quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aflições

A aflição a que o Mestre se refere como uma bem-aventurança certamente não traduz um ideal de sofrimento como bênção a se cultuar, à guisa de um pretenso postulado de dor pela dor... Não... Ocorre que todo evolucionário que se põe neste planeta sob o aguilhão que compele à ascensão, via de regra mescla com a missão a que se dedica um leque maior ou menor, conforme o caso, de retificações necessárias. Não se sabe de nenhum ser humano dedicado à Vida Superior que tenha percorrido a jornada terrestre dentre flores num jardim... Sofrem aflições múltiplas, quase sempre decorrentes da busca interior e do compromisso perante si mesmo e para com o Criador, em torno do qual norteia suas opções sob o determinismo das consequências.

É, pois, comum que o indivíduo que mantém os olhos fitos nos valores magnos da alma, perseverando na árdua senda da benevolência, da indulgência e do perdão, tenha os naturais espinhos de sua condição ainda umedecida pelas lágrimas dos vícios e paixões que herdamos de nossa origem instintiva.

A aflição retrata aquela sensação de estar em débito perante a Vida, sentimento que, se bem meditado, não deve levar à ansiedade mas sim à compreensão do sentido da existência atual.

Bem-aventurados os que compreendem sua aflição e se sustentam na confiança de que o todo universal é regido pelo Pensamento do Criador.

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