sábado, 27 de março de 2010

Cogitações - Esoterismo

Pensemos nos animais. Refiro-me aos metazoários em geral, tigres, leões, cavalos, serpentes, crocodilos, cães, enfim, animais ditos superiores quando comparados com as formas menos complexas de vida, fora o gênero homo. Desde logo cumpre registrar o repúdio com que muitos contemplam a simpLes idéia de sermos nós, humanos, também metazoários, biologicamente classificados muito próximos aos nossos irmãozinhos mais peludos. Há quem diga que há o reino dos animais e o dos humanos, buscando-se não imiscuir o ser humano em meio aos demais entes que a evolução lapida neste orbe.

Busquemos a orientação de um grande mentor retratado na obra Missionários da Luz, ditada pelo Espírito André Luiz ao saudoso médium Francisco Cândido Xavier. O mentor Alexandre assevera com todas as letras que o homem ainda se refestela com as vísceras de seus irmãos menores. Não há a menor dúvida, pelo contexto dessa asserção, que o mentor está mesmo falando dos metazoários que o ser humano depreda, com todos os requintes da culinária moderna. A irmandade anunciada entre os homens e os animais em geral ganha contornos de identidade de origem na obra A Caminho da Luz, pelo Espírito Emmanuel, livro muito conhecido no meio Espírita. Logo no início desse livro, o grande Emmanuel deixa assente que os compostos de carbono que se juntaram na formação do planeta e deram origem às primeiras moléculas complexas constituem as sementes primitivas dos próprios seres humanos, tanto quanto de todas as formas de vida da Terra. Os homens e os animais têm a mesma origem. Nada justifica crer que a evolução produziria um ser humano senão pelo aperfeiçoamento do princípio vital desde as formas mais básicas, passando pelos metazoários, atravessando o intervalo dos hominídeos, até a forma atual de homo sapiens. Outra fonte de valioso conteúdo e que assevera sob os mesmos contornos a origem humana está no livro Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito André Luiz.

Por outro lado, fator de extremo relevo é a vinculação que várias correntes espiritualistas fazem entre a Divindade e a beleza. A beleza é posta como um atributo da Criação. Diante disso, a beleza há que ser considerada um valor objetivo, que transcende ao foro íntimo da percepção individual, ao menos no que se refere a um patamar a partir do qual não se concebe qualquer fealdade. Como corolário, temos que a fealdade somente ocorre como conseqüência de atos contrários à Lei da Evolução. Atos, porque fatos, entendidos como eventos decorrentes de desdobramentos causais da natureza, necessariamente estão sob o império de atos desviantes sempre que impliquem em algum resultado contrário à paz e harmonia que deveria viger. Os fatos advindos dos processos naturais para os quais não concorre a vontade humana, desdobram-se sob serena fluidez.

A evolução desdobra-se sob o influxo da beleza inerente à Criação. Equivale a dizer que não deveria haver formas tocadas por fealdade no processo evolutivo dos seres. Mas há, efetivamente, seres horrendos neste planeta, seres cuja existência causa repugnância e medo, quando não o desejo de eliminação em decorrência do mal concreto que causam. Não parece possível que a evolução amolde formas cuja compleição e ciclo de existência se resumem na destruição de outros seres em processos patológicos potencialmente destrutivos de toda a espécie. Os vírus, por exemplo, sequer podem ser tidos à conta de seres submetidos a fenômenos de alimentação e excreção. Limitam-se a invadir células para tomar-lhes as macromoléculas necessárias à replicação de si mesmos, tão-somente funcionando como uma imensa macromolécula dotada de movimentação e automatismos suficientes para encontrar alhures os elementos necessários para produzir cópias de si mesmas. Com isso destroem as células hospedeiras e progressivamente provocam a morte do metazoário. Curiosamente, não é necessário descer aos abismos microscópicos para vermos criações monstruosas. Mesmo na realidade imediata que nos cerca temos exemplos daquilo que pode ser produzido pelo desequilíbrio.

Como? Criações monstruosas causadas pelo desequilíbrio? Sim, é isso mesmo.

Novamente buscando apoio em uma obra da literatura espírita, invocamos o conceito de co-criação em plano menor, referido no livro Evolução em Dois Mundos, já referido. Denota a interação do pensamento humano nos fluidos e na regência dos fenômenos à sua volta. O pensamento do homem efetivamente interfere no fluxo puro dos fenômenos fluídicos à sua volta, acrescendo harmonia ou contribuição tristemente com ruídos e interferências noviças de toda a espécie, conforme sejam os pensamentos reiteradamente emanados sob padrões de harmonia ou desequilíbrio. Daí a expressão co-criação em plano menor. Ao par do pensamento do Criador que a tudo permeia, o pensamento humano, qual harmônico de freqüência infinitamente menor,também se agita para contribuir no processo ou para desequilibrá-lo, com a eficácia restrita ao círculo que pode alcançar. A somatória de equilíbrio e desequilíbrio de todos os seres pensantes dá o tom de harmonia ou desarmonia do planeta em cada momento da aventura humana na Terra. A esse padrão costuma-se designar egrégora.

Voltando às formas monstruosas que existem no planeta, temos que a co-criação em plano menor amolda não somente seres patogênicos microscópicos, como também leva a degenerescências macroscópicas. Quem tenha se detido em observação ao Dragão de Komodo certamente sabe do que se trata. Cuida-se de verdadeiro monstro, dotado de enorme força física, tamanho, peso e forma horripilante. É bastante ágil para seu porte e ostenta em sua saliva uma hedionda população de bactérias simbiontes que levam ao apodrecimento da presa. Assim, caso a presa já não sucumba de imediato, escapando à sanha do réptil, logo depois será alcançado já sob os efeitos da baba pútrida que ficou nos ferimentos. O Dragão localiza a presa para o jantar prazeroso, em meio às chagas purulentas, num quadro nem um pouco belo no concerto da teia alimentar. Nem mesmo o mais empolgado neo-darwuinista consegue compreender que a natureza necessite de uma forma de vida tão abjeta para o equilíbrio da Biosfera. Veja-se que os decompositores em geral, tanto quanto os metazoários representantes do último nível trófico, conquanto se alimentem de corpos em decomposição o fazem sob a serenidade com que a natureza constrói seus fenômenos normais. Aliás, algumas aves de rapina ostentam formas bonitas, realizando o seu papel ecológico sem maiores alardes. Vale dizer, não depredam suas "presas" reduzindo-as a cadáveres pútridos como meio comum de obtenção de alimento; simplesmente compõem o nível trófico que ocupam esse nicho na natureza.

No outro extremo vemos animais cuja existência é uma dádiva de beleza e alegria. É preciso estar sob a rigidez de um coração empedernido para ignorar o vôo maravilhoso de um beija-flor, com seu batimento de freqüência inimaginável que torna suas asas somente visíveis, nesse momento, por uma câmera de obturador igualmente rápido. O olhar humano contenta-se em apreciar-lhes o orbital. A bela ave aproxima-se da flor com suavidade poética, sugando-lhe o néctar enquanto empresta sua mobilidade à estática planta sendenta por espargir sua estirpe em outras plagas. Assim completa-se a Obra nesse particular, sob o império do mutualismo que engendra num mesmo fenômeno seres de evolução tão díspares.

De fato, ninguém colocaria no mesmo estamento evolutivo um beija-flor e uma laranjeira. No entanto, o mesmo conteúdo de beleza está presente em ambas as criaturas, ou, melhor dizendo, em ambas as criações. As plantas, aliás, são-nos evidências esculpidas em carrara. A simplicidade das estruturas fisiológicas tornam o funcionamento orgânico um manifesto a denunciar o quão frágil é o nosso conhecimento científico. Árvores com dezenas de metros de altura ostentam vasos lenhosos e liberianos, na intimidade do caule, cujos calibres deveriam impedir a subida da água em razão de imperativos gravitacionais cuja superação é até hoje incompreendida pelos botânicos e biofísicos. Não nos esqueçamos das sequóias, que atingem comumente 90 metros de altura, algumas ultrapassando os 100 metros. Nenhum biofísico consegue apresentar uma boa hipótese que explique como a seiva bruta sobe por tal estatura.

Nesse ponto, façamos uma imersão oblíqua proposital.

Alguém se arriscaria a conversar acerca do tema Elementais sem temer ser taxado de visionário? Claro que me refiro a uma abordagem fora dos círculos de estudos espiritualistas mais aprofundados. Fora dos círculos de estudo, temas como esse soam sempre quais fantasias pueris de quem não tem muito o que fazer. É pena que seja assim. Até mesmo no meio Espírita não é raro acharmos quem considere esses assuntos como autênticos desvarios exóticos.

Sem embargo, não se cuida de desvario algum.

Na obra Iniciação, ditada ao médium João Nunes Maia pelo Espírito Lancellin, o mentor Miramez esclarece que, conquanto existam diferentes ondas de evolução, tais ondas se imiscuem, de forma que, e expressamente assim o diz, nós mesmos já fomos aquilo que se costumar chamar gnomos e fadas. Menciona esses dois elementais mas não exclui os muitos outros, servindo-se daqueles, por assim dizer, mais conhecidos, tomando-os como exemplos. Gnomos, fadas, salamandras, ondinas, tritões, silfos, sílfides etc, todos são elementais. Abstraídos os excessos da fantasiosa imaginação humana, os gnomos não vivem como personagens de romances infantis, em pequenas aldeias comportas por casinhas esculpidas em cogumelos. De efeito, não são Smurfs ou Strunffs. Mas existem mesmo. Os elementais são espíritos da natureza. São seres capazes de realizar um trabalho importantíssimo para que o plano físico possa existir. Mistérios à parte, os elementais promovem, realizam, influenciam, aceleram fenômenos naturais cujos desdobramentos aos olhos do homem comum não passam de encadeamentos de causa e efeito para os quais nada mais concorre senão o jogo de forças da própria natureza.

Retornemos à nossa monumental sequóia. Já destacamos a magia da natureza em levar até a folha apical a água absorvida uma centena de metros abaixo, pelas raízes. O observador não achará as forças que justificam a subida da água pura e simplesmente porque esse é um trabalho desempenhado por elementais que têm ciclo de vida na intimidade do organismo vegetal, implementando fluxos de energia para a realização do fenômeno fisiológico que a planta por si só nunca conseguiria realizar. Como já destacado, a Obra se aperfeiçoa sob o império de mutualismo que engendra num mesmo fenômeno seres de evolução bastante díspares. Não apenas no plano físico, mas também entre os planos físico e extrafísico, máxime na faixa vibratória imediatamente adiante aos limites do mundo tangível. O princípio vital que evolui no metafita necessita aperfeiçoar automatismos em escala ainda apequenada se comparada com os automatismos conquistados pelos metazoários. Tais automatismos devem ser amparados por seres mais evoluídos sob pena de falência e colapso dos meios em que o princípio experimenta aperfeiçoamento. Seria mesmo puro encantamento se a água subisse vários metros em vasos calibrosos unicamente porque a natureza assim o deseja. O modo como os elementais agem é ainda muito pouco conhecido, mas sabe-se que têm atitude e inteligência infantis, pueris. São brincalhões mas extremamente tímidos e dispostos a evitar que sejam percebidos pelas estranhas criaturas chamadas seres humanos.

Os elementais são dirigidos e compõem populações que se comportam como verdadeiros entes coletivos. Existem consciências empenhadas especificamente nessa coordenação. São almas que já deixaram atrás de si os limites humanos e se põem no concerto da Obra doando sua capacidade de gerir os fenômenos através dos pequenos elementais. Põem-se diante deles e são vistos como deuses, incitando um certo temor reverencial mas também uma espontânea fidelidade filial. Os elementais têm-nos em alta conta pelo carinho com que são tratados, sempre envoltos nas vibrações de paz e harmonia que os dirigentes espraiam à sintonia com que exercem sua escala de atuação. Gnomos atuam mais intimamente nos fenômenos da terra, principalmente nas gemações geológicas e estruturação das camadas. Aliás, a egrégora humana é tão desequilibrante que a ação dos gnomos tem sido importante no concerto de empenhado esforço da Espiritualidade Superior na manutenção da estabilidade planetária, reduzindo o mais possível fenômenos como tsunamis ou terremotos, que seriam muito mais freqüentes e devastadores. Os elementais que atuam no seio de vegetais bastas vezes são chamados duendes. Salamandras desempenham seu mister em fenômenos de combustão e produção de calor. Ondinas e tritões cuidam respectivamente dos fluxos hídricos dos rios e dos mares. Silfos e fadas cuidam dos fluxos aéreos. Fácil perceber que a designação elementais deriva da atuação nos quatro elementos fundamentais apontados pela Alquimia.

Aqui surge mais um ponto de extrema importância.

O neófito que se lança ao estudo sério do espiritualismo em geral, via de regra rejeita, até de forma ríspida, conceitos tidos como meros frutos do imaginário desenfreado de almas atormentadas. Exatamente assim se dá com o assunto elementais. Não há, salvo raríssimas exceções, estudante que não ria de quem manifeste crer na existência desse seres ainda tão pouco compreendidos. Conforme o estudo progride, duas possibilidades se apresentam. Ou o estudante continua e aprofunda os seus estudos ou mantém-se no conhecimento epidérmico em que a maioria se detém. Nessa hipótese, o estudante permanecerá firmemente arredio a quaisquer teses que apontem no sentido da existência desse ou daquele fenômeno que ele, do alto de sua arrogante e orgulhosa sabedoria, cuidou de banir de suas cogitações. Entretanto, caso progrida nos estudos, certamente começará a experimentar um certo aborrecimento quando teimosas questões insistirem em surgir aqui e acolá, quase sempre ao contrafluxo das concepções até então sedimentadas. Mas o estudo, essa iluminada bênção de Deus, dá luz ao caminho e o estudante termina por dobrar-se em considerações antes inimaginadas. O estudante estará, então, a um passo de completar o ciclo de afastamento e retorno a certas verdades que só o tempo e o estudo permitem concluir.

Os elementais, como já observado, desempenham importantíssimo papel no concerto dos fenômenos naturais, inclusive no funcionamento fisiológico dos metafitas. Com os metazoários, até onde podemos compreender, não há interação maior em face das conquistas já plenas do ser na seara dos automatismos fisiológicos. Consoante André Luiz, a Vida condiciona atração e repulsão no mineral, sensações no vegetal, desenvolve instintos no animal e condiciona conduta no homem. Temos, então, que os vegetais, mesmo as mais frondosas árvores da estatura de cormos com mais de um século de idade, não experimentam individualidade conquanto a Vida esteja também ali em evolução. O princípio vital avança na senda evolutiva, sem dúvida, mas não se confina nos limites da individualidade, como a conhecemos. Com os metazoários em geral, queremos crer, a individualidade alcança contornos mal definidos. Poucos seres humanos ignoram como os cães são, cada um, um ser muito próprio. Quanto mais proximidade o cão tem com o homem, mais e mais particularmente se define em um todo individual. O cãozinho de estimação de uma família, tratado desde pequeno com carinho, chega a desenvolver uma afinidade tal com seus "donos" que o eventual falecimento daquele que lhe é mais chegado pode causar-lhe uma tristeza tão profunda que a morte também dele desponta inevitável. O cão, não há quem negue, experimenta e demonstra grande alegria com a atenção do dono, pondo-se choroso entre gemidos sempre que dele recebe reprimendas ou agressões. Esse mesmo cão poderá vir a atacar um estranho que dirija violência ao seu dono, protegendo-o com destemor. Ficou famosa uma pequena e magrela cadela que se lançou vorazmente contra um enorme pitbull que atacava a criança da casa. O evento foi noticiado na mídia televisiva intensamente, exibindo a penquena fêmea cujo instinto de proteção ultrapassou todos os limites dos imperativos de auto-preservação. A cadelinha ficou muito machucada, mas, para surpresa geral, barrou completamente a agressão do hercúleo canino que atacava. Eis que um metazoário que se desenvolve extremamente próximo ao homem exibe contornos emocionais, por assim dizer, forjados quais harmônicos do tom fundamental recebido. Ainda que sob amplitude menor, o fenômeno se estabelece sob a indução da tônica humana, incutindo no já maravilhosamente desenvolvido corpo emocional do cão as características milenarmente sedimentadas do corpo emocional do homem. O homem vem moldando o cão à sua imagem e semelhança, tanto que há de belo como no que diz respeito a nossas mazelas e desequilíbrios.

Mas há aí também um outro aspecto que desejamos abordar. Esse aspecto até retira um pouco da poética visão de nossa cadelinha heroína. Tanto quanto existem seres avançados que coordenam a atuação dos elementais, os metazoários também recebem a influência daqueles que são designados Espíritos-Grupos. Max Heindel oferece uma imagem que bem demonstra como é a atuação dos Espíritos-Grupos em relação aos animais que influenciam. Heindel acena com uma imaginária cortina vazada em alguns pontos de modo a permitir que os dedos das mãos seram introduzidos e surjam do outro lado. Quem desse outro lado observa somente vê e conhece a realidade dos dedos à mostra, desconhecendo a consciência que coordena todos os dedos às ocultas. A consciência em questão é a do Espírito-Grupo, sendo os dedos a população de animais que está sob sua coordenação. Essa imagem é muito boa porque evidencia que o Espírito-Grupo não tem consciência de toda a realidade imediata de cada animal, até porque cada espécime é um ser em evolução, que, assim, deve experimentar e reagir por si mesmo em relação ao meio-ambiente. No entanto, a coordenação do todo permite estipular padrões de comportamento adequados à melhor obtenção de resultados nas experiências evolutivas. Voltando à nossa heroína, temos que uma situação de grave perigo envolvendo um Espírito encarnado reclamou a ação defensiva do recurso que estava mais propício de ser utilizado pelas equipes de amparadores espirituais. A ação conjunta dos Espíritos em geral não deve constituir surpresa para nenhum estudante do espiritualismo. É muito provável que a pequena cachorra tenha sido lançada em defesa da criança por interação do Espírito-Grupo, certamente depois de rápida intercessão em favor da vítima. Mas isso não diminui em nada, por assim dizer o "mérito" do animal. Mostrou-se suficientemente evoluído para receber, aceitar e executar os estímulos enviados ao contrafluxo do milenar impulso de auto-preservação.

Novamente aqui uma porta estreita de cogitações deve ser aberta.

O cão que atacava a criança certamente não pretendia executar uma ação destruidora por prazer. Atendeu a impulsos também milenares que o habilitam a atacar e comer no concerto do comportamento dos predadores em geral. Ora, mas não foi uma pequena cachorra, daquelas domesticadas e cheias de ternura, que partiu em defesa da criança? Já dissemos que sim. Por que o Espírito-Grupo não interagiu diretamente com a fera, retirando-lhe o ímpeto de ataque? Não teria sido mais fácil? Ocorre que a fera, enquanto fera, pode até receber mas não aceita nem muito menos executa estímulos alheios quando está sob o império dos impulsos que sedimentou nos evos de auto-preservação. Talvez em situações menos drásticas até inicie-se a assimilação de impulsos mais refinados, mas não em meio às chamas da adrenalina. Foi realmente necessário lançar-se mão de um ser muito mais sofisticado do ponto de vista emocional. O cão que se estreita com pessoas carinhosas progressivamente adquire recursos emocionais que se conformam ao embalo das conexões estímulo-resposta sob o refino dos padrões de vibração mais elevados. Daí porque habilitarem-se esses cães a condutas que muitas vezes parecem inexplicáveis quando analisadas estritamente do ponto de vista ortodoxo. A cadelinha heroína tinha recursos em seu corpo emocional que a fera não ostenta. Mais uma vez, temos que a beleza é um atributo da evolução.

E o Dragão de Komodo?

Se o considerarmos um ser resultante dos desequilíbrios espirituais do planeta, é-nos lícito imaginá-lo sob a coordenação de um Espírito-Grupo? Essa é uma questão que nos remete a uma face assustadora da realidade planetária.

Sabe-se que há populações inteiras de desencarnados vivendo em determinadas faixas de vibração inferior sobre a crosta da Terra. Também abaixo dela, mas essa é uma outra questão a um dia ser arrostada. É um ledo engano imaginar que os Espíritos ainda não devidamente condicionados a uma conduta mental salutar seja sempre meros sofredores que se arrastam por cenários pantanosos e trevosos forjados pelo desequilíbrio coletivo daqueles com quem se afinam. As regiões trevosas existem, sem dúvida, mas somente os desequilibrados sem conquistas consideráveis da inteligência se permitem demorar nos meios tormentosos e perturbados que a mente dos alienados amolda no fluido circundante. Há populações inteiras de Espíritos que habitam as regiões inferiores, sim, mas em cidades extremamente organizadas e sob o comando de um líder que, geralmente, governa com punho muito forte. Há quem ali viva por livre opção, de uma certa forma "feliz" na medida em que bem se ajusta àquele padrão de vivência. Outros tantos lá se demoram por absoluto comodismo, desfrutando da proteção que os limites da cidade oferece em relação ao meio externo, amoldado em formas-pensamentos atormentadas. E há também os que lá estão aprisionados, uns com alguma liberdade, outros efetivamente restritos em cárceres ou mesmo masmorras e sob tortura. Dentre estes últimos há os prisioneiros de todas as espécies. Inclusive aqueles tidos como criminosos. Sim, existem aqueles que romperam com o código de conduta exigido dos habitantes, sendo, pois, considerados delinqüentes mesmo ali, em uma cidade construída por Espíritos que se apartaram voluntariamente da senda de condicionamentos éticos elevados. Nesse contexto de seres bem organizados há também os que se põem diante dos fenômenos do mundo julgando-se legítimos co-criadores e senhores de realizações planetárias. Enfim, existem sim Espíritos-Grupos que influem diretamente sobre formas atormentadas. É o caso dos Dragões de Komodo? Não o sabemos. No entanto, não é fácil imaginar um ser de alta estirpe coordenando um ser com tais características.

Mais uma digressão se impõe.

É do conhecimento mais ou menos comum dos espiritualistas em geral que facções de Espíritos extremamente bem organizados e desviados do aprimoramento moral existem e atuam largamente na Terra. Há um grupo denominado "Donos do Mundo", estratificado, que se lança atividades de perseguição, aprisionamento e punição daqueles que eles elegem como delinqüentes. Uma monumental corte preside o julgamento. Obviamente, os que aí são "julgados" são aqueles cuja afinidade com o padrão vibratório lá reinante assim o permite. Há, então,algo muito interessante. Inúmeros dos "réus" são mesmo consciências carregadas de culpas. São postas diante de um "juiz" e passam a acreditar que tudo ocorre sob a bênção de Deus. Tanto os Donos do Mundo como os "réus" reforçam em si a sedimentada idéia de que o julgamento é legítimo, como legítima é a punição imposta. Ora, considerando que tudo o que ocorre somente ocorre porque Deus o permite, não estão de todo errados. Como afirma Eliphas Levi em seu Dogma e Ritual de Alta Magia, o mal existe para triunfo do Bem. Deus é mesmo onipresente, demarcando nas Trevas o seu bastião de Luz.

Tarot - Uma Nova Visão

ARCANO 0: O PROFANO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O LOUCO

SIMBOLISMO: O ser humano comum, com conhecimento nulo ou praticamente nulo acerca das coisas espirituais, sem práticas voluntariamente dirigidas à sua própria evolução e à evolução dos semelhantes. Claudica com tosco apoio sob o impulso meramente natural que o arrebata adiante, carregando o pesado fardo de sua ignorância. É a condição comum à grande maioria que se conserva apenas recém-saída da plena animalidade.

SIGNIFICADO: insegurança, irreflexão, frivolidade, superficialidade, impulsividade, auto-corrupção.

ARCANO 1: O INICIADO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O MÁGICO

SIMBOLISMO: O ser humano que adquiriu o conhecimento básico acerca das verdades espirituais, consciente de sua condição ainda tímida e disposto à busca da elevação de sua alma. São os buscadores sinceros de todas as escolas de pensamento místico. Busca o conhecimento e a disciplina necessária, ainda apenas fragilmente conquistados, confuso, com a angústia natural dessa condição mas também com a alegria característica dos noviços.

SIGNIFICADO: pouca experiência, frágeis convicções, grande vontade, confusão, ansiedade por realização, melindres.

ARCANO 2: A INTUIÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A PAPÍSA

SIMBOLISMO: No desenvolvimento espiritual o homem necessita de um dom para que atinja a compreensão dos conhecimentos que vai adquirindo – a intuição. O engrandecimento da alma exige o esforço da meditação, das cogitações interiores que transcendem à mera análise das informações. Quando o poço está pronto a água surge. O homem desenvolve a intuição conforme cresce espiritualmente.

SIGNIFICADO: Fé, convicção em valores indemonstráveis, foros interiores de verdade, resignação, religiosidade, mas também conformismo, acomodação.

ARCANO 3: O PÓLO FEMININO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A IMPERATRIZ

SIMBOLISMO: Ante a natureza dual da realidade existencial que cerca o homem, sua alma experimenta a evolução sob o regime das polaridades masculina e feminina. Este Arcano representa o pólo feminino, no âmbito do qual a alma está sob o império das virtudes e deficiências desse aspecto.

SIGNIFICADO: sensibilidade, elegância, beleza, passividade, resistência, vaidade, mas também futilidade, lentidão, vingatividade, falsidade.

ARCANO 4: O PÓLO MASCULINO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O IMPERADOR

SIMBOLISMO: Ante a natureza dual da realidade existencial que cerca o homem, sua alma experimenta a evolução sob o regime das polaridades masculina e feminina. Este Arcano representa o pólo masculino, no âmbito do qual a alma está sob o império das virtudes e deficiências desse aspecto.

SIGNIFICADO: poder, força, domínio, fidelidade, mas também fealdade, frieza, tirania.

ARCANO 5: A PSEUDO-SABEDORIA

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O PAPA

SIMBOLISMO: Com o evolver espiritual, o homem atinge uma fase de pseudo-sabedoria na qual conhece alguns aspectos da realidade espiritual mas, julgando-se mais sábio do que na verdade é, chega a conclusões falsas que levam a convicções equivocadas, ainda que de boa-fé. Por extensão, indica as virtudes já cultuadas porém sob fundamentos viciados e quase sempre vinculados à dor e sofrimento.

SIGNIFICADO: perdão, boa-vontade, tolerância, radicalismo, dogmatismo, mas também oportunismo, moralismo, demagogia.

ARCANO 6: O DISCERNIMENTO FRÁGIL

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O ENAMORADO

SIMBOLISMO: Mesmo conhecendo alguns aspectos das Verdades Universais, o homem mantém-se elegendo prioridades ou opções sem considerar as conseqüências que advirão, escolhendo o que lhe parece mais agradável do ponto de vista imediatista, sem aprofundar-se nas relações de causa e efeito que decorrem do tempo e das circunstâncias inevitáveis da vida.

SIGNIFICADO: fragilidade à tentação, coragem irrefletida de enfrentamento, fraqueza de caráter, paixões frívolas em geral.

ARCANO 7: O DESVELAR DUAL

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A CARRUAGEM / O CARRO

SIMBOLISMO: O homem se dá conta de que o Universo por si perceptível é dual. A dualidade é a forma como a alma humana consegue perceber tudo à sua volta. O mundo se revela como uma estrutura dialética de quente-frio, alto-baixo, longe-perto, bom-mau, certo-errado etc. Tanto quanto na dialética, dos extremos advém uma síntese que se converte em uma nova tese à qual confrontar-se-á outra antítese.

SIGNIFICADO: conquista, vitória, êxito, triunfo (no sentido de que sabe vencer o fluxo contrário por saber-lhe o contrafluxo que compõe a essência), mas também derrota, fracasso (por não conseguir vencer o fluxo contrário).

ARCANO 8: O JULGAMENTO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A JUSTIÇA

SIMBOLISMO: O livre-arbítrio propicia ao homem agir consoante sua vontade e convicções, sem embargo de permanecer inevitável que de cada ato realizado ou deixado de realizar advirá a correspondente conseqüência. É o karma do espiritualismo em geral. O homem pode fazer como quiser, mas responsabiliza-se pelas conseqüências. Essas conseqüências advêm sob o rigor atenuado com que a Vida destempera o rigor da causalidade para os que se põem comefetiva boa-fé, pelo que a misericórdia pesa mais na balança do que o mero senso de certo-errado.

SIGNIFICADO: honestidade, correção, justiça, mas também desonestidade, fraude, corrupção.

ARCANO 9: A MESTRIA DEVIDA

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O EREMITA

SIMBOLISMO: O homem, ao atingir um nível de maior erudição espiritual, ciente de sua destinação espiritual, vê-se na contingência de assumir a responsabilidade por não sonegar a orientação devida aos que se acham atrás na senda evolutiva. O serviço à humanidade é o caminho para a continuidade de sua elevação. Por estar mais alto que os demais, deles se aparta naturalmente, como um eremita na montanha. Deve retomar o caminho em meio aos que se demoram mais abaixo, ajudando com os recursos de que já dispõe.

SIGNIFICADO: Solidão na sabedoria, prudência, estudo, docência, conselhos, orientação dada, mas também deserto (de "deserção"), insociabilidade, arrogância, isolamento de todos, falência na orientação de outrem.

ARCANO 10: OS CICLOS

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A RODA DA FORTUNA

SIMBOLISMO: A natureza se manifesta em ciclos. Tudo são ciclos. As oportunidades surgem e se fecham consoante os ciclos de cada ente envolvido.

SIGNIFICADO: Conquistas perante o mundo (a tudo o que se dá o devido valor, vem-nos por acréscimo da missão a se cumprir), oportunidades que surgem, boa sorte, mas também frustração, fechamento das oportunidades, perdas.

ARCANO 11: AS FORÇAS SUTIS

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A FORÇA

SIMBOLISMO: As forças mais relevantes e poderosas são as que advêm do controle da mente, da concentração da vontade, capazes de dominar a fera com a vibração irresistível dos padrões elevados do pensamento.

SIGNIFICADO: alta capacidade de realização, iniciativa, intrepidez, mas também crueldade, subjugação.

ARCANO 12: A REQUALIFICAÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O ENFORCADO

SIMBOLISMO: É a inversão dos valores que se estabelece no homem quando se dá conta da necessidade efetiva de elevação de sua alma, quando então finalmente busca a requalificação de seus ideais e, por extensão, de seu carma diante de si mesmo e dos Planos Elevados.

SIGNIFICADO: sacrifício, mudança, transição, renúncia, mas também tédio, apatia.

ARCANO 13: A ASCENÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A MORTE

SIMBOLISMO: Do esforço pessoal, por opções feitas com livre-arbítrio, o homem morre para o mundo comum dos profanos e ascende para a realidade dos planos mais elevados da condição humana.

SIGNIFICADO: transformação, renovação, purificação, limpeza, mas também degenerescência, apodrecimento, decrepitude.

ARCANO 14: A MESTRIA DOADA

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A TEMPERANÇA

SIMBOLISMO: A ascese humana dota o ser de responsabilidade maior perante todos os semelhantes situados mais aquém na evolução. Diferentemente da mestria devida (O Eremita), a mestria doada advém de missões mais iluminadas em tarefas quase nunca compreendidas pelos demais. É, muitas vezes, a exemplificação em vidas de amor, dedicação, serenidade, abnegação.

SIGNIFICADO: amor desinteressado, mas também preguiça, apatia.

ARCANO 15: O JOIO SEPARADO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O DIABO

SIMBOLISMO: Na consciência enraíza-se o ensinamento mais importante do anjo que se precipitou nas trevas – a noção do que é joio e o que é trigo. A alma se torna independente das religiões ou meras convenções por conhecimento da verdade. Fase de extremo perigo para o homem. A noção das verdades o afasta de medos ou receios até então suficientes ao seu controle; é a prova das provas da elevação de sua alma. Deixar de pecar por medo não mais existe em sua consciência, pelo que necessita de apego aos dons magnos que sabe vibrar em sua mônada celeste.

SIGNIFICADO: Libertação plena, mas também eventual liberdade nas Trevas (autodestruição).

ARCANO 16: A REESTRUTURAÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A TORRE

SIMBOLISMO: Sucedem-se as obras conforme a realização a que o homem se lança. Como reflexo do caráter cíclico do todo, o homem pode estar edificando, reestruturando ou destruindo seus conceitos. Torres rígidas de mármore são postas por terra e demandam nova construção.

SIGNIFICADO: Mudanças de idéias, repaginação da vida, mas também retirada, reconhecimento de derrotas.

ARCANO 17: A NOVA ERA

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A ESTRELA

SIMBOLISMO: O ente coletivo evolui como resultante das evoluções individuais de seus componentes. Em virtude da imensa miscigenação de níveis conquistados, o tom médio da evolução se estabelece mas não define a inexistência de extremos que insistem em se manifestar.

SIGNIFICADO: A prevalência de valores espirituais acompanhada de assustadores eventos promovidos pelos retrógrados.

ARCANO 18: A ÁRDUA ELEVAÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: A LUA

SIMBOLISMO: A reestruturação interior, principalmente emocional do ser humano (Lua – Luminar das emoções, segundo a Astrologia), exige-lhe um sacrifício que pode ser maior ou menor conforme a atitude de cada um, porém sempre com esforço. Projetar-se adiante na senda evolutiva não significa apenas conquistar padrões vibracionais mais elevados, como também vencer a resistência natural que o abandono do padrão anterior oferece.

SIGNIFICADO: Angústia, irritação, melancolia, solidão.

ARCANO 19: O LENITIVO DA LUZ

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O SOL

SIMBOLISMO: O frio da noite se afasta e tudo se aquece com o brilho do sol. Cada milímetro avançado no esforço evolutivo tem sua abençoada premiação com tudo o que a Luz traz ao ser. O Luminar que indica onde o ser brilha, vibra e se caracteriza. É a realização a se conquistar em cada vida.

SIGNIFICADO: Conquista, realização, sucesso, triunfos, mas também egoísmo, excesso de vaidade, deslumbramento.

ARCANO 20: A SUBLIMAÇÃO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O JUÍZO

SIMBOLISMO: A assunção dos ideais mais elevados até mesmo nas pequenas coisas da vida. O desprendimento dos aspectos vulgares da vida e valoração dos dons magnos da alma.

SIGNIFICADO: Elevação, mas também desilusão.

ARCANO 21: UM NOVO MUNDO

DESIGNAÇÃO TRADICIONAL: O MUNDO

SIMBOLISMO: A edificação do dia-a-dia sob serenidade e equilíbrio, mediante a comunhão de valores elevados, com saúde, abundância e felicidade.

SIGNIFICADO: Satisfação, plenitude, mas também desilusão, frustração.


Caibalion - As Sete Leis Universais



As Sete Leis Universais

Todo aquele que buscar aprender sobre o Ocultismo certamente terá contato com várias referências a Hermes Trimegisto. Chamado "Trimegisto" por ter sido três vezes grande: o maior dos reis, o maior dos sacerdotes e o maior dos filósofos. Sua história perde-se na noite dos tempos, havendo quem o veja como o deus Thot dos egípcios, o que o vincula ao "Livro de Thot", que chegou aos dias atuais em sua forma codificada nas lâminas e imagens do Tarot. Escreveu o "Caibalion", obra em que aponta as sete leis universais. O conteúdo de seus ensinamentos é assustadoramente atual, de modo que, seja um mito, seja um sábio da antiguidade, Hermes Trimegisto deixou-nos uma obra cuja grandiosidade repousa no caráter atemporal dos seus ensinamentos.

1. A Lei do Mentalismo

O Todo é Mente; o Universo é Mental.

A matéria mais e mais vai se firmando na concepção da ciência como um temporário feixe de forças. Um corpo sólido, mesmo considerando-se substâncias de grande dureza, como o diamante, é um imenso agregado de partículas formadas por partículas ainda menores e incrivelmente afastadas umas das outras. Grosso modo, o núcleo de um átomo seria como uma bola de futebol no centro do campo, girando os elétrons quais pequeninos grãos de chumbo pelas arquibancadas. Entre eles, o vácuo. Na verdade, para o estudioso do oculto é básico que esse vácuo acha-se todo preenchido por algo mais que o nada.

Se há uma coisa que não existe no Universo, é o nada.

As partículas físicas são extremamente pequenas e distanciam-se enormemente umas das outras, formando um sistema que se apóia num oceano infinito de natureza etérica. O meio etérico, que a ciência rejeita, constitui-se de matéria arranjada de tal forma que as partículas não são perceptíveis pelos instrumentos disponíveis aos pesquisadores terrenos. Ainda assim é matéria, submetida a padrões de atração e repulsão, dotada, pois, de inércia, conquanto não influenciada pelas forças comuns que atuam no plano da matéria física.

Seja como for, as partículas que compõem o átomo são as mesmas que se associam para formar estruturas no plano etérico. O que diferencia uma estrutura física sutil de uma estrutura etérica é o contexto das associações inter-particulares consoante arranjos de forças diferentes. Como a ciência ortodoxa desconhece esses arranjos e associações, não podendo captar a matéria etérica, nega sua existência.

Importante destacar que a Física Quântica desmistificou a dicotomia matéria-onda. Feixes de elétrons comportam-se como raios de luz quando suficientemente acelerados, inclusive difratando. A partícula pode ser concebida como uma curvatura extrema do espaço, algo assim como uma dobra puntiforme que corre pelo todo etérico.

Todo esse escorço é necessário para se abordar o fato de que a matéria física é o extremo inferior da realidade em termos de espectros de vibração. O Universo é composto de ondas cuja manifestação se dá tanto mais próximo da matéria física conforme menor é a freqüência das oscilações que a caracterizam.Por outro lado, freqüências progressivamente maiores levam o fenômeno para os estamentos mais elevados da existência.

O pensamento também é um fenômeno ondulatório.

Dota-se, pois, de padrões vibracionais, padrões esses que o caracterizam como mais ou menos elevado consoante o paradigma adotado. Sendo o pensamento a veiculação de energia ondulatória, interfere e sofre a interferência de outros fenômenos ondulatórios.

Tendo em vista que o pensamento esparge ondas que se propagam na veiculação da energia assim empregada, e considerando que mesmo a matéria física mais densa é um feixe de forças, temos que entre o pensamento e a matéria sólida há uma comunhão essencial suficiente a vincular um ao outro.

Essa é a base da Primeira Lei Universal. A comunhão da essência da matéria e o fenômeno mental implica na essência mental de todo o Universo. Como corolário, a criação, entendida aqui como a produção das estruturas dos planos existenciais, opera-se pela mente do Criador em interação direta com as partículas (dobras puntiformes do espaço).

Em dimensão reduzidíssima, o próprio homem, com seu pensamento, atua diretamente no meio etérico que o circunda, gerando formas nos fluidos. Por não ter ainda o controle suficiente dos próprios pensamentos, o homem gera formas-penssamentos de modo automático, por ressonância direta, desnudando o seu pensar por uma egrégora vibracional que o circunda. É a chamada co-criação em plano menor.

Veja-se que um ser de elevada estatura espiritual consegue interferir na própria matéria física, submetendo-a por sua vontade na conformidade de seu pensamento. A magia que ao homem parece mera fantasia onírica é mais verdadeira do que uma barra de ferro. A disciplina do pensamento, submetida a uma concentração de vontade bem dirigida, opera fenômenos maravilhosos por interação ondulatória do pensamento na estrutura também ondulatória da própria matéria. "O Todo é Mente; o Universo é Mental.".

2. A Lei da Correspondência

O que está em cima é semelhante ao que está embaixo, e o Que está embaixo é semelhante ao que está em cima.

A unicidade do todo universal determina que o macrocosmo e microcosmo estejam sob a regência das mesmas leis. No entanto, bem se deve destacar que se trata de semelhança e não de igualdade, já que a gravitação dos astros não se confunde com as forças que sustentam as partículas nos recônditos atômicos, não coabitando o mesmo tratamento matemático – é o que a física quântica esclarece. Impossível não reconhecer a grande semelhança em ambas as estruturas, de qualquer forma. Conquanto o esteio matemático seja distinto, as leis naturais que fazem os corpos e partículas se embalarem em órbitas são comuns tanto no estamento astronômico quanto no quântico.

Por outra, os fenômenos que se desdobram nos planos existenciais de freqüência mais elevada são projetados em harmônicos mais graves até mesmo no plano físico, na matéria densa. Invoca-se o que foi dito acerca da Lei do Mentalismo, afinando-se com a Lei da Correspondência uma vez que a natureza ondulatória do pensamento criador induz por ressonância o seu padrão mais grave nos planos menos elevados, fenômeno somente possível pela comunhão do íntimo ondulatório distinto em freqüência mas semelhante (correspondente) nos demais contornos.

3. A Lei da Vibração

Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.

O Ocultismo tem por pressuposto que o vácuo não existe. O que a ciência ortodoxa denomina "vácuo", as ciências ocultas concebem como astral ou mental. Conquanto divirjam as ciências nesse ponto, é comum a elas que nada no Universo está parado. Tudo se move. O movimento é a pulsante vida de tudo o que existe. Planetas giram em torno de estrelas formando sistemas que, por si, movem-se também em torno de pontos gravitacionais no concerto da galáxia, esta também movendo-se no todo universal. No outro extremo dos fenômenos, partículas giram em torno de outras partículas, formando moléculas que movem-se em grandes velocidades. Mesmo os átomos de uma barra de ferro agitam-se continuamente ao embalo dos movimentos que compõem sua estrutura subatômica. Tudo vibra. O Universo é vivo e agita-se em todos os seus elementos estruturais. O pretenso vácuo da ciência ortodoxa é um infindável oceano do vivíssimo universo que se espraia pelo todo, com suas partículas (dobras puntiformes do espaço) e ondas agitando-se continuamente.

4. A Lei da Polaridade

"Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto;o igual e o desigual são a mesma

coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se

tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser

reconciliados."

A consciência espiritual vive em vários planos existenciais durante sua ascensão. Após muito tempo condicionando instintos no plano animal, adentra ao plano humano, passando pelo estado hominídeo, quando é apenas um pouco mais aprimorado que os demais primatas.De qualquer modo, ao debutar na consciência contínua o homem percebe o mundo à sua volta e exercita o aprendizado através da Dualidade. Só mesmo através de idéias opostas o homem pode compreender o plano existencial em que está inserido. Tudo em sua mente é percebido através de uma forte simetria de opostos. Quente e frio, alto e baixo, noite e dia, e assim por diante. Consoante a Filosófica Oculta, a Unidade se manifesta através do Binário, entendido esse como a Dualidade. A estrutura dialética é uma expressão dessa verdade universal – uma tese é contraposta por uma antítese, advindo do equilíbrio de ambas a síntese; ou seja, a síntese é a equivalência entre os extremos, desnudando-lhes a unicidade. Até mesmo nos fenômenos puramente físicas podemos ver a dualidade como síntese de extremos – seco / molhado -> úmido; frio / quente -> tépido. Em ambos os casos, na verdade, não existem os extremos como entidades próprias. De fato, não há propriamente o seco ou o molhado, tampouco o frio ou o quente, mas tão-somente gradientes da umidade ou do calor. Portanto, cuida-se de um único fenômeno desdobrado em aspectos opostos na concepção humana do todo.

5. A Lei dos Ciclos

"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo ,em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta

por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do

movimento à esquerda; o ritmo é a compensação."

Os fenômenos de ocorrência sucessiva dobram-se em ciclos fechados. Cada evento pode ser considerado único, porém sempre dentro de um contexto maior em que compõe um todo cíclico, que o abarca. Consoante já visto com a Lei da Vibração, tudo é movimento; é de se acrescentar que o movimento caracteriza também o transcorrer dos fenômenos, em trajetórias fechadas como círculos. Mas não apenas círculos fechados; na verdade, são círculos que progridem, eles próprios, em sucessões, assim como espirais. Ainda mais: as espirais, a bem da verdade, são formadas, não por círculos sucessivos, mas sim por esferas. O ciclo básico não é apenas um seguir de entes intermediários em um plano só, como a ponta de um compasso no plano do papel; a ponta do compasso gira no espaço, sucedendo nos vários planos concêntricos, Daí a idéia mais apropriada de esferas que se sucedem.

Os fenômenos que transcorrem no tempo, portanto, podem variar bastante, dando a idéia de eventos aleatórios. No entanto, nada é aleatório no Universo. Mesmo que os ciclos seguissem uma trajetória de um único círculo fechado, seria difícil perceber-lhes o todo, quanto mais tratando-se de ciclos que variam segundo as várias dimensões do espaço. Não é possível ao observador perceber em que momento do fenômeno está.

Ilustremos com um exemplo bastante primário. As marés constituem um fenômeno sucessivo cujo ciclo o homem gaba-se de conhecer. Não obstante, o comportamento das marés vem mudando ao sabor de alterações climáticas. Não se trata de um elemento externo que está desvirtuando o ciclo das marés, como o homem tende a admitir. Não. Ocorre que o ciclo das marés comunga da sucessão de uma universalidade de outros ciclos concomitantes e concêntricos, todos interdependentes e, ao mesmo tempo, passíveis de observação individualizada (desde que se saiba o que, quando e onde observar). Relevante dizer que, no exemplo simplista com que se busca ilustrar, a modificação do clima tem um de seus elementos causais nos ciclos da evolução humana, ciclos esses que trazem um período de predominância de razões econômicas para a produção industrial sem preocupações ambientais.

6. A Lei da Causa e Efeito

"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com

a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos

planos de causalidade, porém nada escapa à Lei."

A Lei da Causa e Efeito é o corolário da Lei dos Ciclos. Os ciclos sucedem-se na Natureza, regendo os fenômenos físicos e espirituais ("Físico" e "Espiritual", consoante a Lei da Polaridade, são aspectos de uma realidade única, diferenciada por gradação do espectro de freqüência). Assim como o ciclo evolutivo amolda um período de predominância de razões econômicas para a produção industrial sem preocupações ambientais, os ciclos climáticos, dentre outros, progridem na mesma batuta, acompanhando, momento a momento, o ciclo evolutivo e tudo o mais. Equivale a dizer que as alterações climáticas têm relação de causa e efeito com o excesso de poluentes lançados na atmosfera.

Observando o fenômeno do desenvolvimento da consciência humana, os atos e atitudes do ser geram conseqüências para si e para outrem. Tão-logo o ciclo do desenvolvimento consciencial atinja o estágio da compreensão do caráter lícito ou ilícito de um ato, inicia-se o ciclo da responsabilidade do homem por tudo o que faça ou deixe de fazer. É a partir desse ponto que nasce o conceito de carma, referido aqui como conseqüência do ato realizado por livre escolha.

7. A Lei do Gênero

"O Genero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino;

o gênero se manifesta em todos os planos."

Além dos ciclos e das polaridades que informam os fenômenos universais, a Lei do Gênero rege a natureza mais íntima da mônada que o Criador põe a se desenvolver desde o cristal até a angelitude. Os Princípios Masculino e Feminino estão presentes em todos os planos existenciais e podem ser concebidos como um ciclo imenso em que a mônada se desdobra, se aperfeiçoa, evolui, propiciando sucessivos ciclos menores durante cada uma das fases, masculina e feminina. Características masculinas ou femininas são perceptíveis mesmo nos corpos sólidos, conforme predominem a força (princípio masculino) ou a beleza (princípio feminino).

Como em tudo o mais, a masculinidade e a feminilidade são ciclos que se sucedem em vários níveis progressivos, de modo que tudo se vai tocando das características de um e outro. Um cristal de diamante é de beleza conhecida, ao mesmo tempo em que exibe imensa dureza. A alma humana tende à assimilação da Beleza tanto quanto da Força, indo para mais adiante com ambos os princípios. Difere da simples polaridade porque o masculino e o feminino não são aspectos, em cada momento, de uma mesma natureza; só assim será depois da assimilação plena de ambos os princípios. Masculino e Feminino não têm relação de tese e antítese, não se extraindo síntese de sua unicidade. Masculino e Feminino são contextos amplos em que vibra mais particularmente um gênero do que outro, somente unitários nos planos mais elevados da consciência.



quarta-feira, 10 de março de 2010

Jesus - Visão do rosacrucianismo de Heindel

Jesus e Cristo-Jesus


Para obter ligeiro vislumbre do grande Mistério do Gólgota e compreender a Missão de Cristo como fundador da Religião Universal do futuro, é necessário conhecer primeiramente a natureza exata dessa missão. Incidentalmente, conheceremos a natureza de Jeová, a cabeça das religiões de raça, como o Taoismo, Budismo, Induísmo, Judaísmo, etc., e a identidade do "Pai", a quem Cristo, em tempo próprio, entregará o reino.

No credo cristão encontra-se esta sentença: "Jesus-Cristo, o unigênito Filho de Deus". Para a generalidade dos homens, estas palavras reportam-se a certa pessoa, aparecida na Palestina há uns dois mil anos, de Quem se fala como Jesus-Cristo, - um indivíduo somente, "o unigênito Filho de Deus".

É um grande erro. Nessa sentença são caracterizados três Seres bem distintos e diferentes. É de maior importância que o estudante compreenda claramente a natureza exata desses três Grandes e Exaltados Seres, enormemente diferentes em glória, mas que merecem nossa mais profunda e devotada adoração.

[...]

Cristo tem o poder de construir e funcionar num veículo tão inferior como o corpo de desejos, o veículo usado pelos Arcanjos, mas não pode descer mais. O significado disso será agora examinado.

Jesus pertence à nossa humanidade. Estudando o homem Jesus na Memória da Natureza, podemos segui-lo em suas vidas anteriores. Nelas viveu sob diversas circunstâncias, sob vários nomes, em diferentes encarnações, do mesmo modo que outro qualquer ser humano. Isto não sucede com o Ser Cristo. No Seu caso só pode encontrar-se uma única encarnação.

Todavia, não se imagine que Jesus tenha sido um indivíduo comum. Era de mente singularmente pura, muito superior à grande maioria da nossa presente humanidade. Esteve percorrendo o Caminho da Santidade através de muitas vidas, preparando-se para a maior honra que poderia ter recebido um ser humano.

Sua mãe, a Virgem Maria, era também da mais elevada pureza humana, por isso foi escolhida para ser a mãe de Jesus. O pai, José, era um elevado Iniciado, capaz de realizar o ato de fecundação como um sacramento, sem nenhum desejo ou paixão pessoal.

Em consequência, o formoso, puro e amoroso espírito conhecido pelo nome de Jesus de Nazaré veio ao mundo num corpo puro e sem paixões. Este corpo era o melhor, o mais perfeito que se podia produzir na Terra. A tarefa de Jesus nesta encarnação, era cuidar e desenvolver o seu corpo até o maior grau de eficiência possível para o grande propósito a que devia servir.

Jesus de Nazaré nasceu mais ou menos no tempo indicado pela História, e não no ano 105 antes de Cristo, conforme indicam algumas obras ocultistas. O nome Jesus era comum no Oriente. Um iniciado chamado Jesus viveu no ano 105 A.C. e obteve a iniciação egípcia. Não foi Jesus de Nazaré, com quem estamos a relacionar-nos.

[...]

Cristo não podia nascer num corpo denso. Não tendo nunca passado por uma evolução semelhante à do Período Terrestre, teria de adquirir, primeiramente, a capacidade de construir um corpo denso como o nosso. Porém, ainda que tivesse essa capacidade, seria inconveniente para um Ser tão elevado empregar energia na construção do corpo durante a vida ante-natal, a infância, a juventude, e levá-lo até a maturidade indispensável.

Ele deixara de empregar ordinariamente o Espírito Humano, o corpo mental e o de desejos, embora tivesse aprendido a construí-los no Período Solar e retivesse a capacidade de construí-los e de neles funcionar quando fosse necessário.

Cristo usou todos esses veículos próprios e só tomou de Jesus os corpos vital e denso. Quando Jesus atingiu trinta anos de idade, Cristo penetrou nesses corpos e empregou-os até o final de Sua Missão, no Gólgota. Depois da destruição do corpo denso, Cristo apareceu entre os discípulos em corpo vital, no qual funcionou ainda durante algum tempo. O corpo vital é o veículo que Ele empregará quando aparecer novamente. Nunca tomará outro corpo denso.

[...]

[Conceito Rosacruz do Cosmos - Max Heindel]

domingo, 7 de março de 2010

Cartomancia

O Espiritismo não aprova o uso de oráculos de espécie alguma... Tarot, Cartomancia... Não são práticas que o Espiritismo defenda.


[...]

Como é mais cômodo ter as coisas sob a mão, para ter comparsas dóceis, o que se acha por toda parte, há os que organizam ou fazem organizar reuniões onde se ocupa, de preferência, daquilo que o Espiritismo precisamente recomenda para não se ocupar, e onde se tem o cuidado de atrair estranhos que não são sempre os amigos; ali o sagrado e o profano são indignamente confundidos; os nomes mais veneráveis são misturados às práticas mais ridículas da magia negra, com acompanhamento de sinais e palavras caba-lísticas, talismãs, tripés sibilinos e outros acessórios; alguns a isso acrescentam, como complemento, e às vezes como produto lucrativo, a cartomancia, a quiromancia, a marca de café, o sonambulismo pago, etc.; Espíritos complacentes, que ali encontram intérpre-tes não menos complacentes, predizem o futuro, dizem a sorte, descobrem os tesouros escondidos e os tios da América, indicam, se for preciso, o curso da Bolsa e os números vencedores da loteria; depois, um belo dia, a justiça intervém, ou bem vê-se num jornal o relatório de uma sessão de Espiritismo à qual o autor assistiu e conta o que viu, com seus próprios olhos viu.

[...]

(Revista Espírita - 1863)

[...]

Já se viu nas obras da Doutrina Espirita a apologia de semelhantes práticas, nem o que quer que seja para provocá-las? Não se vê nela, ao contrário, que repudia toda soli-dariedade com a magia, a feitiçaria, os sortilégios, os tiradores de carta, adivinhos, ledo-res de sorte, e todos aqueles que têm o ofício de comerciar com os Espíritos, em preten-dendo tê-los às suas ordens a tanto por sessão?

[...]

(Revista Espírita - 1869)

--------------------------------------------------------------------------------

Agora a minha opinião pessoal.

Durante a evolução do ser humano, nas mais variadas culturas e épocas, a semente do conhecimento espiritual foi plantada e cultivada. O Tarot (mesmo diante de inúmeras versões e divergências entre os autores) é tido como a conversão em uma sequência de lâminas com desenhos representativos do Livro de Toth. A cartomancia em geral, de uma ou outra forma, deriva do uso dessas lâminas para estados alterados da consciência em que aspectos sutis do consulente são percebidos.

Mas o Tarot não foi feito para ser um oráculo, um meio de adivinhação para incautos que não enfrentam as decisões que só a eles incumbem... Da mesma forma, com o I-Ching, da cultura chinesa, toda a filosofia é posta de lado em prol de umas moedinhas que se lança ao acaso para a leitura de hexagramas...

Em minha opinião, desde as Escolas de Mistérios do antigo Egito, o ensinamento simbólico vem sendo mantido por tradição até hoje (há várias confrarias que se dedicam ao estudo dessa tradição).

O Espiritismo veio trazer uma libertação massiva, através do desvelar do mundo espiritual para tantos quantos desejem conhecê-lo. Considerando o uso inadequado que, desde sempre, o homem fez e faz do conhecimento esotérico, bem andou a Codificação em desmerecer tais práticas. Mas, na essência, há o mesmo fundo de estudo que os antigos procuravam manter somente para iniciados.

Respondendo diretamente, opino que a cartomancia quase sempre é uma atividade exploratória da boa fé... Mas existem, sim, sensitivos que têm nesse instrumento o meio de intuição para vibrações que são percebidas e traduzidas nos mesmos moldes de qualquer processo de interação espiritual com os encarnados. Como todos os que assim sejam dotados, não devem auferir nada além do exercício do dom --- de graça dai o que de graça recebestes...

Os verdadeiramente sérios estudiosos do Tarot não atendem clientes, não fazem previsões anuais, nem muito menos se dão a conhecer para a grande maioria... Têm suas missões e as cumprem conforme sua consciência e sem disso tirar proveitos ilícitos como a mistificação criminosa que vemos em tantos "gurus" que oferecem seus préstimos a preços que podem ser pagos com cartão de crédito, ou pulsos telefônicos...

Deus... divagações...



"Saiba que estou em você mas você não está em mim"

Raul Seixas, ao cunhar a frase acima, certamente buscava alinhavar em versos uma das questões fundamentais das cogitações do homem. Nada é mais humano do que cogitar sobre a divindade...

O homem, dia-a-dia, cria Deus à sua imagem e semelhança.

Sem nenhuma cerimônia, projeta na divindade uma série de atributos e adjetivações... Mas ainda que somássemos tudo o que todos já disseram sobre Deus, desde o início da escrita até hoje, não teríamos senão meras cogitações acerca do que, por assim dizer, são efeitos de uma causa rigorosamente desconhecida...

Para quem se harmoniza com os aspectos assistenciais da Obra, Deus é o pai amorável que sustenta os filhos sem privá-los das provas necessárias à sua ascensão...

Para os que vertem de si percepções místicas, Deus é inefável, indescritível, insondável, imperceptível, incognoscível... Por isso mesmo deitam páginas e páginas acerca de tudo o que Deus não é...

Para os que formam ao lado de quem vê na Evolução a grande jornada, há um infinito de planos existenciais, todos gravitando sob o controle supremo de um único... Deus...

Cada um de nós pode, num dado momento, assumir essa ou aquela visão acerca da divindade, no mais das vezes consoante o teor das experiências vivenciadas naquele momento...

Somos os habitantes da caverna de Platão, porém já à porta, ofuscados pela mesma Luz  que aquece, enternece, conforta mas confunde...

Muitos de nós dizemos que 
tudo é ilusão... Muitos... No entanto, as interpretações a partir daí variam exponencialmente...

Para alguns Amigos, tudo (tudo! tudo mesmo! tudinho!!!) é essencialmente ilusão... Só resta de objetivo o... nada...

Então já meditamos que o nada é a dualidade...

Aquela coisa: se +1-1 = 0 então 0 = +1-1...

Assim, o nada é a síntese perfeita entre tese e antítese...

Podemos dizer que o único atributo da divindade seja exatamente não ter atributo algum?

E as leis? As homogeneidades dos fenômenos que a ciência estuda... Newton, que grandes cérebros consideram jocosamente 
a luz feita por Deus, descreveu inúmeras homogeneidades e as traduziu na linguagem da divindade... Escreveu o Principia Matematica...

A matemática é a mais exata das ciências porque ela mesma sabe valorar exatamente o quão inexata ela é... Ser exato é saber o quão inexato se é...

Cogitar sobre alguma coisa é conceber sobre sua essência ou, ao menos, até onde imaginamos poder alcançar essa essência...

Os atributos da divindade são todos humanos. Logo, não podem ser da essência daquilo que não é humano. A não ser que consideremos que Deus é, no sentido de Criador, tão humano quanto necessário para que o ente humano pudesse ser criado...

Então, a ilusão de cogitarmos sobre Deus pode ser a única verdade possível, pela comunhão de humanidade com a divindade, na medida que nos cabe da divindade que nos criou...

Ou seja, ficamos sempre na mesma.

Digo apenas que o único atributo que concebo imanente a Deus é: 
Vida.

Deus só existe em nossa concepção porque existe a Vida...


Mundos estéreis... Por quê?

Os planos etéricos (astral etc) são constituídos de matéria, ainda que suas partículas (ou partículas-onda) sejam arranjadas sob condições distintas da matéria dita física.

Se é matéria, necessita, para sua organização estrutural enquanto orbe, de uma âncora gravitacional em torno da qual sustente-se suficientemente até onde o campo gravitacional possa, com estabilidade, mantê-lo --- senão, seria fluido esparso e não plano existencial, passível de utilização específica pelos, assim chamados, "engenheiros siderais"...

Então, mesmo que num dado orbe não haja nenhuma vida física, é preciso que haja o corpo planetário físico para, com sua massa, manter o sistema todo daquele orbe (os planos etéricos).

O chamado espaço vazio, na verdade, é quase completamente preenchido pelos planos existenciais dos orbes. Como têm um raio muito maior do que a atmosfera física (em relação ao centro gravitacional), projetam-se muito além.



Por isso tanto ouvimos que estamos "nas profundezas" da matéria. Vivemos naquilo que, para os outros planos, seria uma mera estrutura de sustentação... Serezinhos pequenos que vivem no solo espacial...


A matéria física sem a presença da matriz astral se desagrega:

27. Há então dois elementos gerais do Universo: a matéria e o Espírito?


“Sim e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal. Mas ao elemento material se tem que juntar o fluido universal, que desempenha o papel de intermediário entre o Espírito e a matéria propriamente dita, por demais grosseira para que o Espírito possa exercer ação sobre ela. Embora, de certo ponto de vista, seja lícito classificá-lo com o elemento material, ele se distingue deste por propriedades especiais. Se o fluido universal fosse positivamente matéria, razão não haveria para que também o Espírito não o fosse. Está colocado entre o Espírito e a matéria; 
é fluido, como a matéria, e suscetível, pelas suas inumeráveis combinações com esta e sob a ação do Espírito, de produzir a infinita variedade das coisas de que apenas conheceis uma parte mínima. Esse fluido universal, ou primitivo, ou elementar, sendo o agente de que o Espírito se utiliza, é o princípio sem o qual a matéria estaria em perpétuo estado de divisão e nunca adquiriria as qualidades que a gravidade lhe dá.



(Livro dos Espíritos - Kardec)