domingo, 7 de março de 2010

Deus... divagações...



"Saiba que estou em você mas você não está em mim"

Raul Seixas, ao cunhar a frase acima, certamente buscava alinhavar em versos uma das questões fundamentais das cogitações do homem. Nada é mais humano do que cogitar sobre a divindade...

O homem, dia-a-dia, cria Deus à sua imagem e semelhança.

Sem nenhuma cerimônia, projeta na divindade uma série de atributos e adjetivações... Mas ainda que somássemos tudo o que todos já disseram sobre Deus, desde o início da escrita até hoje, não teríamos senão meras cogitações acerca do que, por assim dizer, são efeitos de uma causa rigorosamente desconhecida...

Para quem se harmoniza com os aspectos assistenciais da Obra, Deus é o pai amorável que sustenta os filhos sem privá-los das provas necessárias à sua ascensão...

Para os que vertem de si percepções místicas, Deus é inefável, indescritível, insondável, imperceptível, incognoscível... Por isso mesmo deitam páginas e páginas acerca de tudo o que Deus não é...

Para os que formam ao lado de quem vê na Evolução a grande jornada, há um infinito de planos existenciais, todos gravitando sob o controle supremo de um único... Deus...

Cada um de nós pode, num dado momento, assumir essa ou aquela visão acerca da divindade, no mais das vezes consoante o teor das experiências vivenciadas naquele momento...

Somos os habitantes da caverna de Platão, porém já à porta, ofuscados pela mesma Luz  que aquece, enternece, conforta mas confunde...

Muitos de nós dizemos que 
tudo é ilusão... Muitos... No entanto, as interpretações a partir daí variam exponencialmente...

Para alguns Amigos, tudo (tudo! tudo mesmo! tudinho!!!) é essencialmente ilusão... Só resta de objetivo o... nada...

Então já meditamos que o nada é a dualidade...

Aquela coisa: se +1-1 = 0 então 0 = +1-1...

Assim, o nada é a síntese perfeita entre tese e antítese...

Podemos dizer que o único atributo da divindade seja exatamente não ter atributo algum?

E as leis? As homogeneidades dos fenômenos que a ciência estuda... Newton, que grandes cérebros consideram jocosamente 
a luz feita por Deus, descreveu inúmeras homogeneidades e as traduziu na linguagem da divindade... Escreveu o Principia Matematica...

A matemática é a mais exata das ciências porque ela mesma sabe valorar exatamente o quão inexata ela é... Ser exato é saber o quão inexato se é...

Cogitar sobre alguma coisa é conceber sobre sua essência ou, ao menos, até onde imaginamos poder alcançar essa essência...

Os atributos da divindade são todos humanos. Logo, não podem ser da essência daquilo que não é humano. A não ser que consideremos que Deus é, no sentido de Criador, tão humano quanto necessário para que o ente humano pudesse ser criado...

Então, a ilusão de cogitarmos sobre Deus pode ser a única verdade possível, pela comunhão de humanidade com a divindade, na medida que nos cabe da divindade que nos criou...

Ou seja, ficamos sempre na mesma.

Digo apenas que o único atributo que concebo imanente a Deus é: 
Vida.

Deus só existe em nossa concepção porque existe a Vida...


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