A simbologia religiosa católica deturpou os ensinos dos antigos.
No contexto
das pesquisas acerca do tema "Queda", há aspectos apontados por Max Heindel que merecem reflexão.
Para que o
homem pudesse atingir a plena restrição na matéria, experimentando a
individualidade plena com consciência de si mesmo e, a partir desse ponto, ter
capacidade de aprender e continuar a desenvolver-se, necessitava de um órgão
igualmente capaz de receber, acolher e manifestar essa consciência. Numa
palavra: necessitava do cérebro físico.
O
desenvolvimento do cérebro físico, suficientemente desenvolvido a ponto de ser
um veículo da consciência no plano da matéria densa, demandava um imenso
desforço de energias do poder criador da mônada. Os Senhores da Forma
impulsionavam o ser humana a tais realizações, mas não sem o custo de grande parte
do potencial criador do espírito assim submetido nas graves delimitações da
matéria.
O impulso
criador da mônada individualizada, para o fim de direcionar todos os recursos de
desenvolvimento do cérebro físico humano, não seria suficiente a não ser que o
ser humano passasse a vivenciar suas jornadas na matéria em sexos separados.
Com cerca da
metade de seu potencial criador destinado ao desenvolvimento do cérebro, a
mônada só poderia desenvolver o restante do organismo para uma atividade
polarizada, sob pena de ver-se em déficit se o organismo tivesse que sustentar
toda a complexidade de um ser naturalmente hermafrodita.
Por isso o
espírito passou a nascer no plano da matéria como homem ou como mulher. O
organismo desenvolveu o cérebro e, em cada jornada, apenas um dos pólos da
energia criadora ambientada na fisiologia sexual.
Certamente, o
espírito virginal inserido no plano da matéria densa continua sem polaridade
sexual. Mas manifesta-se nos limites dessa polaridade em cada vida material.
Assim, pôde desenvolver um órgão físico capaz de ambientar sua consciência e
continuar desenvolvendo-se.
Eis aí um
ponto de extremo interessse!
A humanidade do Período Lunar, que hoje são os
Anjos, desceu até o plano mais denso daquele período: o plano etérico.
Não
chegou ao plano material.
Portanto, os Anjos de hoje jamais tiveram um cérebro
físico.
A consciência e sabedoria por eles flui a partir da Fonte,
individualizando-se somente até certo ponto, um ponto menor do que o grau de
individualização e restrição da humanidade atual. É por isso que os atrasados
do Período Lunar acham-se em missão junto aos homens da Terra. Ajudam os homem
a reconquistar o fluxo de energia de uma só polaridade para o equilíbrio que um
dia deverão reconquistar, sublimando os caracteres tanto da feminilidade como da
masculinidade, de modo a fazer com que esse fortíssimo vetor de energia, que é
a energia sexual, seja direcionado aos padrões mais elevados da consciência.
Numa palavra:
buscam angelizar o homem animal.
É uma missão
para esses atrasados do Período Lunar porque, na condição de atraso em que se
acham, necessitam da proximidade com os homens para JUNTAMENTE COM ELES
aprenderem a dominar tudo o que o extremo de restrição e individualidade
proporciona. Devem aprender junto com os homens porque, sem os homens, nada
aprenderiam por não terem jamais amoldado um cérebro físico. Como atrasados que
são, é assim que retomarão a ascensão aos seus pares através da experiência
junto dos pupilos que desceram à materialidade plena.
Despiciendo
dizer que os atrasados do Período Lunar, conquanto atrasados, têm conquistas
muito sublimes quando comparados aos espíritos virginais que atingiram o nadir
da individualização neste Período: os homens.
Vejamos o que
Heindel diz no Conceito Rosacruz do Cosmos:
Quando
em meados da Época Lemúrica se efetuou a separação dos sexos (na qual
trabalharam Jeová e seus Anjos), o Ego começou a agir ligeiramente em seu corpo
denso, criando órgãos internos. Naquele tempo, o homem não tinha plena
consciência de vigília, tal como possui hoje mas, com metade da força sexual,
construiu o cérebro para expressão de pensamento, na forma já indicada. Estava
mais desperto no Mundo Espiritual do que no Físico, mal podia ver seu corpo e
era inconsciente do ato de propagação. A afirmação da Bíblia de que Jeová
adormeceu o homem, nesse ato é correta. Não havia nem dor nem perturbação
alguma relacionada com o parto. Sua obscura consciência do ambiente não o
inteirava, ao morrer, da perda do corpo nem, ao renascer, da entrada noutro
corpo denso.
Recorde-se:
os Espíritos Lucíferos eram uma parte da humanidade do Período Lunar, os
atrasados da onda de vida dos Anjos. Eram demasiado avançados para tomarem um
corpo denso físico mas, necessitando de um órgão interno para aquisição de
conhecimento, podiam trabalhar através de um cérebro físico, coisa fora do
poder dos Anjos ou de Jeová. Esses espíritos entraram na coluna espinhal e no
cérebro e falaram à mulher, cuja imaginação, conforme já se explicou, tinha
sido despertada pelas práticas da Raça Lemúrica. Sendo a consciência
predominantemente interna, pictória, e porque tinham entrado em seu cérebro por
meio da medula espinhal serpentina, a mulher viu aqueles espíritos como
serpentes.
No
preparo da mulher estava incluído assistir e observar as perigosas lutas e
feitos dos homens que se exercitavam no desenvolvimento da vontade. Muito
frequentemente os corpos morriam nas lutas.
A
mulher surpreendia-se ao ver essas coisas tão raras e tinha obscura consciência
de que algo estranho acontecia. Embora consciente dos espíritos que perdiam
seus corpos, a imperfeita percepção do Mundo Físico não lhe dava poder para
revelar aos amigos que seus corpos físicos tinham sido destruídos.
Os
Espíritos Lucíferos resolveram o problema abrindo-lhe os olhos. Fizeram-na
ciente dos corpos, o seu e o do homem, e ensinaram-na como podiam conquistar a
morte, criando novos corpos. A morte não poderia mais dominá-los porque, como
Jeová, teriam o poder de criar à vontade.
Assim,
Lúcifer abriu os olhos da mulher, e ela, vendo, ajudou o homem a abrir os seus.
Desta maneira, de forma real, se bem que obscura, começaram a conhecer ou a
perceber-se uns aos outros e também ao Mundo Físico. Fizeram-se conscientes da
morte e da dor, aprendendo a diferenciar o homem interno da roupagem que usava
e renovada em cada vez que era preciso dar um novo passo na evolução. O homem
deixou de ser um autômato. Converteu-se num ser que podia pensar livremente, à
custa de sua imunidade à dor, às enfermidades e à morte.
Interpretar
o comer do fruto como um símbolo do ato gerador não é uma idéia absurda, como
demonstra a declaração de Jeová (que não é um capricho, mas a declaração formal
das consequências que adviriam do ato): morreriam e a mulher teria seus filhos
com dor e sofrimento. Jeová sabia que o homem, agora com a atenção fixada em
sua roupagem física, perceberia a morte, e que, não tendo ainda sabedoria para
refrear as paixões e regular a relação sexual pelas posições dos planetas, o
abuso da função produziria o parto com dor.
Para
comentadores da Bíblia sempre tem sido um enigma relacionar o comer de uma
fruta com o nascimento de uma criança. A solução é bem fácil quando se
compreende que o comer a fruta simboliza o ato gerador, ato pelo qual o homem
se converte em algo "semelhante a Deus", conhece sua espécie e
capacita-se para gerar novos seres.
Na
última parte da Época Lemúrica, quando o homem se arrogou o direito de praticar
sem peias o ato gerador, foi sua poderosa vontade que lhe permitiu
realizá-lo.Comendo da árvore do conhecimento quando quisesse, capacitou-se para
livremente criar um novo corpo ao perder o antigo veículo.
Geralmente,
a morte é considerada algo temível. Se o homem também tivesse comido da árvore
da Vida teria aprendido o segredo de vitalizar perpetuamente seu corpo, o que
teria sido ainda pior. Nossos corpos atuais não são perfeitos mas os desses
tempos antiquíssimos eram excessivamente primitivos. Por isso, foi bem fundada
a medida quando as Hierarquias Criadoras impediram o homem de "comer da
árvore da vida", impedindo de renovar o corpo vital. Se o tivesse
conseguido ter-se-ia feito imortal mas não poderia mais progredir. A evolução
do Ego depende da evolução dos seus veículos. Se não pudesse obter novos e mais
perfeitos veículos por meio de sucessivas mortes e renascimentos, ter-se-ia
estagnado. É máxima oculta: quanto mais frequentemente morremos, melhor
poderemos viver. Cada nascimento proporciona uma nova oportunidade.
Heindel
oferece mais ensinamentos em outra obra, igualmente esclarecedora (“Maçonaria e
Catolicismo”):
Na
época em que metade da força sexual humana foi dividida com o propósito de
construir o cérebro, os homens estavam desamparados e não sabiam como superar
essas condições. Não tinham nem mesmo consciência para compreender que havia
uma dificuldade e se não tivesse havido ajuda externa, a raça teria
desaparecido. Portanto, os Anjos da Lua, que eram os guardiães da humanidade,
agrupavam os sexos em grandes templos quando as linhas interplanetárias de
força eram propícias à propagação e, assim, perpetuavam a raça. Foi proposto
também que, quando o cérebro se completasse, os Senhores de Mercúrio, os Irmãos
Maiores de nossa atual humanidade, que possuiam uma inteligência excepcional,
deveriam ensinarnos como usar a mente e torná-la realmente criadora para que
não mais ficássemos dependentes do processo de geração através da separação
sexual, agora em voga. Pelo trabalho destas duas grandes Hierarquias fomos
elevados da inconsciência para o primeiro estágio de inteligência criadora, do
vegetal para Deus.
Aprendemos
que este plano foi frustrado pelos Espíritos de Lúcifer, os atrasados da
humanidade do Período Lunar, que vivem no planeta Marte. Eles precisavam de um
campo físico de ação, mas não foram capazes de criar um para eles próprios;
daí, por razões egoístas, ensinaram à humanidade como, com a cooperação dos
sexos, um novo corpo podia ser criado a qualquer momento e, para dar um
incentivo maior, instilaram na humanidade a natureza passional animal que
possuímos hoje.
[...]
Quando
o aspirante à vida superior era instruído nestes mistérios de simbolismo e
chegava o momento de falar-lhe claramente, novos ensinamentos eram-lhe
comunicados, não necessariamente nestas palavras ou desta maneira. De qualquer
modo, ficava claro para ele que - "anatomicamente o homem relaciona-se com
os animais, e abaixo desse reino, na escala da evolução, estão as plantas. Elas
são puras e inocentes, suas práticas de propagação são destituídas de paixão, e
toda sua força criadora está voltada para cima, em direção à luz, onde se
manifestam como a flor, proporcionando prazer e beleza para todos que a vêem.
Todavia, as plantas são incapazes de agir de outra maneira, pois não têm
inteligência, consciência do mundo externo, nem livre arbítrio para a ação.
Portanto, só podem criar no mundo físico".
"Acima
do homem, na escala de evolução, estão os deuses, criadores nos planos
espiritual e físico. Eles também são tão puros como as plantas, pois toda sua
força criadora está voltada para cima e ela é usada de acordo com a sua
inteligência; sendo assim, conhecendo o bem e o mal, eles sempre escolhem fazer
o bem".
"Entre
os deuses e o reino vegetal fica o homem, um ser dotado de inteligência, poder
criador e de livre arbítrio para usá-lo para o bem ou para o mal. No momento, ele está dominado pela paixão
instilada pelos espíritos de Lúcifer e envia metade de sua força criadora para
baixo, para gratificar seus sentidos. No mais íntimo de sua alma ele percebe
que isto está errado, e esconde esse instinto com vergonha, sentindo-se
aborrecido quando isto é trazido à luz. Esta condição deve ser alterada para
que possa haver o progresso espiritual e é necessário levar-se em consideração
a semelhança entre a planta casta e os puros deuses espirituais, sendo que
ambos voltam toda sua força criadora para cima, em direção à luz. No decorrer
da evolução, o homem elevou-se acima da planta que possui poder criador somente
no mundo físico, e tornou-se igual aos deuses, possuindo poder criador nos
planos mental e físico da existência, além da inteligência e do livre arbítrio
para dirigi-lo. Isto foi conseguido pelo desvio de metade de sua força sexual
para cima para construir um cérebro e uma laringe, órgãos que ainda são
alimentados e nutridos por esta elevação da metade da força sexual. Porém,
enquanto os deuses dirigem toda sua força criadora para propósitos altruístas
pelo poder da mente, o homem ainda desperdiça metade de sua herança divina no desejo
e na gratificação dos sentidos. Portanto, se quisermos ser iguais a eles,
precisamos aprender a dirigir toda nossa energia criadora para cima. para ser
usada inteiramente sob a direção de nossa inteligência. Só assim poderemos ser
iguais aos deuses e criar de nós mesmos pelo poder de nossa mente e pela Grande
Palavra, pela qual poderemos enunciar o Fiat criador. Lembremos que, fisicamente,
já fomos um dia hermafroditas como a planta, e capazes de criar por nós mesmos.
Olhando para o futuro através da perspectiva do passado, percebemos que a atual
condição unisexual é somente uma fase temporária de evolução e que, no futuro,
toda nossa força criadora deverá ser dirigida para cima afim de sermos espiritualmente
hermafroditas e capazes de objetivar nossas idéias e pronunciar a palavra
vivente que nos dotará de vida e nos fará vibrantes com energia vital. Esta
dual força criadora, assim expressa pelo cérebro e pela laringe, é o
"elixir vitae" que surge da pedra viva do filósofo espiritualmente
hermafrodita. O processo alquimista de despertá-lo e elevá-lo é realizado na
medula espinhal onde o sal, o enxofre, o mercúrio e o Azoth são encontrados.
Ele é elevado à incandescência pelo pensamento sublime e nobre, pela meditação
sobre assuntos espirituais, e pelo altruísmo expresso na vida diária. A segunda
metade da energia criadora assim atraída para cima através do canal espinhal, é
um espírito-fogo espinhal, a serpente da sabedoria. É conduzido cada vez mais
para o alto e, ao alcançar o corpo pituitário e a glândula pineal no cérebro,
faz com que elas vibrem abrindo os mundos espirituais e capacitando o homem a
se comunicar com os deuses. Então, este fogo se irradia em todas as direções,
permeia todo o corpo assim como sua atmosfera áurica, e o homem se torna uma
pedra viva, cujo brilho supera o do brilhante ou o do rubi. ELE é então "A
Pedra Filosofal".
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