O ensinamento dos Espíritos aponta a encarnação como uma necessidade de progressão. Para a progressão do Universo em si é necessário que haja a ação de seres corpóreos – é o que afirmam os Espíritos. Assim, ao mesmo tempo em que o Espírito progride com as experiências no plano físico, impulsiona de sua parte a evolução do Universo.
132. Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
“Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição. Para uns, é expiação; para outros, missão. Mas, para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da existência corporal: nisso é que está a expiação. Visa ainda outro. fim a encarnação: o de pôr o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação. Para executá-la é que, em cada mundo, toma o Espírito um instrumento, de harmonia com a matéria essencial desse mundo, a fim de aí cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. É assim que, concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta.”
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Deus, porém, na Sua sabedoria, quis que nessa mesma ação eles encontrassem um meio de progredir e de se aproximar Dele. Deste modo, por uma admirável lei da Providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
(O Livro dos Espíritos) (Grifei)
Na tradução de J. Herculano Pires:
132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?
– Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea: nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra
da criação. E para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a sua matéria essencial, a fim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progride.
A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem d’Ele. É assim que, por uma lei admirável da sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
(O Livro dos Espíritos – grifos originais)
A encarnação do Espírito se dá pela união do perispírito ao corpo que se forma após a junção dos gametas. Efetivamente a carga genética do zigoto não é mais a de nenhum dos gametas originais, pelo que é a primeira célula do novo ser. No zigoto vincula-se desde o início, fluidicamente, o reencarnante através de seu perispírito.
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atraí por uma força irresistível, desde o momento da concepção. A medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.
Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.
Dado que, um instante após a morte, completa é a integração do Espírito; que suas faculdades adquirem até maior poder de penetração, ao passo que o princípio de vida se acha extinto no corpo, provado evidentemente fica que são distintos o princípio vital e o princípio espiritual.
(A Gênese – págs. 214/215 - grifei)
A união do Espírito ao corpo físico, através do perispírito, faz com que progressivamente se reduza sua lucidez e consciência. Cada fase posterior do desenvolvimento do corpo importa em um aumento da perda da consciência, de tal forma que, no momento do (re)nascimento, jaz obscurecido totalmente, somente a partir daí reiniciando-se, em conformidade com o desenvolvimento dos órgãos físicos, a recuperação de sua consciência.
[...] Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.
(A Gênese – pág. 215 - grifei)
Paralelamente às considerações já alinhavadas quando da análise da evolução do princípio inteligente e a sua chegada à condição humana, é preciso destacar, por outro lado, que a encarnação não é uma condição punitiva do Espírito.
O ser progride, adquire condicionamentos em um complexo regime de impulsos necessários à sua conservação. Desenvolve, assim, todo um cabedal de instintos que afinam ao máximo as potencialidades do ser. Na linha de progresso, a individualidade e a consciência de si mesmo fazem com que o ser passe a livremente cogitar. Tudo isso já foi abordado no exame dos tópicos “Bem e Mal” e “Livre Arbítrio”.
Cabe apenas destacar, aqui, que a encarnação é o palco natural e necessário para todo esse desenvolvimento. O conceito de que a entrada no plano físico decorre exclusivamente de uma expiação, como defendem os seguidores de Roustaing, não encontra eco no Ensino dos Espíritos.
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