O homem foi o ser que Deus escolheu para conhecê-Lo... É o que se extrai dos ensinamentos de Kardec e do espiritualismo em geral, variando a forma como é mencionada essa verdade. Em algum lugar, alguém disse "sois deuses"... Mais alguém houve por bem chamar "mônada" a semente celestial que o Criador depositou na onda de vida e evolução que hoje se põe a cogitar de si mesmo.
Somos seres recém-saídos do império dos vícios e paixões advindos do instinto de conservação. E se ultrapassamos o império desse instinto, estamos ainda muito longe de tê-lo integralmente superado.
A epinefrina nos invade o sangue, refletindo no vaso físico os fluxos de energia com que a Vida nos condicionou à quintessência do barro refinado da Luz Astral. Emanamos raios de luz mantendo o carvão na essência de nossa morada fisiológica. Ensaiamos necessidades alheias aos impulsos que, por evos, nos salvou de sucumbir por inação ou por incapacidade de reagir ao meio.
Somos, sim, seres destinados à ascensão irresistível em que Chronos nos conduz... "Deus est daemon inversus"... Verso e reverso, compartilhamos a natureza da Luz e das Trevas enquanto barro vivificado pelo sopro do Altíssimo. Somos integrantes da Obra como coadjuvantes da Ópera Divina, cantando ainda no tom desafinado de nossas possibilidades, nem por isso enarmônicos no todo de harmônicos mais graves que dão a textura correta da Sinfonia que flui à eternidade.
Rompemos o claustro materno, qual semente que irrompe da casca e, sedenta, busca o raio amarelo do veio divino em que a Sabedoria nos acalenta. Sorvemos, inocentes, o brilho azul do Poder que tudo conduz, aviltando a chama rosa com que o Universo tudo abarca num enlevo de Amor.
Nos primeiros e claudicantes passos da consciência aprendemos a não apenas sentir, mas a buscar o prazer com que a Vida nos brinda qual estímulo para o esforço indispensável. Turvamos, assim, a expansão com que o instinto nos eleva no arrastamento pueril com que a euforia, esta serpente insidiosa, nos seduz.
Aprendemos e passamos a conhecer... Comemos do fruto e abandonamos para sempre a inocência que nos mantinha isentos...
Não, não há nada no sofrimento do homem que não seja a incompreensão de sua condição anímica infantil. Ninguém é mais cruel do que uma criança... Tampouco é mais verdadeira e sincera... Quando ama, ama plenamente...
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