Todo aquele que buscar aprender sobre o Ocultismo certamente terá contato com várias referências a Hermes Trimegisto. Chamado "Trimegisto" por ter sido três vezes grande: o maior dos reis, o maior dos sacerdotes e o maior dos filósofos. Sua história perde-se na noite dos tempos, havendo quem o veja como o deus Thot dos egípcios, o que o vincula ao "Livro de Thot", que chegou aos dias atuais em sua forma codificada nas lâminas e imagens do Tarot. Escreveu o "Caibalion", obra em que aponta as sete leis universais. O conteúdo de seus ensinamentos é assustadoramente atual, de modo que, seja um mito, seja um sábio da antiguidade, Hermes Trimegisto deixou-nos uma obra cuja grandiosidade repousa no caráter atemporal dos seus ensinamentos.
1. A Lei do Mentalismo
O Todo é Mente; o Universo é Mental.
A matéria mais e mais vai se firmando na concepção da ciência como um temporário feixe de forças. Um corpo sólido, mesmo considerando-se substâncias de grande dureza, como o diamante, é um imenso agregado de partículas formadas por partículas ainda menores e incrivelmente afastadas umas das outras. Grosso modo, o núcleo de um átomo seria como uma bola de futebol no centro do campo, girando os elétrons quais pequeninos grãos de chumbo pelas arquibancadas. Entre eles, o vácuo. Na verdade, para o estudioso do oculto é básico que esse vácuo acha-se todo preenchido por algo mais que o nada.
Se há uma coisa que não existe no Universo, é o nada.
As partículas físicas são extremamente pequenas e distanciam-se enormemente umas das outras, formando um sistema que se apóia num oceano infinito de natureza etérica. O meio etérico, que a ciência rejeita, constitui-se de matéria arranjada de tal forma que as partículas não são perceptíveis pelos instrumentos disponíveis aos pesquisadores terrenos. Ainda assim é matéria, submetida a padrões de atração e repulsão, dotada, pois, de inércia, conquanto não influenciada pelas forças comuns que atuam no plano da matéria física.
Seja como for, as partículas que compõem o átomo são as mesmas que se associam para formar estruturas no plano etérico. O que diferencia uma estrutura física sutil de uma estrutura etérica é o contexto das associações inter-particulares consoante arranjos de forças diferentes. Como a ciência ortodoxa desconhece esses arranjos e associações, não podendo captar a matéria etérica, nega sua existência.
Importante destacar que a Física Quântica desmistificou a dicotomia matéria-onda. Feixes de elétrons comportam-se como raios de luz quando suficientemente acelerados, inclusive difratando. A partícula pode ser concebida como uma curvatura extrema do espaço, algo assim como uma dobra puntiforme que corre pelo todo etérico.
Todo esse escorço é necessário para se abordar o fato de que a matéria física é o extremo inferior da realidade em termos de espectros de vibração. O Universo é composto de ondas cuja manifestação se dá tanto mais próximo da matéria física conforme menor é a freqüência das oscilações que a caracterizam.Por outro lado, freqüências progressivamente maiores levam o fenômeno para os estamentos mais elevados da existência.
O pensamento também é um fenômeno ondulatório.
Dota-se, pois, de padrões vibracionais, padrões esses que o caracterizam como mais ou menos elevado consoante o paradigma adotado. Sendo o pensamento a veiculação de energia ondulatória, interfere e sofre a interferência de outros fenômenos ondulatórios.
Tendo em vista que o pensamento esparge ondas que se propagam na veiculação da energia assim empregada, e considerando que mesmo a matéria física mais densa é um feixe de forças, temos que entre o pensamento e a matéria sólida há uma comunhão essencial suficiente a vincular um ao outro.
Essa é a base da Primeira Lei Universal. A comunhão da essência da matéria e o fenômeno mental implica na essência mental de todo o Universo. Como corolário, a criação, entendida aqui como a produção das estruturas dos planos existenciais, opera-se pela mente do Criador em interação direta com as partículas (dobras puntiformes do espaço).
Em dimensão reduzidíssima, o próprio homem, com seu pensamento, atua diretamente no meio etérico que o circunda, gerando formas nos fluidos. Por não ter ainda o controle suficiente dos próprios pensamentos, o homem gera formas-penssamentos de modo automático, por ressonância direta, desnudando o seu pensar por uma egrégora vibracional que o circunda. É a chamada co-criação em plano menor.
Veja-se que um ser de elevada estatura espiritual consegue interferir na própria matéria física, submetendo-a por sua vontade na conformidade de seu pensamento. A magia que ao homem parece mera fantasia onírica é mais verdadeira do que uma barra de ferro. A disciplina do pensamento, submetida a uma concentração de vontade bem dirigida, opera fenômenos maravilhosos por interação ondulatória do pensamento na estrutura também ondulatória da própria matéria. "O Todo é Mente; o Universo é Mental.".
2. A Lei da Correspondência
O que está em cima é semelhante ao que está embaixo, e o Que está embaixo é semelhante ao que está em cima.
A unicidade do todo universal determina que o macrocosmo e microcosmo estejam sob a regência das mesmas leis. No entanto, bem se deve destacar que se trata de semelhança e não de igualdade, já que a gravitação dos astros não se confunde com as forças que sustentam as partículas nos recônditos atômicos, não coabitando o mesmo tratamento matemático – é o que a física quântica esclarece. Impossível não reconhecer a grande semelhança em ambas as estruturas, de qualquer forma. Conquanto o esteio matemático seja distinto, as leis naturais que fazem os corpos e partículas se embalarem em órbitas são comuns tanto no estamento astronômico quanto no quântico.
Por outra, os fenômenos que se desdobram nos planos existenciais de freqüência mais elevada são projetados em harmônicos mais graves até mesmo no plano físico, na matéria densa. Invoca-se o que foi dito acerca da Lei do Mentalismo, afinando-se com a Lei da Correspondência uma vez que a natureza ondulatória do pensamento criador induz por ressonância o seu padrão mais grave nos planos menos elevados, fenômeno somente possível pela comunhão do íntimo ondulatório distinto em freqüência mas semelhante (correspondente) nos demais contornos.
3. A Lei da Vibração
Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.
O Ocultismo tem por pressuposto que o vácuo não existe. O que a ciência ortodoxa denomina "vácuo", as ciências ocultas concebem como astral ou mental. Conquanto divirjam as ciências nesse ponto, é comum a elas que nada no Universo está parado. Tudo se move. O movimento é a pulsante vida de tudo o que existe. Planetas giram em torno de estrelas formando sistemas que, por si, movem-se também em torno de pontos gravitacionais no concerto da galáxia, esta também movendo-se no todo universal. No outro extremo dos fenômenos, partículas giram em torno de outras partículas, formando moléculas que movem-se em grandes velocidades. Mesmo os átomos de uma barra de ferro agitam-se continuamente ao embalo dos movimentos que compõem sua estrutura subatômica. Tudo vibra. O Universo é vivo e agita-se em todos os seus elementos estruturais. O pretenso vácuo da ciência ortodoxa é um infindável oceano do vivíssimo universo que se espraia pelo todo, com suas partículas (dobras puntiformes do espaço) e ondas agitando-se continuamente.
4. A Lei da Polaridade
"Tudo é Duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto;o igual e o desigual são a mesma
coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se
tocam; todas as verdades são meias verdades; todos os paradoxos podem ser
reconciliados."
A consciência espiritual vive em vários planos existenciais durante sua ascensão. Após muito tempo condicionando instintos no plano animal, adentra ao plano humano, passando pelo estado hominídeo, quando é apenas um pouco mais aprimorado que os demais primatas.De qualquer modo, ao debutar na consciência contínua o homem percebe o mundo à sua volta e exercita o aprendizado através da Dualidade. Só mesmo através de idéias opostas o homem pode compreender o plano existencial em que está inserido. Tudo em sua mente é percebido através de uma forte simetria de opostos. Quente e frio, alto e baixo, noite e dia, e assim por diante. Consoante a Filosófica Oculta, a Unidade se manifesta através do Binário, entendido esse como a Dualidade. A estrutura dialética é uma expressão dessa verdade universal – uma tese é contraposta por uma antítese, advindo do equilíbrio de ambas a síntese; ou seja, a síntese é a equivalência entre os extremos, desnudando-lhes a unicidade. Até mesmo nos fenômenos puramente físicas podemos ver a dualidade como síntese de extremos – seco / molhado -> úmido; frio / quente -> tépido. Em ambos os casos, na verdade, não existem os extremos como entidades próprias. De fato, não há propriamente o seco ou o molhado, tampouco o frio ou o quente, mas tão-somente gradientes da umidade ou do calor. Portanto, cuida-se de um único fenômeno desdobrado em aspectos opostos na concepção humana do todo.
5. A Lei dos Ciclos
"Tudo tem fluxo e refluxo; tudo ,em suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta
por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do
movimento à esquerda; o ritmo é a compensação."
Os fenômenos de ocorrência sucessiva dobram-se em ciclos fechados. Cada evento pode ser considerado único, porém sempre dentro de um contexto maior em que compõe um todo cíclico, que o abarca. Consoante já visto com a Lei da Vibração, tudo é movimento; é de se acrescentar que o movimento caracteriza também o transcorrer dos fenômenos, em trajetórias fechadas como círculos. Mas não apenas círculos fechados; na verdade, são círculos que progridem, eles próprios, em sucessões, assim como espirais. Ainda mais: as espirais, a bem da verdade, são formadas, não por círculos sucessivos, mas sim por esferas. O ciclo básico não é apenas um seguir de entes intermediários em um plano só, como a ponta de um compasso no plano do papel; a ponta do compasso gira no espaço, sucedendo nos vários planos concêntricos, Daí a idéia mais apropriada de esferas que se sucedem.
Os fenômenos que transcorrem no tempo, portanto, podem variar bastante, dando a idéia de eventos aleatórios. No entanto, nada é aleatório no Universo. Mesmo que os ciclos seguissem uma trajetória de um único círculo fechado, seria difícil perceber-lhes o todo, quanto mais tratando-se de ciclos que variam segundo as várias dimensões do espaço. Não é possível ao observador perceber em que momento do fenômeno está.
Ilustremos com um exemplo bastante primário. As marés constituem um fenômeno sucessivo cujo ciclo o homem gaba-se de conhecer. Não obstante, o comportamento das marés vem mudando ao sabor de alterações climáticas. Não se trata de um elemento externo que está desvirtuando o ciclo das marés, como o homem tende a admitir. Não. Ocorre que o ciclo das marés comunga da sucessão de uma universalidade de outros ciclos concomitantes e concêntricos, todos interdependentes e, ao mesmo tempo, passíveis de observação individualizada (desde que se saiba o que, quando e onde observar). Relevante dizer que, no exemplo simplista com que se busca ilustrar, a modificação do clima tem um de seus elementos causais nos ciclos da evolução humana, ciclos esses que trazem um período de predominância de razões econômicas para a produção industrial sem preocupações ambientais.
6. A Lei da Causa e Efeito
"Toda a Causa tem seu Efeito, todo Efeito tem sua Causa; tudo acontece de acordo com
a Lei; o Acaso é simplesmente um nome dado a uma Lei não reconhecida; há muitos
planos de causalidade, porém nada escapa à Lei."
A Lei da Causa e Efeito é o corolário da Lei dos Ciclos. Os ciclos sucedem-se na Natureza, regendo os fenômenos físicos e espirituais ("Físico" e "Espiritual", consoante a Lei da Polaridade, são aspectos de uma realidade única, diferenciada por gradação do espectro de freqüência). Assim como o ciclo evolutivo amolda um período de predominância de razões econômicas para a produção industrial sem preocupações ambientais, os ciclos climáticos, dentre outros, progridem na mesma batuta, acompanhando, momento a momento, o ciclo evolutivo e tudo o mais. Equivale a dizer que as alterações climáticas têm relação de causa e efeito com o excesso de poluentes lançados na atmosfera.
Observando o fenômeno do desenvolvimento da consciência humana, os atos e atitudes do ser geram conseqüências para si e para outrem. Tão-logo o ciclo do desenvolvimento consciencial atinja o estágio da compreensão do caráter lícito ou ilícito de um ato, inicia-se o ciclo da responsabilidade do homem por tudo o que faça ou deixe de fazer. É a partir desse ponto que nasce o conceito de carma, referido aqui como conseqüência do ato realizado por livre escolha.
7. A Lei do Gênero
"O Genero está em tudo; tudo tem o seu princípio masculino e o seu princípio feminino;
o gênero se manifesta em todos os planos."
Além dos ciclos e das polaridades que informam os fenômenos universais, a Lei do Gênero rege a natureza mais íntima da mônada que o Criador põe a se desenvolver desde o cristal até a angelitude. Os Princípios Masculino e Feminino estão presentes em todos os planos existenciais e podem ser concebidos como um ciclo imenso em que a mônada se desdobra, se aperfeiçoa, evolui, propiciando sucessivos ciclos menores durante cada uma das fases, masculina e feminina. Características masculinas ou femininas são perceptíveis mesmo nos corpos sólidos, conforme predominem a força (princípio masculino) ou a beleza (princípio feminino).
Como em tudo o mais, a masculinidade e a feminilidade são ciclos que se sucedem em vários níveis progressivos, de modo que tudo se vai tocando das características de um e outro. Um cristal de diamante é de beleza conhecida, ao mesmo tempo em que exibe imensa dureza. A alma humana tende à assimilação da Beleza tanto quanto da Força, indo para mais adiante com ambos os princípios. Difere da simples polaridade porque o masculino e o feminino não são aspectos, em cada momento, de uma mesma natureza; só assim será depois da assimilação plena de ambos os princípios. Masculino e Feminino não têm relação de tese e antítese, não se extraindo síntese de sua unicidade. Masculino e Feminino são contextos amplos em que vibra mais particularmente um gênero do que outro, somente unitários nos planos mais elevados da consciência.
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