No transcorrer da vida comum, no esforço diário e máxime nos círculos mais próximos de relações, quais sejam, o trabalho e família, vêem-se miríades de arrebatamentos egoísticos que beiram à psicopatologia, ao menos do ponto de vista espiritual.
Já foi por demais destacado neste Blog que é no plano das formas que o ser atinge o ponto máximo de sua restrição individual, apartando-se do todo, sob o domínio de suas percepções limitadíssimas. Para tanto tem um instrumento tão valioso quanto assustador: um cérebro físico. Um imenso emaranhado de sinapses que atuam como portas lógicas de um chip funcionando sob álgebra booleana. Como sabemos, é muito mais que isso. Mas é uma estrutura física. De matéria.
Imerso nesse enredamento material, o ser evolucionário se mantém, em grande parte das vezes, tão somente na percepção imediatista de que dispõe. Termina crendo que tudo o que existe é o plano das formas. Não demora e passa a achar que tudo o que interessa é ele mesmo, seus interesses mais íntimos, suas vontades, seus impulsos etc.
Tudo o mais são excrescências para essa mente doentia.
É natural que o ser passe por tal afunilamento consciencial. Anormal é que se demore muito além do necessário em tal postura animalesca.
Enfim, sem o intuito de julgar mas cônscio de que devemos procurar entender o mundo que habitamos, percebo que há humanos com bom nível de inteligência mas ainda presos em imediatismos sensoriais de toda sorte. Isso inclui a tentativa de estabelecer autossuficiência emocional, uma autêntica síndrome de egocentrismo deserdado de qualquer suporte prático no dia-a-dia.
Pessoas assim passam a imaginar que outros existem apenas para propiciar o que eles próprios desejam. O ser se torna um desalentado egoísta principesco que busca insistentemente sua corte de subalternos que têm o "privilégio" de servi-lo.
Muito cuidado devem ter todos os espiritualistas --- como, de resto, todos os pais conscientes de sua responsabilidade --- para evitar que seus amados filhos, a pouco e pouco, ingressem nessa senda de amor próprio exacerbado e deformado.
O egoísmo, como se costuma dizer, faz sujeito limitar-se ao espaço entre seu umbigo e seu nariz. Como bem se conhece, o antônimo de egoísmo é altruísmo. Quando o ser passa a dar --- ao menos em igual dose --- a mesma importância a outrem, não pensando apenas em si mesmo, terá dado um passo tão importante quanto exigível para todo e qualquer evolucionário que habita este orbe.
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