Cada um
de nós tem um plano de vida. Esse plano de vida abrange o que
fazemos de nós em relação a tudo o que nos cerca. Podemos imaginar
que a Obra a se realizar nesse plano é como uma viga de madeira.
Uma viga
de madeira cujo comprimento exato não conhecemos. Sustenta o nosso
plano de vida e, junto às vigas de tantas outras Vidas, ajuda a
sustentar o telhado que a todos cobre e protege.
Em cada
momento de nossa jornada, progredimos amparados pela viga que nos
evita a precipitação em vôo livre e sem propósito.
Cuidemos
bem do amparo que nos conduz.
Ao
primeiro sinal de que a madeira acha-se sob risco, não deixemos que
a sedução de cobrir a imperfeição com um verniz dê uma falsa
solução do modo mais simples e fácil. Não... É importante que
agitemos uma lixa, quanto mais grossa e dolorosa melhor, a fim de
eliminar toda a poeira do dia a dia e desnudar o veio da madeira,
exibindo-lhe a imperfeição para que possamos bem avaliar se de um
mero risco de trata, ou de uma trinca que alerta para uma fratura
anunciada.
Os meios
de que o Cosmo se serve na condução do todo universal é
transcendente à compreensão do ser humano. Muitas vezes basta que
lixemos, ainda que sob dor e medo, para que a imperfeição seja
corrigida e a madeira volte a ostentar seus veios de harmonia e
segurança. Aí sim, podemos aplicar-lhe, envaidecidos, o verniz que
protege e embeleza.
No
entanto, caso a sujeira retirada e a camada de madeira sacrificada
revelarem uma trinca, nada de vernizes! É preciso fazer tudo o que
podemos para prover esse ponto da viga com redobrados cuidados. Se
necessário, que a Obra aguarde a construção de todo um pilar de
sustentação, até o solo, mesmo que isso exija tempo e esforço. É
o preço da manutenção do todo sob a segurança sem a qual o risco
de desmoronamento só aumenta com o tempo.
O verniz
é saudável e protege a madeira bem cuidada e sem defeitos. Fora
disso, é camada que dissimula sujeira e eventuais trincas, mantendo
o risco para o futuro.
Há quem
se revolte ante a necessidade de demorar-se nos cuidados inadiáveis
que surgem passo a passo na condução da Obra. Há quem ouse
abandonar-se ao espaço e simplesmente deixar para trás a viga de
seu plano de vida... Quem assim faz, precipita-se desconhecendo o que
encontrará abaixo, quando os limites naturais exigirem o pouso para
o refazimento inevitável.
Já
dissemos que não podemos compreender o Cosmo. De fato, a demora na
correção de uma trinca é, na verdade, parte integrante da Obra a
que nos vinculamos diante do Grande Arquiteto do Universo. Se não
cuidarmos de manter a sustentação que nos cabe, estaremos
desertando não apenas do nosso plano de vida, mas da nossa
devida parcela de apoio ao todo que a todos abrange.
A Viga de
cada um é o seu plano de vida. O Verniz é o embelezamento que
adorna a tarefa bem edificada. A Madeira é a essência da Obra em
realização.
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