Aspecto bastante
interessante sobre a diferença entre a Luz e as Trevas pode ser apreciado com
base em informações passadas pelo padre Fortea, exorcista da Espanha. Em poucas
tintas, diz o sacerdote que a Razão é inerente à evolução da alma, sem embargo do
que é a capacidade de transcender a Razão que demarca os seres vocacionados à
iluminação.
De fato, seres trevosos
frequentemente ostentam grandes galardões de intelectualidade, com exposição
minuciosa de teses assentadas em raciocínios plenos de razão. Contudo – e é a
Física que nos oferta os melhores exemplos – não basta a razão para compreender
a forma como o Universo se apresenta.
A razão pode levar a alma a
grandes elucubrações no âmbito da física newtoniana, verdadeira tabuada em que
impera a rigidez aritmética. Mas ninguém se habilita a conhecer, ainda que
apenas sob mera divulgação científica, algo da mecânica quântica aplicando o
mesmo raciocínio cartesiano. A Física Quântica não se dobra a nenhum padrão de
lógica que o ser humano consegue apreender. Tampouco a Relatividade. No macro e
no microcosmo as coisas simplesmente não acontecem como “deveriam”, sob o ponto
de vista cartesiano.
Ora, foi a transcendência
que permitiu a almas como Bohr e toda a escola de Copenhague a identificar os
fenômenos muito estranhos da mecânica quântica. Bohr disse que qualquer pessoa
que leia sobre a física quântica e não se tome de absoluta confusão e
estranheza não terá entendido nada do que leu. Einstein, por sua vez, entendeu
o que até hoje tentamos, debalde, compreender.
Isso tudo na seara da
Física. Sem a transcendência da razão, não teríamos as conquistas científicas
que só funcionam porque a quântica e a relatividade provaram ser como são,
estranhíssimas.
Se adentrarmos à esfera da
filosofia, teologia, psicologia, antropologia etc, mais clara ainda a
necessidade de transcender a razão.
Pois então.
Ocorre que a transcendência
implica numa percepção anímica que só ocorre diante de valores que
corriqueiramente chamamos de amor, desprendimento, desapego, porquanto são
valores que trazem leveza à alma. Leveza, sutileza, elevação.
Os trevosos, não cultivando
tais valores, não ganham os tesouros que advêm da humildade. Numa palavra, ao
invés da humildade engendram em si o seu oposto, a soberba. Postura densa,
pesada, que leva o ser a buscar ocultar suas fragilidades sob um manto de
arrogância.
Tal arrogância não permite
senão a fria Razão. Sem transcendência. O ser se toma, mais e mais, prisioneiro
de um círculo vicioso de autoafirmação, soberba, irritabilidade, intolerância.