Temas como o presente (escravidão ser uma prova ou uma expiação) desperta o que de melhor podemos fazer: meditar acerca do sentido mais íntimo do ensinamento dos Espíritos.
Não acho que TUDO esteja escrito em mármore após a encarnação. Há, sim, a aceitação de um plano encarnatório, ou programação existencial, antes do retorno ao plano denso; mas isso não ocorre senão à conta da consolidação do carma individual em conjunção com o carma coletivo em que o ser está inserido. Portanto, considerando que há um desnivelamento enorme no progresso dos seres que habitam este orbe, não imagino que seja possível senão por força de um plano genérico, adaptável, flexível e até mesmo auto-ajustável, promover o cumprimento dos incrementos evolutivos de uma massa vinculada por características necessariamente restritas (porquanto genéricas) --- sob pena de abstraírmos a individulidade de cada Espírito.
Diante disso, o livre-arbítrio de cada consciência, intra ou extrafísica, não é absoluto mas pode eficazmente afastar o ser deste ou daquele destino genericamente traçado, para o seu bem ou para o seu mal. No caso dos intrafísicos, o Ego conduz a si mesmo, eu diria, como as esferas dentro de uma caixa --- conduz-se livremente dentro de certos limites que impediriam uma dissonância com o padrão fixado.
No caso da escravidão, seria um plano genérico e igualmente flexível, permitindo a cada ser, individualmente considerado, submeter-se ao fluxo da destinação pura e simplesmente ou então romper com a força da correnteza e nadar, lutar, revolucionar, enfim, de acordo com suas possibilidades fazer de si o que acha deva ser feito.
Imagino que cada ser fará uma coisa ou outra consoante seu histórico de conquistas anteriores, sua aptidão, sua têmpera, enfim, de modo que poderá ser para uns uma expiação e para outros apenas uma prova. Alguém duvidaria que a liderança ou o exemplo (às vezes o martírio) de uns seja, muito provavelmente, uma prova que, dentro de certos aspectos, vem até mesmo a se tornar uma missão?
Ademais, o livre-arbítrio, até onde posso compreender, não se restringe ao que pensamos e assumimos antes da encarnação. É também de nossa liberdade optar, mesmo após a nebulosa obliteração da memória.
De minha parte concluo que a escarvidão, assim como todos os fenômenos sociais que submetem coletividades inteiras, serão uma programação cuja natureza em si somente pode ser avaliada de acordo com a integralidade de cada ser que dela participa. O "software" que coordena tudo isso, inclusive com a flexibilidade e auto-adaptabilidade necessária, é inimaginável... Não é à toda que essa inteligência universal necessária é um dos conceitos limitadíssimos que o homem tem de Deus.
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