sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Deseja Evoluir?

DESEJA EVOLUIR?

Deseja evoluir? Ser melhor?
Pois então saiba...
A peleja é sorrir mesmo no pior...

O mundo é um espinheiro com flores...
Um imundo jardineiro que tira as dores
E expulsa formigueiros invasores...

O jardim é lindo... Tanto mais de longe...
É choro infindo... na euforia do monge
Que tanto pranteia no ardor da alegria...

Deseja evoluir? Ser melhor?
Pois então entenda...
Tira logo essa sua venda!

Esteja longe, esteja perto,
Busque o que lhe parece certo!
No céu nublado não busque o mapa:
Decida! Viva! Ganhe beijos e leve tapas!

Marco Aurélio Leite da Silva

segunda-feira, 25 de julho de 2022

ROCHAS ERODIDAS

A Vida flui no concerto da evolução que, sem interrupções, embala o todo. Desde a mais ínfima expressão do Ser no microcosmo até o bailado dos Universos na seara do infinito.
Nalgum ponto do Hálito Divino o Verbo ressoa na condição humana do orbe azul que habitamos.
À restrição máxima da individualidade, o Ser vibra no despertamento da Consciência que pode suportar.
Ciclos sucedem-se...
Evos passam...
O tempo se demora na unicidade do passado, presente e futuro.
No agora vivemos um ciclo agonizante de transformações sobrepostas, atormentadas, confusas, na dor da ilusória euforia do abandono dos limites.
O Ser convulciona por negar-se ao compromisso de controlar as rédeas dos instintos efusivos cujo arrebatamento traciona a carruagem na ascensão espinhosa.
A força e o deslumbramento são cultivados porém faltos da disciplina que educaria e traria erudição até mesmo aos trovões dos timbalos.
Átimo miserável da Eternidade, uma existência com algumas décadas desnuda abismos de negligência aos valores de atenuação das arestas e farpas, à deformação da liberdade que se degenera em libertinagem.
Os tempos do aqui e agora são como a superfície da água em ebulição.
Agitações que ferem, perdem-se na essência que se esvai como vapor. Aprisionam o ardor no limiar, evitando abreviações,  até que todo o fluido rompa sua união por um arrebatamento de vôo solitário em direção descontrolada.
Ver-se-á cada partícula na surpresa de que, vencida a fuga para as altitudes, o frio congregará núvens asserenadas. A luz já não passará com a ternura que aquece. A tormenta se escurecerá e o retorno dar-se-á pela tempestade a se precipitar com a missão de atenuar a estiagem que irrefletidamente causara a deserção anterior. 
Todavia, qual nova surpresa para olhos incautos, não haverá nisso nem um grão além de, tão somente, mais um ciclo da chuva com que o todo se mantém harmônico.
Rochas erodidas, tempestades vêm e vão para que nasçam os vales, as planícies... Para que pântanos gerem pradarias... 
Vivemos uma época em que a dor e o sofrimento repetem antigas semeaduras para que novas sementes de lírios germinem no campo, em meio aos muitos espinheiros e formigueiros...

quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

Liberdade, uma ilusória circunstância anímica.

A existência do Universo depende da concomitante presença de sua estrutura (amoldada pelo Pensamento) e da consciência (Mente) que a engendra. 

Por isso, em cada uma de suas infinitas possibilidades existenciais (multiverso), o bailado entre a Mente (consciência) e o Pensamento (estrutura amoldada pela Mente) eterniza-se.

Mas, assim como numa sinfonia, trechos exibem naipes de cordas vibrando intensamente, enquanto timbalos repousam no silêncio de pausas perfeitamente concatenadas.

Antes do concerto final e completo, do mais agudo flautim à retumbante percução, há de se compor, nota a nota, a Obra em desenvolvimento.

Vivemos numa dimensão em que a consciência universal somente pode engendrar pensamentos se estiver na mais absoluta restrição individualizante.

Muitos dos instrumentos da Orquestra estão em silêncio. Quase todos.

Aqui tanto a Mente como o Pensamento reverberam em ondas de grande comprimento, sob frequências apequenadas.

Tanto assim que a Mente tem que desertar de seus mínimos vôos e se contentar com o ventre rastejando à poeira do solo.

Pouco vê, pouco ouve, pouco percebe.

Torna-se um foco do qual apenas parcos e restritos pensamentos nascem, sem noção alguma de estar vinculada à imensa Orquestra que jaz oculta em profundo silêncio.

A Mente torna-se fragmentada em indivíduos que nem mesmo se lembram de sua origem.

Consectário perigoso, a individualidade plena desliga cada fragmento do todo e gera a liberdade cega, o livre pensar, a prerrogativa de pensar o que e como quiser.

A consciência universal, paradoxo dos paradoxos, para existir enquanto Mente neste plano de restrição total, esquece-se de si mesma e experimenta o resultado dessa extrema circunstância: amnésia e liberdade.

E é nesse estado de individualidade máxima, sob o olvido do todo e com a consequente liberdade, que interage enquanto Mente nesta dimensão, emitindo Pensamentos que movem as correspondentes forças estruturantes da Vida nestas plagas.

O retorno à consciência só vem com o Conhecimento que lança luz à escuridão do esquecimento, da ignorância.

Cada milímetro resgatado de reunificação com a origem ceifa muitos metros da ilusória liberdade que a restrição individualizante engendrara com a ignorância de si mesma.

À perfeição da Ordem Universal, essa reunificação se desdobra durante a longa jornada em que os fragmentos da consciência universal aprendem a lidar com o Universo nesta dimensão de formas tão ilusórias quanto grotescas e duradouras.

Há inúmeras sendas que se estabeleceram pretendendo ajudar cada indivíduo na ascese do retorno à Fonte Primordial.

Religiões, seitas, doutrinas, filosofias, métodos...

Mas tudo o que segrega para o fim de unificar é natimorto. Como reunir todas as gotas de volta ao oceano espargindo-as pelos mais longínquos, divergentes e distantes rios?

A ascese não ocorre sob rituais ou métodos excludentes de quaisquer outros caminhos que se prefira percorrer.

Independentemente de valorações fundadas em construtos humanos, devemos ver no semelhante não um irmão, ou irmã... Mas sim a nós mesmos...

Aliás, devemos nos ver também em todos os animais, plantas e até nos minerais desta dimensão existencial.

Afinal, foi para isso que viemos.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

Vacinas e a Pandemia

Agora retorna o medo atávico por vacinas...
Desde Oswaldo Cruz as autoridades sanitárias travam uma inglória batalha contra a ignorância e desinformação reinantes. Mesmo depois de tanto tempo.
Uma vacina é, grosso modo, um meio de introduzir no organismo suficiente informação biológica sobre um antígeno (um elemento patogênico). Assim o corpo aprende a criar anticorpos de modo que, diante de uma contaminação real, o sistema imunológico reage prontamente.
Podem ocorrer reações alérgicas?
Claro!!! Aliás, lembro-me dos tempos de infância. A cada campanha de vacinação os pais eram alertados que poderia haver febre.
É que o organismo, ao receber a vacina, "pensa" que está sendo infectado. É o único jeito da vacina funcionar. Caso contrário, o corpo não aprende a gerar os anticorpos.
Nem todos têm febre ou outra reação. Na verdade, só uma pequena parte da população vacinada. Mas pode acontecer.
Porém ter medo da vacina por causa das reações adversas que podem ocorrer é como ter medo de tomar QUALQUER remédio, já que NADA garante que uma pessoa não seja, por exemplo, alérgica a penicilina, a dipirona, a ibuprofeno ou até mesmo a camarão...
Isso soa bem estranho, considerando que a imensa maioria das pessoas continua tomando café, cerveja, vinho etc. Essas bebidas, sim, têm comprovados malefícios a toda e qualquer pessoa. Não apenas a quem seja alérgico.
Mas quase todos tomam, ao menos um cafezinho.
Uma simples pesquisa no Google põe diante dos olhos os assustadores efeitos da alergia ao ibuprofeno. Se aumentar o escopo da pesquisa, você descobrirá que inúmeras substâncias podem deflagrar processos alérgicos até letais. Inclusive castanhas ou leite.
Quando você retira de sua vida o consumo de leite, poderá substituir por outros alimentos. Mas NADA garante que não trombe com algo alergênico que você NÃO tem como saber antecipadamente.
Então, não crie paranóias quanto às vacinas. E torça para não ser alérgico.
É tudo o que nos resta.

domingo, 13 de dezembro de 2020

Pandemia... Nova Ordem Mundial?

Tão antigo quanto o homem é o medo de tudo o que lhe possa trazer a extinção, seja individual, seja coletiva.
Vejamos.
A maneira como observamos pode fazer de um cilindro apenas um círculo, ou um retângulo. É preciso ver em perspectiva para perceber-lhe os exatos contornos.
Mas haverá gente estertorando cuidar-se de um círculo e apenas isso. Outros tantos bradarão que não passa de um retângulo. Alguns deixarão que o tempo mostre que é um cilindro.
Pois é, atualmente ocorre o que já teve vez sabe-se lá quantas vezes na História...
O homem vive uma pandemia.
O medo faz com que a turma do círculo grite que é o fim do mundo, inevitável, fatal.
O pessoal do retângulo reitera o Imperador que protegia as artes e perseguia cristãos. Avisa que há uma elite mundial falseando tudo a fim de destruir as estruturas vigentes do poder e se estabelecer como única coroa de poder absoluto.
E os pobres diabos do cilindro, comentam aqui e ali que, realmente, as pandemias existem desde sempre, umas maiores, outras com menos letalidade. A do século XIII dizimou, acredita-se, cerca de 200 milhões de pessoas. Ora, 200 milhões naquela época... Era mesmo o caos. Não é à toa que ficou conhecida como Peste Negra. Paralelamente, sem dúvida, não faltam os que se aproveitam desses períodos de morticínio coletivo para tirar toda sorte de vantagem. A Igreja já vendeu indulgências...
A única conclusão razoável disso tudo é que não devemos abraçar essa, aquela ou aqueloutra tese com fulgor de verdade absoluta revelada aos que, de algum modo, dotam-se de percepção extraordinária...
O Leviatã de Hobbes, elevado à enésima potência da Nova Ordem Mundial, deve ter dificuldade de discernir o ponto exato entre expoliar todos os ovos de ouro mas, de modo algum, matar a galinha que os bota...
Grande problema.
Todos têm, cada qual consigo, uma fração de razão, da verdade.
Equivale a dizer que todos têm seu quinhão de erro, de falsa percepção da realidade.
O mundo já esteve na alça de mira da destruição no imaginário da maioria inúmeras vezes.
Por volta do ano 1000 os escandinavos barbarizaram indefesos mosteiros nas ilhas britânicas. Muitos clérigos viram ali, encarnados, os agentes do Caos Absoluto.
Duvido que alguém que tenha vivido o auge da Peste Negra, principalmente na Europa, pudesse dormir em paz achando que era tudo "só" um processo natural, "só" um teatro manipulado ou "só" um contexto caótico ao descontrole total de quem fosse.
Mas não é isso?
Ora, trocadilhos à parte, talvez o que explique tantas "explicações" para esses cataclismas que se extendem no tempo seja o medo atávico de não existir explicação alguma.
Ao ser humano cabe a limitante constatação de que o caos, quando muito, é um fragmento da ordem universal imperceptível...



sábado, 13 de junho de 2020

Pandemia - Junho/2020

Junho de 2020


Quando olhamos o passado e meditamos sobre as fases ruins que o mundo viveu, via de regra, tudo parece muito tenebroso.

Até a minha geração havia um motivo a mais para isso. Os registros antigos de imagem, fotografias ou vídeos, foram feitos em preto e branco e sob padrões hoje considerados péssimos de definição.

Não há dúvida.

Quando vemos imagens, por exemplo, dos grandes desfiles nazistas todo o tom majestoso ainda mais se transmuta para cenários trevosos sob as imprecações borradas e tremidas e com a voz do discurso metalizada e com ruídos.

Imagens da II Guerra causam tormentos não muito diferentes dos filmes tanto mais escuros e imperfeitos produzidos durante a I Guerra...

A Espanha de Franco também está na memória de quem não se resguarda de rever como já foi a vida.

Lá no início do conturbado século XX também está a Gripe Espanhola.

Aliás, nada mais

 aterrorizante do que pensar em pandemias nestes tempos.

Seja como for, com a pandemia atual da COVID-19, percebemos que não é a mesma coisa saber ou conhecer alguma tragédia se compararmos com a experiência de vivenciá-la.

É menos assustador estar no barco que atravessa uma tempestade do que avistar de longe esse mesmo barco e contemplar sua travessia.

Exatamente isso que tenho sentido ultimamente.

E isso também me assusta muito.

Quando olho para as velhas catástrofes da humanidade, vejo-as como períodos insuportáveis. Só de contemplar um grupo de oficiais da SS, por exemplo, todo o horror do holocausto me retorna à alma, assim como numa catarse retroativa por comunhão arquetípica. Se é que me posso expressar assim.

Vendo os capacetes com pontas, o Grande Primeiro Conflito me retorna com os combates aproximados, inimigo matando inimigo olhando-o diretamente nos olhos.

E a peste?

As máscaras longas dos físicos com capas negras e enormes chapéus. Numa época em que nada se sabia sobre patógenos.

Na Gripe Espanhola, imensos hospitais improvisados com macas alinhadas, enfermeiras gravemente uniformizadas e a morte ceifando milhões no mundo todo.

Mas...

Que temos hoje?

Um vírus altamente vocacionado para as vias aéreas humanas. Altíssimo potencial de contágio.

As potências econômicas mundiais foram as primeiras a vivenciar o desespero de exaurir os sistemas de saúde público e privado. Corpos se acumulando em necrotérios. Em países pobres corpos foram abandonados na via pública.

Em época de comunicação plena e instantânea, notadamente via internet, a morte se desnudou em todo o planeta. 

Mas esse é, efetivamente, o barco em que estamos agora.

Essa é a enorme e destruidora tempestade que estamos enfrentando.

Assusta-me muito perceber que a maioria das pessoas não se dá conta de qual é a realidade objetiva que está, minuto a minuto, sendo esfregada em nossas faces.

Tenho a impressão de que um dia alguém olhará para os registros históricos destes tempos e temerá. Na verdade tremerá. 

Tremerá de medo porque, ao que tudo indica, máxime no Brasil, a COVID-19 vai matar muitos milhões de indivíduos.

O meu "hoje", este instante de escrita, é meados de junho de 2020.

Já passamos de 42.000 mortos desde o início da doença aqui, em janeiro de 2020.

Como será daqui a alguns meses?