de imbecis. Essa era aparentemente a opinião de Papus, que nos conta do pouco de magia executada para saber quais eram os Evangelhos verdadeiros. No seu Synodicon desse Concílio, Papus diz [que], tendo "posto promiscuamente todos os livros apresentados à escolha do Concílio sob a mesa da comunhão de um igreja, eles [os bispos] pediram ao Senhor que os escritos inspirados fossem deixados sobre a mesa, ao passo que os espúrios ficassem sob ela - e isso realmente aconteceu" (Fabrício, Bibl. graeca, livro VI. cap. III, 34, "Synodus Nicaena"). Mas ninguém nos diz quem ficou com as chaves da câmara conciliaria durante aquela noite!


Temas Teosóficos - Simbolismo Religioso

Deuses de Luz / Deuses de Trevas

Há um pano de fundo comum às tradições mais primitivas de muitos povos da Antiguidade. Esse pano de fundo, basicamente, se assenta na idéia de que Deuses "descem" à Terra e se encarnam na humanidade --- simbolismo da Queda. Brahma, precipitado por Bhagavan, ou Júpiter por Cronos (Saturno), constituem a visão pagã antiga para o Filho que vem à Terra, partindo do Pai. No Egito havia Osíris, Ísis e Hórus, este o Filho.

Desde que vivendo na Terra --- vivendo no plano físico --- o padrão vibracional denso demarca a Queda.

A Natureza demarca nos homens e em todos os animais um desejo apaixonado, inerente e instintivo, de liberdade e livre arbítrio. Blavatsky menciona o poema de Milton (Paraíso Perdido), com a frase célebre:

"É preferível reinar no inferno
Que servir como escravos no céu!"


E arremata: É melhor ser homem - coroamento da produção terrestre e rei do seu opus operatum - que confundir-se no Céu entre as Legiões Espirituais sem vontade. Lembremo-nos que se cuida de todo um volume tratando do simbolismo das religiões (Doutrina Secreta - Vol. IV), não se pretendendo dar outro sentido senão o simbólico a tais assertivas.

Em todas as cosmogonias da antiguidade a Luz vem das Trevas. No Egito, as Trevas eram o "princípio de todas as coisas".

Não havia, nas culturas antigas, o conceito de Trevas como o que hoje chamamos de Mal. tampouco o que se dizia ser o Mal se coaduna com a idéia que esse elemento valorativo cultural desde a idade média passou a representar.

Mas o simbolismo ostentava palavras e imagens que se tornaram sugestivas para a teologia católica, que, depreciando-lhes o sentido originário, edificou toda uma cultura de terrorismo e medo.

Lê-se no I-Ching:
O Dragão voador, soberbo e rebelde, sofre agora, e é punido por seu orgulho; pensou que reinava no Céu, e só reina na Terra.

Pois é. Isso está no I-Ching. E é muito mais antigo do que os concílios católicos. Também o significado era bem diferente.

A igreja católica criou o diabo --- Lúcifer --- tomando dos cultos pagãos da antiguidade o simbolismo que descrevia a descida do Absoluto no plano das formas, ou seja, na Dualidade.

A natureza dual tem sua essência na Unidade. Mas isso não poderia ser dito --- afinal, como dizer que o pretenso "Mal" era um atributo da própria Divindade?


Ler mais: http://www.forumespirita.net/fe/outras-doutrinas-espiritualistas/a-teosofia-de-blavatsky-simbolismo-das-religioes/msg161141/?topicseen#msg161141#ixzz13mqlGiV8

domingo, 24 de outubro de 2010

Ciência do Conceito Imaculado - Elizabeth C Prophet

Há um conceito ensinado por Elizabeth Clare Prophet (Summit Lighthouse) que é de grande interesse para a conquista de uma postura cosmoética saudável e que nos direciona para o equilíbrio da Serenidade.


É a ideia de CIÊNCIA DO CONCEITO IMACULADO.


Vejamos esse conceito sem preocupações terminológicas com a obra de origem. Usemos os termos a que estamos acostumados.


A condição de Espíritos humanizados, dentre vários outros aspectos, é sustentada pela vertente de energia que advém dos planos mais elevados, nos quais origina-se o fenômeno Vida Evolucionária. Reconhecer isso implica em ver no semelhante um Ser de Luz que vivencia existência nos planos mais densos, recolhido no corpo físico. Vem daí uma consequência muito relevante do ponto de vista cosmoético. Nossos semelhantes são centelhas divinas em evolução e assim devem ser vistos sempre.


Como exemplificado pela Srª. Prophet (obra "Chaves para o seu Progresso Espiritual" - edição da Summit Lighthouse do Brasil), as mães em geral praticam esse tipo de valoração cosmoética em relação aos seus filhos.


De fato, a mãe sempre vê o seu filho como um "anjo", um ser iluminado por quem devota profundo Amor. Mesmo quando usa das necessárias corrigendas que a educação responsável exige, jamais deixa de saber, e de ter certeza, de que ali está um ser de luz profundamente amado.


Eis aí a grande magia da Fraternidade.


Temos que dar um passo a mais. Um passo bem grande mas possível. Temos que ver em todo e qualquer semelhante um ser de luz que merece ser profundamente amado...


Ainda não temos estatura espiritual para amar a um estranho como a um filho; mas devemos desde logo ir nos adestrando na ampliação de nossa capacidade de amar. Iniciemo-nos com a noção de que todos os seres criados são imaculados. Todos os erros, males e atitudes danosas, criminosas, malévolas, devem ser vistas e sobre elas deve recair as consequências justas e inevitáveis; no entanto, não devemos deixar que nosso sentimento em relação ao criminoso, mesmo quando hedionda a conduta, seja de ódio ou do sedutor e envenenante desejo de vingança...


O criminoso cruel é uma centelha divina tanto quanto nossos filhos...

Difícil praticar essa postura? Não... Dificílimo!


Mas lembremo-nos de que o criminoso também é um filho profunda e igualmente amado pelo Pai Eterno de todos nós.

sábado, 16 de outubro de 2010

Confiança - Dom Magno da Alma

Um dos aspectos mais árduos da ascensão de cada consciência deste plano é manter a postura mental de serenidade ante os inevitáveis obstáculos que nossa condição evolutiva enseja. Como já dito em posts anteriores, é da Doutrina Espírita (principalmente nos livros A Gênese e O Céu e o Inferno) que o instinto de conservação engendra, durante a ascensão evolutiva na fase de humanização, uma série de arrastamentos que originam os vícios e paixões (na terminologia de Kardec).


O imenso acervo de instintos é um tesouro inestimável do ser, mas na fase de consciência contínua, com a clara noção de individualidade, o livre-arbítrio relativo do ser o põe à frente de decisões e, por extensão, nasce a valoração da conduta.


Ainda em meio às tormentas que os fluxos energéticos do corpo espiritual induz como hormônios no corpo físico, o animal passa a cogitar de si e do que o senso progressivo de valoração lhe traz. Não é fácil, pois, ao ser equilibrar-se nessa efervescência.


Não por outra razão, desde a mais profunda antiguidade (da história humana) os Mestres vêm ensinando os valores magnos da Alma, os parâmetros seguros da elevação espiritual. Fizeram-no, desde sempre, através dos Mitos. A Mitologia dos povos antigos são riquíssimas fontes de ensino simbólico em que gerações sucederam-se no aprendizado sofisticado dos Mistérios.


Um dos pontos mais preciosos do ensino atemporal que vem sendo ministrado para os homens em geral é o dom sagrado da CONFIANÇA.


Muito mais relevante do que a fé religiosa, a crença pela crença, a fé raciocinada (como dizia Kardec), ou a meditação, manter uma postura mental de confiança no todo universal é o mecanismo para a conquista da Paz e da Serenidade. Na verdade, tenho para mim que a essência da fé ou da meditação é (ou deveria ser) a confiança em Deus --- Deus, aqui, tomado na acepção do Todo Universal, ao mesmo tempo Criador e Criação --- o Logos.


A valoração da conduta traz ao homem a noção das consequências que advêm de sua tomada de decisões. O homem não tem como ascender de um salto à angelitude. Portanto, deve se ater (com absoluta sinceridade consigo mesmo) à boa-vontade, à indulgência e ao perdão (no ensinamento preciosíssimo que está em O Livro dos Espíritos - Kardec - na diamantina conceituação de "caridade"), deixando que os equívocos e desagrados do caminho fiquem à conta do custo normal da evolução --- eis aí a CONFIANÇA.


Não deixemos que o desespero, a depressão, a ira, a inveja, enfim nada que já entendemos ser contra-evolutivo nos atrapalhe a senda.


CONFIEMOS!

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

12 de outubro de 2010

Em 12 de outubro comemoramoss o "Dia das Crianças". Por si só, é um dia muito especial!

Assim o digo, além dos motivos óbvios, porque somos nós Espíritos que ainda se embalam na infância da Consciência Cósmica. Há mesmo uma criança dentro de cada um de nós...

Em nosso belo idioma, nada tem mais propriedade e perfeição do que a rima "criança" e "esperança".

Basta o sorriso e o abraço de nossos pequenos e preciosíssimos filhos para que a magia irrestível do Carinho transmute, na Alquimia do Amor, todos os momentos ásperos da luta diária na certeza inquebrantável de que tudo, sempre e sempre, vale a pena!

Até mesmo os debates filosóficos, quanto mais profundos, ainda mais irrelevantes se tornam quando a Ternura invade-nos o coração ao sorriso de uma criança...

Um abraço a todos vocês, meus Amigos!

Que a Vida sempre e sempre traga a cada um de vocês as diamantinas oportunidades de ascensão à Luz!

Um beijo de Amor em cada filho, cada sobrinho, cada neto, primo, enfim, em cada criança que esteja na Vida de vocês!

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O reinado de Maya

Não há sentido prático em buscar a conceituação de Deus, ou da divindade em quaisquer de seus aspectos. No entanto, parece-me um bom conceito o de que o Universo se sustenta no seio do Pensamento do Criador.Um dos aspectos da divindade é espraiar de si o princípio inteligente. O princípio inteligente conjuga-se a outra emanação da divindade: o princípio vital. O princípio vital necessita, por seu turno, da matéria para que haja Vida.

Ao mesmo tempo, o princípio inteligente precisa da Vida para se desenvolver.

Desde a sinfonia de atração e repulsão nos minerais, a Vida desenvolve-se em progressão. Eis aí o ponto mais baixo (em termos de vibração) em que o fenômeno Vida engendra o Verbo no cumprimento da Vontade do Criador. Evos se superam e o princípio inteligente, migrando em ascensão no aprimoramento de si e por Si, atinge uma fase em que a Vida se manifesta no padrão mais complexo possível nos limites do mundo da matéria (refiro-me à matéria física, ponderável; não me refiro ao plano semimaterial, etéreo, etérico, astral etc).

A partir daí (em algum ponto) dá-se a humanização. O princípio inteligente, que progrediu desde sua emanação através da conjunção do princípio vital com a matéria, adquire a noção de si mesmo, a individualidade, a consciência contínua de ser "algo" distinto de todo o resto.

Esse é o ponto em que inicia-se o "reinado de Maya".

Veja-se que só tem sentido falar-se em "ilusão" como efeito de maya no ser individualizado. Não existe, objetivamente, uma ilusão. Existe, subjetivamente, a ilusão.O princípio inteligente consciente de si enquanto ser é o que chamamos "Espírito". Simples e ignorantes, os Espíritos não são acéfalos nem autômatos. Na verdade, têm desde o início uma complexa noção: a noção do "eu". Esse "eu" é o que as doutrinas orientais (e ocidentais enraizadas no oriente) chamam de "Ego".

Adquirir a noção do "eu" é comer do fruto do conhecimento. É ser seduzido pela Serpente. É o "pecado original". É saber-se nu e ter vergonha --- início do senso subjetivo/objetivo de valoração. Inicia-se a dualidade: bom/mau, bem/mal, certo/errado, feio/bonito etc etc etc...

Os Espíritos nascem simples e ignorantes. Sim, são Espíritos infantis. São Espíritos iniciando seu aprimoramento enquanto ser. Nada é mais infantil e decorrente da noção de si do que o "desejar" e, por extensão, o conceito de "meu". Assim, a ilusão de que devemos nos desvencilhar é o desapego integral de tudo o que podemos agora identificar como sendo meramente fruto do personalismo natural e saudável do ser infantil. É procurar as coisas do Reino de Deus. Vejam que o ensinamento, por ter sido dado a Espíritos ainda infantis, conquanto um pouquinho menos verdes, remete logo à promessa de recompensa: e tudo o mais virá por acréscimo.O Pai bem conhece nossas necessidades... Realmente, quem não sabe o que é bom para seu filho ainda pequenino? Quantas broncas não damos em nossos pupilos para acertar-lhes o comportamento, equilibrando o rigor do ensinamento com o carinho e os mimos que alegremente concedemos aqui e acolá?

A ilusão é o sonho de criança que existe em cada um de nós. Somos, quando muito, pré-adolescentes (eu diria, muito rebeldes) que se apegam sobremaneira nos desejos infantis, com medo de perder o prazer imenso e incompreensível que os desejos propiciam... Nós podemos compreender o que é a "ilusão" da mesma forma que o pré-adolescente, no recesso de seus mais íntimos pensamentos, sabe que não poderá manter todos os prazeres personalíssimos que a infância, deliciosamente, permite...

Isso se coaduna com o fato de existirem os mundos de regeneração, nos quais há bem menos ilusões, mas ainda não desapareceu o personalismo de quem foca sua mente mais no próprio umbigo do que no semelhante...

domingo, 26 de setembro de 2010

Umbral - Astral inferior - Visão Espírita

[...]Aquela perturbação apresenta circunstâncias especiais, de acordo com os caracteres
dos indivíduos e, principalmente, com o gênero de morte. Nos casos de morte violenta, por suicídio, suplício, acidente, apoplexia, ferimentos, etc., o Espírito fica surpreendido, espantado e não acredita estar morto. Obstinadamente sustenta que não o está. No entanto, vê o seu próprio corpo, reconhece que esse corpo é seu, mas não compreende que se ache separado dele. Acerca-se das pessoas a quem estima, fala-lhes e não percebe por que elas não o ouvem. Semelhante ilusão se prolonga até ao completo desprendimento do perispírito. Só então o Espírito se reconhece como tal e compreende que não pertence mais ao número dos vivos. Este fenômeno se explica facilmente. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou; considera ainda a morte como sinônimo de destruição, de aniquilamento. Ora, porque pensa, vê, ouve, tem a sensação de não estar morto. Mais lhe aumenta a ilusão o fato de se ver com um corpo semelhante, na forma, ao precedente, mas cuja natureza etérea ainda não teve tempo de estudar. Julga-o sólido e compacto como o primeiro e, quando se lhe chama a atenção para esse ponto, admira-se de não poder palpá-lo.
Esse fenômeno é análogo ao que ocorre com alguns sonâmbulos inexperientes, que não crêem dormir. É que têm sono por sinônimo de suspensão das faculdades. Ora, como pensam livremente e vêem, julgam naturalmente que não dormem. Certos Espíritos revelam essa particularidade, se bem que a morte não lhes tenha sobrevindo inopinadamente.
Todavia, sempre mais generalizada se apresenta entre os que, embora doentes, não pensavam em morrer.
[...]
(LE - págs. 118/119)


O Umbral é o meio em que, por sintonia, os Espíritos erram (situam-se) por tempo variável, consoante sua condição individual de apequenada compreensão da realidade da Vida Espiritual. O retorno ao mundo extrafísico, desde que o Espírito pouco ou quase nada compreenda de seu reingresso na Vida Real, leva à ambientação de seu existir nos exatos termos de seu mundo interior, de sua mente. Há, assim, no Umbral tantos "lugares" quanto variados sejam os padrões coletivos de Espíritos em sintonia. Pântanos, covas, cavernas, vales, cidades, mosteiros, etc etc etc. Cada um sintonizará com o seu "próprio" inferno ou purgatório...

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

INDULGÊNCIA

Antigamente o termo que definia o volume de um sólido geométrico era capacidade.

Gosto de pensar que essa expressão é bem mais interessante e rica. Por que? Porque deixa evidente desde logo que aquele corpo não poderá acolher além de sua capacidade. Um litro de água é a capacidade, digamos de um dado cone; sabemos que esse cone só poderá reter, acolher, enfim, conter um litro de água no máximo - é sua capacidade.

Tenho para mim que o ser, em cada momento de sua Vida, tem uma certa capacidade de absorver o todo à sua volta. Evoluir implica em aumentar essa capacidade. Dessa forma, um aspecto que ressalta aos olhos é jamais ter a expectativa de que o ser abarcará mais do que pode.

A indulgência tem também esse matiz. E eu o considero o mais complexo e difícil de realizar.

Aplicar na Vida o "deixe estar" aos que não conseguem absorver o que tanto tentamos lhe passar exige aquele insight que ilumina a percepção do limite atingido...

Cada um de nós é como um vaso disforme, que a evolução faz crescer e ajustar-se às arestas corretas. Não podemos saber facilmente qual a capacidade de cada um, até porque a forma varia consoante o ser adota esta ou aquela atitude e recebe-lhe as consequências. Por isso mesmo é preciso que deixemos de tentar fazer valer sempre e sempre o que elegemos como nossa convicção plena... Deixe estar... Depois de algum tempo inevitavelmente a coisa se esclarece (ainda que leve mais do que uma jornada física). O mais interessante é que nem sempre veremos nossa convicção se firmar... Por vezes, mudaremos nós nossas arestas, acertando-as para o crescimento.

Assim, uma forma de indulgência que considero relevante é simplesmente deixar, sem nenhuma crítica ou sentimento de menosprezo, que cada um pense como quiser, ainda que nos pareça uma autêntica bobagem...

Estou, de minha parte, longe de conseguir essa postura... Mas estou tentando aprender a agir assim.

domingo, 8 de agosto de 2010

Dia dos Pais

Há muitas missões para o homem de boa-vontade... Basta ao ser vibrar com seu coração aberto às obras e a Luz sintonizará em sua essência, trazendo as "coincidências" que plantam em seu dia-a-dia os fatos e circunstâncias providenciais.

Com a paternidade a Vida é mais exigente.

Ser pai significa viver o melhor possível para que nosso exemplo seja água límpida a despertar, nos filhos, o máximo de suas potencialidades. É uma missão e, ainda mais relevante, é aprendizado posto em prática. Ser pai é deglutir o salgado excessivo das circunstâncias inevitáveis, sublimando questões e o simples detalhe de "ter razão", em prol do bem maior que é a sustentação de um senso equilibrado que possa delinear nas almas infantes um harmônico, o mais fiel possível, da conduta elevada a que apontam os ensinamentos superiores do Amor Incondicional.

Fiquem todos os pais deste mundo com a minha sincera gratidão.

domingo, 1 de agosto de 2010

Homens e Bonobos

Para meditação:



http://www.artigonal.com/biologia-artigos/bonobos-e-humanos-483466.html


Bonobos E Humanos
Publicado em: 14/07/2008 


Até alguns anos atrás, os chimpanzés eram considerados os primatas mais próximos dos seres humanos. Mas existem primatas que se assemelham ainda mais a nós: os bonobos, ou Pan paniscus. As semelhanças genéticas entre chimpanzés e bonobos são tão grandes que os bonobos eram considerados como uma subespécie dos chimpanzés até pouco tempo atrás. Apesar disso, as diferenças comportamentais são tão grandes e tão importantes que o estudo dos bonobos pode mudar muitas concepções errôneas que temos sobre a natureza humana.


Chimpanzés são extremamente violentos. Entre os chimpanzés é comum a existência de uma hierarquia onde o macho mais forte domina os menos fortes, e os machos dominam as fêmeas. A violência e a hierarquia coercitiva dos chimpanzés são usadas para justificar várias teses a respeito da natureza humana. Muitos dizem que nossos ancestrais deveriam se comportar como eles, e que uma das grandes conquistas da humanidade foi a invenção do Estado, onde a violência pode ser contida, e a igualdade pode ser construída. Características da organização dos chimpanzés foram confundidas com características da organização humana primitiva.


Mas a descoberta dos bonobos invalida essa tese, uma vez que bonobos são pacíficos e não apresentam tal divisão hierárquica. Eles provam que não é preciso haver Estado ou qualquer contrato social para que a paz ocorra numa população de primatas. Isto é válido mesmo quando a população tem muitos membros, pois de fato os grupos de bonobos têm bem mais membros que os grupos de chimpanzés.


O que explica a grande diferença de comportamentos entre bonobos e chimpanzés não é sua natureza, pois como vimos eles são quase iguais em termos de genética. O que faz toda a diferença é sua ecologia, seu modo de vida. Chimpanzés vivem da caça, em regiões onde há escassez de vegetais. Eles se dividem em grupos pequenos, e estão em guerra permanente contra os grupos vizinhos. Toda a sua educação valoriza a violência. Os machos aprendem a bater nas fêmeas, para mantê-las submissas. A sobrevivência dos mais violentos também faz com que as fêmeas prefiram acasalar com os mais violentos, pela proteção que eles oferecem. Existem posições sociais entre chimpanzés, que podem ser conquistadas pela luta. A comida é trocada por sexo, favores ou posições sociais.


Já os bonobos vivem da coleta de vegetais. Formam grupos maiores porque não existe rivalidade entre os grupos. Quando um grupo de bonobos se encontra com outro eles fazem sexo entre si ao invés de lutar. Eles praticam sexo sem qualquer violência e sem qualquer restrição. Entre bonobos não há coerção, nem por parte dos machos nem por parte das fêmeas. Eles formam coalizões através de amizades sexuais, cooperando entre si para se proteger, embora os grupos de amizades sejam maiores entre as mulheres. Isto não ocorre entre chimpanzés para que as fêmeas não consigam se defender sozinhas, assim se tornando dependentes dos machos. Seu período fértil é de seis em seis anos, mas praticam sexo a qualquer momento, e mesmo durante o período fértil não há competição por parceiros. Entre as invenções dos bonobos estão o beijo de língua, o sexo frontal e o sexo oral.


Temos aí uma mostra de como uma diferença entre dois modos de vida, um de escassez e outro de abundância, pode determinar comportamentos sexuais. Nós, humanos, não vivemos num modo de vida de escassez. No entanto, a civilização foi projetada por povos que viviam no modo de escassez. A caça foi substituída por uma produção incessante de bens de consumo que asseguram poder, que ocorre de uma maneira não menos competitiva e que não causam menos violência aos seres humanos e demais seres vivos. O interesse em identificar nossa natureza com o comportamento dos Pan troglodytes, os chimpanzés, é justificar nosso comportamento cultural de trogloditas... Agora sabemos que isso não é uma imposição de nossa natureza, é apenas uma escolha de modo de vida. Nossa sociedade não precisa se basear na violência, ela pode se basear na brincadeira, assim como ocorre com nossos parentes paniscus.


(Artigonal SC #483466)


Janos Biro - Perfil do Autor:
Nascido em 1980. Filósofo e escritor.
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