terça-feira, 17 de setembro de 2013

Uma Palavra Sobre Religiosidade

Muito é mencionado neste Blog sobre a postura dos estudos, sempre alheio à religiosidade comum. De fato, é assim que, segundo entendemos, deve ser feito. No entanto, tanto quanto entre a noite e o dia existe a penumbra acolhedora dos instantes em que o Sol se põe, há também um preciosíssimo espaço entre a frieza marmórea das Leis Universais e as chamas de emoção em que nos embalamos neste plano de aprendizado, ainda nos primeiros passos da aquisição da Serenidade.

Cremos haver equívoco primário na tese de que o evolucionário progride do império dos instintos para a razão. O acervo de impulsos, ou instintos, nos é tão necessário em face da eternidade quanto toda a senda que nos cumpre alcançar integralmente. Os impulsos, ainda nos dias de hoje, estão na essência de todas as emoções que, salvo raríssimas exceções, nos guiam a conduta.

A Evolução, consoante vemos nos aspectos passíveis de compreensão nas miríades de exemplos que o mundo apresenta, parece mesmo um mosaico de talentos conquistados, talentos sob conquista e talentos ainda mal iniciados. Um interfere no outro, ajudando-se mutuamente sob um enredamento muito complexo. Coisas aparentemente insignificantes são, na verdade, tijolos indispensáveis à edificação de aspectos relevantes para o progresso do ser.

Bem por isso vemos desde plantas a pessoas de alto QI sob existências aparentemente inócuas... Um musgo no canto de um muro úmido... Um cantor de músicas de gosto duvidoso, com voz sem nenhum atributo de beleza... Não precisamos identificá-lo, mas é, comprovadamente, dono de um altíssimo quociente de inteligência.

O musgo é fruto de uma criação descriteriosa? Surgiu sem que as Leis Universais sobre ele incidissem? Não cremos...

Menos ainda em relação ao nosso inteligentíssimo cantor, cujos dotes artísticos apequenados ainda mais dele fazem uma pessoa, no mínimo, muito curiosa.

Lembramo-nos daquele enredamento de talentos conquistados, talentos sob conquista e talentos ainda mal iniciados. Um cristal, isto é, uma pedra, é a manifestação da Lei do Progresso no condicionamento de atração e repulsão. O musgo está lá sob a regência da mesma Lei, sabe Deus com que finalidade... O cantor de soberba inteligência, é lícito cogitar, talvez esteja se iniciando em searas antes não eleitas em suas prioridades.

O que tudo isso tem a ver com religiosidade?

Tudo.

Há pessoas com amplo conhecimento da tradição espiritualista (com TODAS as suas contingências) vivenciando a disciplina e abnegação que só a vida religiosa costuma bem adestrar. Certa vez um monge católico disse que a vida monástica não é para quem a deseja, mas sim para quem dela necessita.

Há também pessoas sem quase nenhum conhecimento da tradição espiritualista renegando a religiosidade. Abstraindo-se os de má fé (porquanto para esses sequer cabe algo dizer), ponderamos que há pessoas que, sentindo-se sufocados pelos rígidos limites da vida religiosa, buscam maiores horizontes e sobre eles se põem a considerar mesmo antes de conquistar-lhes alguma noção.

Entre um aspecto e outro, miríades de variações existem.

O importante a considerar é que qualquer abstenção que se manifeste quanto à religiosidade JAMAIS deverá confundir-se com contrariedade, combate ou repúdio.

A Vida nos vem demonstrando que há muita gente realizando excelentes Obras em meio à vida religiosa. Há muita gente realizando excelentes Obras totalmente fora da vida religiosa. Nenhum deles, via de regra, perdem seu tempo defendendo ou combatendo a religião, seja qual for.

Acima de tudo, lembremo-nos da Lei Universal por excelência: o AMOR.

Não sou religioso. Mas não vejo nisso nenhuma virtude, tampouco defeito. 

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