O homem em geral tem noção dos valores mais elevados da alma. Niguém, a bem da verdade, pode legitimamente declarar-se ignorante da necessidade de cultivo de virtudes como a honestidade, a boa-vontade para com todos, a indulgência para com as imperfeições alheias, o perdão das ofensas, enfim, o amor que devemos dedicar aos que nos cercam. Assim o sabemos porque desde há muito o ensinamento vem sendo ministrado, reiteradamente, inclusive com a manifestação do Maior de todos os Mestres em nosso meio.
A consciência é capaz de absorver idéias elevadas. Mesmo não as praticando, pode conhecê-las e compreender os seus elevados contornos. É assim porque a evolução aperfeiçoa o ser com grande eficiência, mantendo-o sempre habilitado a vislumbrar o que não conseguiu ainda dominar. Também com o condicionamento da conduta assim se dá.
As sociedades humanas já se equilibraram em normas sociais como a chamada “Lei do Talião”, quando o dente por dente, olho por olho, era o senso comum, plenamente aceito pela grande maioria. Entretanto, desde muitos evos os germes do senso mais sutil começou a ser semeado no ente coletivo. O ensinamento elevado desde sempre traz em sua essência aquela magia de bater-nos no íntimo com foros de verdade primordial, que não necessita de demonstração. O amor cultuado sem medida pelos filhos ainda pequeninos, na devoção de carinho e proteção que vemos facilmente até nas feras, com o passar do tempo vai se infiltrando como padrão a expandir-se no universo interior de cada um. Numa palavra, o homem vai ganhando mais características espirituais enquanto condiciona adequadamente os instintos animalizados sem os quais não teria chegado até ali.
Ainda assim, por todo o óbvio, o desenlace dos dons magnos da alma não ocorre senão depois do devido tempo de maturação, pelo que, entrementes, vemos conquistas já louváveis convivendo com instintos de reação ainda predominantes. O ser humano freqüentemente chora de misericórdia ao assistir o sofrimento alheio, ao mesmo tempo em que se mantém apto às mais terríveis violências quando se domina pela ira que deveria adestrar.
O homem, a maioria de nós, está a meio curso de seu aprendizado. E assim estamos desde o tempo em que o Todo Amor pisou nas areias quentes da Palestina. Paulatinamente vamos caminhando, pé ante pé, na senda de ascensão. Misturamos a dedicação carinhosa àqueles que amamos com os impulsos ainda indômitos que nos escravizam. Em meio aos instintos ferozes de nossa ainda primitiva natureza impulsiva, os dons magnos da alma turvam-se conquanto nos inspirem à elevação.
No dizer abençoado do Príncipe de Luz: “O orvalho num lírio alvo é diamante celeste, mas, na poeira da estrada, é gota lamacenta. Não te esqueças desta verdade simples e clara da Natureza.” (Jesus no Lar – Capítulo 3 – FEB).
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